Há algum tempo, eu estava pensando sobre a questão do contato físico antes do casamento. São tantos os posicionamentos diferentes apoiando ou condenando as limitações no contato físico durante o período pré-matrimonial, que esse continua sendo um assunto importante de discutir – seja para não se cair e caminhar em legalismo, seja para não se cair e caminhar em desculpas para continuar no pecado.
Mas, durante um desses momentos de reflexão sobre o assunto, meu pensamento acabou sendo direcionado pra outra área extremamente relacionada, mas muitíssimo pouco comentada ou, sequer, lembrada: o contato físico PÓS casamento!
O que isso tem a ver com o assunto? Queria começar com a metáfora utilizada pelo Pr.Jeff Fromholz para embasar seu livro “Namoro,biscoitos e um grande problema”:
Quem de nós nunca ouviu sua mãe soltando a célebre frase (ou uma de suas similares): “Se comer biscoito antes do almoço, vai estragar seu apetite e você não vai mais querer almoçar!”? Acho que ninguém. E,foi em cima desse quase “Provérbio materno” que aconteceu a associação entre as duas questões acima mencionadas: o contato físico pré-casamento e o contato físico pós-casamento. Vamos tentar estabelecer um paralelo entre elas, analisando a sociedade moderna em que vivemos.
Quando tratamos de contato físico durante o namoro, as reações são as mais vívidas e decididas possíveis: “É impossível viver sem isso! Não dá pra namorar sem contato físico! É simplesmente impossível!”. É assim que a maioria dos jovens e adolescentes responde. A simples idéia de “namorar” alguém sem as demonstrações físicas de afeto é um absurdo. “Nós precisamos disso para demonstrar nosso amor!”. Nesse ponto, gostaria que pensássemos nos mais diversos tipos de contato físico, desde o mais simples, como o “andar de mãos dadas”, os abraços, até o beijo ou, mesmo, o sexo.
Agora vamos olhar para o outro lado da moeda em questão – o contato físico APÓS o casamento. Aqui que minha atenção foi realmente despertada. O que acontece com toda essa avidez dos jovens e adolescentes quando comparada com o nível de intimidade física observada nos casais APÓS o casamento? Não precisamos ir muito longe pra verificar a realidade existente dentro dos casamentos no que diz respeito ao contato físico. É incrível parar para observar como os beijos tão indispensáveis e ardentes antes do casamento se tornam raros e superficiais após o casamento na maioria dos casais. Quantos casais você conhece que andam de mãos dadas ou abraçados na maior parte de seu tempo juntos? Isso sem mencionar o próprio sexo – aquilo que no namoro era tão difícil de ser controlado, de repente se torna um dos maiores geradores de conflitos dentro do casamento, fonte de brigas ou um mero ato quase automático ou obrigatório.
Que paradoxo. Como é possível que coisas que, alguns anos antes, eram consideradas tão importantes dentro de um relacionamento romântico se tornem tão dispensáveis e vazias pouco tempo depois? Eu fiquei pensando se isso era algo isolado, mas basta darmos uma breve olhada ao redor pra ver que a maioria dos casais de hoje tem vivido essa realidade. Fico pensando em quão tristes e, infelizmente, quão freqüentes, são cenas como um casal que chega em um lugar e um dos cônjuges vai embora na frente sozinho, deixando o outro para trás; cônjuges que já não sabem se tratar com intimidade e amor; cônjuges que já não sabem demonstrar intimidade física. Acho tão lindo ver o casal, depois de anos e anos de casados, ainda andando de mãos dadas, ainda ficando abraçados, ainda trocando olhares e beijos apaixonados – mesmo com os cabelos brancos ou as carecas surgindo. Mas como essas cenas são difíceis de serem vivenciadas atualmente.
E a conclusão a que pude chegar, creio eu, direcionada pelo Espírito Santo, é que realmente nossas mães estavam certas: os biscoitos antes do almoço tiram o apetite.
“Ah, quanta fome havia antes do almoço ficar pronto! Um apetite insaciável – tudo aquilo que você pudesse imaginar comer parecia insuficiente!”. Não parecem boas frases pra descrever o período de namoro dos jovens e adolescentes? E isso não é uma realidade apenas dos jovens “do mundo”, dentro de nossas igrejas isso também acontece, e muito. O, talvez, engraçado, ou o mais triste, é que todos nós, que já roubamos biscoitos ou uma balinha ou qualquer outro doce antes do almoço, sabíamos o que estávamos fazendo – nós sabíamos que não era hora pra comer aquelas coisas! E, não fosse suficiente sermos entregues por nossas próprias consciências, nossas mães ainda soltavam o “Próverbio do Apetite”. É, não havia desculpas mesmo. Mas, ainda assim, lá íamos nós comprovar na prática o que já sabíamos. O resultado, no meu caso, era: eu perdia mesmo o apetite (mamãe estava certa, veja só!), mas tinha que comer o almoço mesmo assim, com fome ou sem fome – “Quem mandou comer quando não era hora pra comer?”. E lá ia eu, obrigada a engolir toda aquela comida à força.
