quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um mundo de solitários...




Neste dia, pude parar para enxergar como o mundo que vivemos é um mundo de solitários. Uma das grandes crises do tempo que vivemos é exatamente a solidão. É o paradoxo de nosso século: nunca houve tanta facilidade de comunicação, e tantas comunicações superficiais; nunca houve tanta rapidez para se estabelecer relacionamentos, e tanta rapidez para desfazê-los; nunca pudemos conhecer tão facilmente novas pessoas, e nunca nos sentimos tão pobres de amigos reais; nunca tivemos tantas pessoas acompanhando nossa vida, e nunca nos sentimos tão sós. Estamos vivendo a crise dos relacionamentos – perdemos, cada vez mais, o entendimento de como é um relacionamento real (e não virtual), com pessoas de carne e osso (e não com fotos na tela de um computador), com seres humanos que choram e tem problemas e defeitos (e não com os rostos sempre sorridentes das redes sociais). E, assim, tão “cheios de amigos”, a maioria de nós tem convivido insistentemente com a solidão.

Percebi isso hoje, olhando ao redor. Como a maioria das pessoas pode se queixar de sentir falta de amigos – pessoas com quem compartilhar a vida, pessoas pra andar junto, de mãos dadas, alguém para quem correr na hora da dor, alguém pra aconselhar na hora em que não sabemos o que fazer, alguém que saiba nossos defeitos e nos ajude a consertá-los e, em especial, alguém para nos ajudar a andar com Deus. Temos sofrido, a maioria de nós, de uma solidão mascarada com sorrisos e gargalhadas virtuais. Isso é muito triste! O que é ainda mais triste? Isso tem acontecido dentro da Igreja de Cristo! No lugar em que deveríamos nos sentir parte de um Corpo, como Família de Deus, como irmãos e iguais, muitos e muitos e muitos tem se sentido, simplesmente, sós.

Aí se torna fácil entender porque, em nosso tempo, as pessoas têm se tornado tão afeiçoadas a animais de estimação. Você consegue perceber? Aquele carinho que gostaríamos de receber de alguém, que gostaríamos de oferecer a alguém, mas não conseguimos fazê-lo, passamos a receber e oferecer a um animal. O mais trágico é que, infelizmente, na maioria das vezes um pequeno animalzinho, frágil, humilde, que não tem vergonha de mostrar quanto precisa de você e quanto é feliz por sua companhia, nos faz sentir mais especiais do que as pessoas que estão ao nosso lado. A que ponto nós chegamos!

Mais uma consequência do mundo individualista e egoísta em que vivemos. Fomos treinados para olhar tanto para nós mesmos e nossas necessidades, que esquecemos o outro – e o outro esqueceu de nós. E todos se esqueceram de qualquer coisa que não seja seu próprio eu. E, assim, todos abandonaram e todos foram abandonados. Ficamos, no fim, sozinhos. Ao olhar tanto pra mim mesmo, esqueci o outro e ele me esqueceu. Desaprendemos a amar. Aquele amor que diz: “Minha felicidade é ver você feliz”. Desaprendemos o amor. Exatamente quando Jesus nos disse que o maior mandamento, aquele no qual se cumpre toda a Lei, é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, como Ele nos amou.

Amor. Esse é o remédio para a solidão deste mundo de solitários. Não podemos mudar o outro e fazê-lo nos amar e suprir nosso sentimento de solidão. Mas, nestes dias, em que eu enfrentava meu próprio sentimento de solidão, fui à minha igreja, com o coração abatido e cheio de lágrimas, na esperança de que alguém chegasse comigo para me perguntar como eu estava e demonstrar se importar comigo, e sabe qual foi a minha “surpresa”? Isso não aconteceu. Ao invés disso, durante aquele culto, o meu próprio Pai, com Seu Espírito Santo, revelou, através de Sua Palavra, mais uma vez, o SEU AMOR por mim! Aquela necessidade tão grande de ser amada não foi suprida por pessoas, mas foi suprida por Aquele que me amou desde toda eternidade e me afirma que continua me amando – sempre. Não há amor maior que este! Mas, não parou por aí. Ele me supriu, mas também abriu meus olhos para ver a solidão DO OUTRO. Quando eu fui praquele lugar em busca de afeto alheio para mim, o Senhor me mostrou o quanto há pessoas precisando do MEU AFETO. E essa foi uma experiência tão forte e tão bonita! Pude entender que Deus cuida de minhas feridas, para que eu possa cuidar das feridas daqueles que estão ao meu redor. Que o tempo que perco chorando por meu próprio mal, eu posso usar para ajudar a sarar a ferida do outro, enquanto Deus mesmo sara as minhas.

