Muito interessante como, com o
tempo, já não precisamos mais de tantas luzes e holofotes compondo nosso
vislumbre de felicidade. Ao invés do furacão que esperávamos chegar e balançar
todas as nossas bases, uma brisa suave enquanto deitamos num jardim tranquilo
passa a parecer incomparavelmente mais desejável.
É como vejo meus sonhos hoje. O
que eu queria mesmo? Simplicidade. Ah, sem dúvida, este é meu grande sonho
hoje. Como gostaria de não precisar estar tão imersa em todas as cobranças
deste mundo materialista, com tantas preocupações desnecessárias e sem sentido
que fazem nossos olhos sempre perderem de vista a verdadeira essência. Queria
viver, simplesmente, a essência. Conseguir aquele estado de silêncio no
espírito tal que fosse possível compreender com mais facilidade a voz do Pastor
guiando. Poder estar seguindo-O tão de perto a ponto de só ir aonde Ele
mandasse. E viver assim: para seguir a Sua voz.
Descobrir aquele sonho que o
Grande Autor escreve no coração de cada um de Seus filhos e vive-lo.
Simplesmente. Se possível, encontrar aquele companheiro para o caminho, que
esteja afim de construir um sonho junto comigo e andar ao meu lado. E caminhar
juntos. Não mais para “ter um romance, mas (para) escrever uma história”, como
certa vez citou Ed René Kivitz. E caminhar. Para Deus, para os outros, para
plantar para a eternidade.
Não precisar me preocupar em ser “a
profissional que todos esperam” ou em ganhar “o salário que todos esperam” ou
em ter “a casa, o carro, a roupa, o cabelo, o corpo que todos esperam”... Me
preocupar somente com o que meu Salvador espera de mim. Ah! No fim, o que
realmente tem sentido nessa vida é tão simples, tão delicado quanto aquela flor
pequenina, cujo valor só percebemos se paramos para contemplá-la com o coração
por algum tempo especial. Quando crianças (aqueles que realmente foram crianças),
acho que sabíamos escolher melhor como viver.
A verdade é que todas as
exigências bobas e sem sentido deste mundo me cansam. Não posso mentir, dizendo
que elas nunca me atraem, porque a triste verdade é que muitas vezes (bem mais
do que eu gostaria) meu coração (que também é mau) deseja suas ofertas. Mas,
sempre vem aquele momento no dia em que paramos tudo e pensamos. E é quando
avaliamos se nossa vida tem valido a pena, se é como deveria ser. E é quando o
cansaço aparece e toda a luminosidade das luzes deste mundo se apaga – e eu
desejo simplicidade. Desejo a essência – que tantas e tantas vezes tem se
perdido no meio desse alvoroço de exigências terrenas.
Quero o eterno. O que não perece.
O que não satisfaz a este mundo, mas satisfaz a um espírito regenerado por
Cristo.
Confesso que às vezes parece que
a vontade é de fugir – como se as garras da vaidade, do orgulho, do ego não nos
alcançassem em qualquer lugar. Mas a vontade, no fim, acho, é de quebrar esse
paradigma que me cerca, romper com ele e viver de um modo radicalmente
diferente.
Que o Senhor assim me conceda um
dia, se assim for para maior glorificação ao Nome de Jesus e ao bem de meus
irmãos. Até lá, que Ele possa me amadurecer e firmar meu coração para não me
deixar amoldar a tantas vozes. E que Ele me ajude a honrá-Lo e engrandece-Lo o
mais que eu puder aqui, e agora. Simplesmente.
Assim seja.
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