Parecido com o resultado de muitos casais “modernos”? Eles resolveram desfrutar, antes da hora, das bênçãos que deveriam ter sido guardadas para o seu casamento, resolveram fazer umas “boquinhas” antes do almoço, mas “nada demais”. O problema é que a hora do almoço chegou – aquela hora que eles deveriam estar com todo o apetite para se saciarem completamente com o manjar que lhes seria servido – mas a fome e o apetite já haviam passado. E, agora, eles teriam que comer mesmo assim. E aquele momento que deveria ser somente de prazer, se torna em frustração e decepção. “O almoço estava parecendo tão bom. Por que agora não tenho vontade de comer?”. É tão claro.
O pior disso é que, todos comentam, os primeiros meses ou anos de um casamento são exatamente o tempo mais difícil e atribulado, o qual geralmente acaba resultando em divórcio, mesmo entre cristãos. É aquele tempo complicado no qual aquela pessoa incrível com quem você convivia apenas algumas horas durante o dia, e com quem você poderia não falar quando não quisesse, passa a morar junto com você e a estar ao seu lado 24 horas por dia. Então, vocês se passam a conhecer de fato, numa profundidade e totalidade normalmente muito pouco desenvolvida nos “namoros”, e todo o “amor” declarado um pelo outro passa a ser testado. É o momento em que o alicerce do relacionamento é testado. E, nesses momentos de tribulação, como uma real, verdadeira e profunda intimidade física poderia ajudar a manter os laços! Talvez esse tenha sido um dos motivos porque Deus fez nos fez seres sexuais e estipulou a vivência de nossa sexualidade dentro do casamento. A segurança que essa sexualidade, vivida da forma correta e direcionada por Deus, poderia gerar dentro de um relacionamento entre duas pessoas diferentes e em processo de conhecimento mútuo poderia e deveria ser algo muito bom! Mas, o que costuma acontecer é que toda essa intimidade já foi tão explorada antes deste momento que já não tem mais o poder de aproximação que deveria ter.
É claro que existe outra justificativa para a modificação na intensidade do contato físico dentro do casamento, dessa vez sadia e boa: a compreensão de que o verdadeiro amor e o verdadeiro alicerce de um relacionamento não está no contato físico, vai muito além disso. Só é pena que não sejam todos, e acredito que nem é a maioria, os casais que descobrem isso. Mas aqueles que descobrem o amor rotineiro, prático, vivo e real, muito além das manifestações físicas, esses tornam-se sábios e acabam sabendo também a forma correta de desfrutar da intimidade física. Ah, que diferença faria se os jovens e adolescentes pudessem olhar pra essa realidade, que acontece em todos os casamentos (seja ela percebida ou não) e pudessem compreender o indevido valor que dão às coisas mais superficiais dentro de um relacionamento. Quanta dor, decepção, feridas poderiam ser evitadas, e quanta sabedoria poderia ser desenvolvida antes de se chegar em um casamento.
O fato, afinal, é que este paralelo nos mostra, entre outras, duas coisas:
1) Como os jovens precisam olhar mais para as vidas que eles futuramente viverão – as vidas dos adultos que lhes cercam hoje. Precisamos aprender a ver em nossos pais, ou nos casais ao nosso redor, seja nos exemplos bons ou maus, o que encontraremos à frente, ou o que podemos evitar encontrar. Entender como aquilo em que acreditamos ou o que valorizamos pode estar errado e pode não ser o que realmente importa dentro de um relacionamento a longo prazo. Compreender que tendemos a fixar nossos olhos no que é menos importante e, na ânsia de antecipar o tempo das coisas, acabamos nos ferindo e perdendo as bênçãos que deveríamos viver.
2) Como precisamos aprender com as palavras do Pregador em Eclesiastes 3: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”. Se procurarmos viver essa verdade, poderemos encontrar a pureza e a sabedoria em nossa juventude, da mesma forma que poderemos ser um dentre aqueles casais que ainda tem tanto para desfrutar e apreciar dentro de seus casamentos. Poderemos ser um dentre aqueles casais que ainda têm mistérios a desvendar, prazeres a descobrir e que nunca irão se cansar ou ver-se simplesmente “obrigados” a vivenciar as bênçãos que um casamento em Deus pode lhes oferecer. Acredito que foi com um propósito, no mínimo, semelhante a este que Deus proporcionou aos seres humanos a benção do contato físico. Basta termos sabedoria para apreciá-la no tempo correto.
Guarde os biscoitos, e preserve o seu apetite. Os resultados podem ser muito melhores a longo prazo do que supõem nossas vãs mentes juvenis.
A graça e a paz do Senhor estejam conosco!
