sábado, 11 de dezembro de 2010

O estranho do adeus...

Meu tio dos olhos verdes...


Não, não era meu tio de sangue. Mas era muito mais do que isso. Era meu tio do coração.

Aquela pessoa que conquista sua alma e seus afetos de uma maneira que ultrapassa qualquer laço sanguíneo.

Meu tio-poeta! Meu tio do cabelo branco...

Esses cabelos macios que eu tanto gostava de acariciar...
Seu sorriso sempre tão sincero, suas mãos tão convidativas que sempre estavam prontas para uma dança, para mais um poema, para ser oferecida...

Seu olhar apaixonado: pela vida, pelos viventes, por sua tão amada amante...
Cresci ouvindo suas palavras inspiradoras, sonhando e idealizando um mundo melhor com você.

Ouvindo-lhe acompanhar meu crescimento e, com todo seu amor, sempre me dizendo:

“ – Você está cada dia mais linda, minha filha!”.

Ainda posso ouvir a sua voz, ornamentada com seu lindo sorrir.

Ainda posso lhe ouvir defender suas ideias e propor tantos planos,

  
Falar sobre nossos momentos de formação e sobre os jovens...


Ainda lhe vejo dançando seus xotes – e me puxando para dançar também!

Ficou tanto de ti, tio! Estás tão absurdamente presente em tudo, que a verdade é que é impossível ficar qualquer coisa sem você!


Você sempre estará lá, e não tem como ser diferente!

Você está em nossas histórias, cada uma delas.

Está em nossas vidas!

Hoje, aquelas janelas tão meigas, que davam para campos verdejantes tranquilos e cheios de sonho, se fecharam.
Não, não mais poderemos contemplá-las abertas.

Mas o verde de cada um daqueles sonhos, este verde de esperança e de fé, permanecerá.

E você permanecerá com ele. Sempre conosco. E sempre em nós.


De sua meio sobrinha, meio filha, que tanto lhe amou e continua a amar...

Aline


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