Entendi que não preciso aceitar fazer parte desse mundo de solitários, pois ainda que não haja mais ninguém do meu lado, ainda que pareça não haver nenhum olhar sobre mim, se preocupando com minha vida e meu coração, há o olhar dAquele que deu Seu Único Filho por amor a mim, dAquele que entregou sua própria vida em morte de cruz por amor a mim, dAquele que veio habitar em mim e prometeu estar comigo “todos os dias até a consumação dos séculos” e ser meu Auxiliador e meu Consolador. Ainda que não haja nenhum outro amor, estou em Cristo e, nEle, sempre poderei encontrar a paz, a segurança, a alegria de ser amada e preciosa que minha alma necessita. E que Ele me supre com um amor tão grande para que eu também possa semear este amor nas vidas daqueles que estão sós.

Assim, se você também tem se sentido só, se a solidão tem enegrecido seus dias e assombrado seu coração, saiba de uma coisa: sua vida não precisa ser de lágrimas e de pesar. Há uma fonte de amor que nunca cessa, e que é totalmente capaz de preencher todo e qualquer vazio dentro de nós, a ponto de transbordar. Essa fonte se chama Jesus Cristo. E essa fonte é oferecida a você de graça e por graça.

E lembre-se também que, assim como você tem sofrido com essa dor que é dilacerante, muitos e muitos e muitos (mais do que podemos imaginar) ao seu redor também tem sofrido por isso. E, assim como você espera uma palavra de amizade, um cuidado, um abraço, um “como você está?”, um ouvido atento, um ombro amigo, há muitos ao seu redor que também esperam isso de você. Semeie amor, e o amor retornará para você.

Finalizo com as palavras de Paulo:

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.” (I Coríntios 13. 1-3)

Reaprendamos a amar.

Somente a Deus seja a Glória.

sábado, 11 de agosto de 2012

O que eu queria...




Muito interessante como, com o tempo, já não precisamos mais de tantas luzes e holofotes compondo nosso vislumbre de felicidade. Ao invés do furacão que esperávamos chegar e balançar todas as nossas bases, uma brisa suave enquanto deitamos num jardim tranquilo passa a parecer incomparavelmente mais desejável.

É como vejo meus sonhos hoje. O que eu queria mesmo? Simplicidade. Ah, sem dúvida, este é meu grande sonho hoje. Como gostaria de não precisar estar tão imersa em todas as cobranças deste mundo materialista, com tantas preocupações desnecessárias e sem sentido que fazem nossos olhos sempre perderem de vista a verdadeira essência. Queria viver, simplesmente, a essência. Conseguir aquele estado de silêncio no espírito tal que fosse possível compreender com mais facilidade a voz do Pastor guiando. Poder estar seguindo-O tão de perto a ponto de só ir aonde Ele mandasse. E viver assim: para seguir a Sua voz.

Descobrir aquele sonho que o Grande Autor escreve no coração de cada um de Seus filhos e vive-lo. Simplesmente. Se possível, encontrar aquele companheiro para o caminho, que esteja afim de construir um sonho junto comigo e andar ao meu lado. E caminhar juntos. Não mais para “ter um romance, mas (para) escrever uma história”, como certa vez citou Ed René Kivitz. E caminhar. Para Deus, para os outros, para plantar para a eternidade.

Não precisar me preocupar em ser “a profissional que todos esperam” ou em ganhar “o salário que todos esperam” ou em ter “a casa, o carro, a roupa, o cabelo, o corpo que todos esperam”... Me preocupar somente com o que meu Salvador espera de mim. Ah! No fim, o que realmente tem sentido nessa vida é tão simples, tão delicado quanto aquela flor pequenina, cujo valor só percebemos se paramos para contemplá-la com o coração por algum tempo especial. Quando crianças (aqueles que realmente foram crianças), acho que sabíamos escolher melhor como viver.

A verdade é que todas as exigências bobas e sem sentido deste mundo me cansam. Não posso mentir, dizendo que elas nunca me atraem, porque a triste verdade é que muitas vezes (bem mais do que eu gostaria) meu coração (que também é mau) deseja suas ofertas. Mas, sempre vem aquele momento no dia em que paramos tudo e pensamos. E é quando avaliamos se nossa vida tem valido a pena, se é como deveria ser. E é quando o cansaço aparece e toda a luminosidade das luzes deste mundo se apaga – e eu desejo simplicidade. Desejo a essência – que tantas e tantas vezes tem se perdido no meio desse alvoroço de exigências terrenas.

Quero o eterno. O que não perece. O que não satisfaz a este mundo, mas satisfaz a um espírito regenerado por Cristo.

Confesso que às vezes parece que a vontade é de fugir – como se as garras da vaidade, do orgulho, do ego não nos alcançassem em qualquer lugar. Mas a vontade, no fim, acho, é de quebrar esse paradigma que me cerca, romper com ele e viver de um modo radicalmente diferente.

Que o Senhor assim me conceda um dia, se assim for para maior glorificação ao Nome de Jesus e ao bem de meus irmãos. Até lá, que Ele possa me amadurecer e firmar meu coração para não me deixar amoldar a tantas vozes. E que Ele me ajude a honrá-Lo e engrandece-Lo o mais que eu puder aqui, e agora. Simplesmente.

Assim seja.