6 comentários:
Não me canso de aprender tanta coisa útil e interessante no Mulheres Virtuosas!! Nem sabes como estou alegre por ler este texto e saber que há pessoas que têm sido ministradas sobre este assunto tão pouco abordado e ignorado! Aline, louvo a Deus pela tua vida!!
Realmente a frisa nos matrimónio não podem ser casos isolados. Tudo tem uma origem...e é triste ver tantos casamentos destruídos por falta de domínio próprio, renúncia, pureza e amor, no período que antecedeu o casamento...cada dia que passa, mais tenho a certeza que a corte é a melhor opção de relacionamento! Uma consagração interna que se reflecte exteriormente!
Sendo assim: Biscoitos só depois do almoço!
Amada, autorizas-me a postar este artigo no meu blog e a colocar lá o link do Mulheres Virtuosas? Gostava de dar a conhecer este pensamento. Bjs
Ágata, minha linda!! É sempre tão bom ter você por aqui!! Temos tanta coisa pra aprender ainda né? Às vezes acho que já não precisamos mais falar tanto desse assunto, que já tá batido demais... Mas, de fato, essa é uma questão tão contrária ao padrão desse mundo que tudo que puder nos ajudar a manter firmes no que Deus tem nos mostrado é válido, não é?
Claro que você pode postar o texto no seu blog!! Nem precisa pedir, àgata! Fica totalmente à vontade, ta? Perdão por não ter mais ido visitar o Retrato da Beleza Feminina, é que tenho procurado reduzir um pouco meu tempo na net, e tenho uma lista imensa de livros esperando pra serem lidos aqui!! rsrs...
Beijos, querida!! Você é uma benção! Continue firme no Senhor!!
Shalom Adonai, Aline!
Heiiii mais uma vez muito obrigada pelO que escreves! Sabe, sempre do uma passadinha por aqui...e esse post me ajudará...rsrr. Neste ano em pude perceber que DEus vem me moldando, lapidando e o Espírito Santo está me ensinando a ser uma mulher virtuosa, uma mulher que agrada a Deus, cujo á vida é totalmente dirigida pelo Espirito Santo...
Aline muito muito obrigada minha irmã, que o Espírito Santo continue a dirigi-la e ensina em todo tempo!
E FORÇA, PERSEVERE EM TODO TEMPO EM TUDO QUANTO DEUS TEM LHE ENSINADO!!!
É tão triste ver tantos dessa geração qeu estão se perdendo, adentrando a porta larga.
Mas EU DECIDI que DEUS escreverá minha história de amor...e ELA será dirigida pelo Espírito Santo!
Aline, lute, persevere em viver e ensinar o que Deus tem te revelado, pois através de ti ELE tem edificado vidas e uma delas sou eu!
Obrigada minha irmã em Cristo!
Que NossO AmadO Pai lhe use, sustente e fortaleça mais e mais no Seu doce Espírito!
Shalom,
Paula
Oi Paula, querida!!!
Ahh, que lindas as suas palavras! Nem tenho como lhe agradecer por todo esse encorajamento... Tenha certeza de que eles são muito necessários, instrumento de Deus para nos fortalecer a permanecer na batalha!!
Fico extremamente feliz por sua decisão em continuar conhecendo ao Senhor, ouvindo a Sua voz e seguindo-a, obedecendo-O de todo o seu coração e com toda a sua vida!! Não há decisão melhor e mais bela do que esta!! Tenha toda certeza de que o seu Criador, Pai e Salvador é o único que pode escrever a história de amor que seu coração anseia! Entregue tudo a Ele mesmo, descanse nEle, e Ele concederá os desejos de seu coração!!
Muito obrigada mesmo por seu comentário e sua presença constante aqui pelo blog! Espero que possamos conversar mais vezes!!
Toda a graça e a paz de Cristo estejam com vc sempre!
Parabéns Aline!
Confesso que estou gostando muito do que tenho lido. Você escreve muito bem e as ideias fluem com muita naturalidade, gostei do seu estilo de escrita e muito mais do conteúdo.
Muito pertinente também as observações acerca do casamento e seus contrates com o namoro, é interessante quão rápido as coisas mudam. E o mais triste é saber que essas mudanças tem contribuido para aumentar número de divórcios, que entre cristãos é quase igual, se for igual ao de não cristãos, e isso não só na igreja mais simples ou pentecostais, mas também em igrejas tradicionais e reformadas.
Enfim, oro, para que muitos possam ler seus posts e possam refletir e principalmente ansiar por namoros e casamentos forte no Senhor.
E que Deus nos sabedoria para aproveitar o tempo de solteiros para crescer no conhecimento da palavra e também para nos prepararmos para ser esposos e esposas segundo o coração de Deus, para assim termos lares abençoados e sermos exemplos para outros casais..
Um abraço! Fique na santa paz!
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