sexta-feira, 29 de março de 2013

O valor de um sonho...




Me disseram que sonhos são bobagens, que não existe felicidade sem dinheiro, que viver para ajudar os outros é idealismo inocente, que é para si que se deve viver.
Me disseram que tudo isso é romantismo, e que nada disso existe na "vida real".
Acho que queriam dizer que procurar felicidade também é utopia, vale mais procurar comprar um carro e uma casa nova.
Vale mais conseguir um trabalho novo, para ganhar melhor, do que poder sorrir com o trabalho simples de ensinar uma criança a ler, enquanto ela demonstra seu amor por você.
Vale mais poder comprar roupas novas e caras, do que sentir aquela vontade gostosa de voltar a encontrar a gente simples que é beneficiada com seu trabalho comum e cotidiano, aquela gente que enche da alegria dos bons relacionamentos o seu coração.
Vale mais ser olhado como superior pelos outros, do que compartilhar seu tempo pra fazer alguém feliz, mesmo que isso nunca vá lhe trazer o reconhecimento social desta nossa sociedade do capital.
Mas, eu ainda prefiro o sorriso humilde, a alegria pura, a paz dentro do peito ao deitar de noite e relembrar as sementes que se semeou durante suas últimas 24 horas de vida.
Ainda prefiro que as sementes que lanço cresçam para o mundo, para contribuir com algo novo para a vida, do que para contribuir com minha vida pessoal, trazendo-me o grande risco de me ver aprisionada por meu individualismo.
Ainda prefiro ter os pés descalços no chão, mesmo que as pedras venham fazê-lo sangrar e tirar lágrimas dos meus olhos, a nunca viver a liberdade que a simplicidade traz.
Não, querido senhor dinheiro, não desejo tornar-me sua serva, muito menos sua escrava. Prefiro viver no meio de gente, a viver no meio de luxo.
E, talvez, tudo isso seja sonho, sim. Utopia, fantasia, ilusão. Mas, no fim, a gente só tem uma vida para viver, não é? E, se é pra faltar alguma coisa, prefiro que falte o pão a faltar o abraço, o afago, a risada bonita de quem entendeu o que realmente tem valor nessa vida.
Quero descobrir que valor é esse, aquele que a televisão não mostra, que não se vê estampado em outdoor nem em capa de revista. Aquele valor que só se vê nos olhos de uma criança que parece que ganhou tudo ao receber pequenos 10 minutos da sua atenção.
E, então, quando eu morrer, poderei dizer se valeu ou não à pena semear amor, ao invés de semear dinheiro.
Se é para morrer, seja hoje ou daqui a 50 anos, que algo de mim possa permanecer vivo nesta vida. E que seja mais do que casas, diplomas, cédulas e contas bancárias. Que sejam histórias, carinhos, auxílios, toques na alma.
Meu palpite é que, assim, se pode ser feliz. Nessa vida e na porvir.