Pelo quê nós queremos ser reconhecidos pelos outros, quer no presente ou no futuro? Pelo quê queremos ser lembrados por aqueles que tiveram a oportunidade de nós conhecer ou de ouvir falar de nós? O que queremos que seja falado a nosso respeito quando alguém perguntar sobre quem somos?
Essas perguntas começaram a surgir em minha mente e coração de forma especial em função dessa condição meio “pública” de ser “blogueira” e depois de observar como os blogs cristãos têm crescido em número, especialmente aqueles voltados para jovens e que acabam, quase sempre, convergindo para os assuntos sobre romance, namoro, casamento e semelhantes – como acaba sendo também o caso do Mulheres Virtuosas, até certo ponto.
Então, aquela doce voz do Espírito Santo, que testifica com o nosso espírito, começou a soar em minha mente e coração: pelo que você quer ser reconhecida? O que você quer que as pessoas falem, em primeiro lugar, quando falarem de você? E, por fim, uma última pergunta: Qual é a bandeira que elas lembrarão que você esteve carregando?
E a grande questão aqui é: nós dedicamos tanto tempo levantando bandeiras do tipo “côrte”, “romance cristão” e focando nesse aspecto específico da vida cristã, falando repetidas vezes sobre ele, e tantas vezes floreando nossas expectativas a respeito da chegada do “romance de Deus” para nossas vidas que esse passa a ser o grande aspecto pelo qual somos reconhecidos. E passamos a, de alguma forma, querer ser reconhecidos por ele – “a pessoa que defendeu e viveu os princípios da côrte”, ou algo assim.
Não é que estas coisas não tenham a importância devida para serem tratadas repetidamente, porque tenho comentado aqui diversas vezes sobre quanto tenho sido convencida da importância de se abordar esse assunto, porque ele tem sido uma das principais fontes de quedas e desvios entre jovens cristãos. Porém, quantos sites cristãos têm sido reconhecidos quase que exclusivamente, ou prioritariamente, por tratarem do aspecto de relacionamentos entre jovens? E minha pergunta a mim mesma é: até que ponto meu próprio blog tem sido reconhecido por isso? Até que ponto as pessoas têm vindo até aqui somente para ler mais alguma coisa que fale sobre romance cristão? E até que ponto isso tem tomado o lugar que deve ser dedicado exclusivamente a Cristo – em minha vida e em suas vidas?
A questão é que ainda que Deus mesmo nos dê bandeiras específicas para levantar, lutas específicas para lutar, as quais têm a ver com o chamado especial e individual dEle para nossas vidas, essas coisas não são fins em si mesmas – elas são meios. Devem ser meios. Meios de glorificar mais Deus, em Cristo, fazê-Lo mais conhecido e mais honrado em nossas vidas e através delas. A vivência de princípios corretos para o romance não é um fim em si mesma, a formação de uma família no modelo bíblico não é um fim em si mesma, até porque mulçumanos e judeus têm se aproximado muito mais desses padrões do que a maioria de nós, cristãos – contudo, isso não é uma vitória por si só. Todas essas coisas são bandeiras que valem à pena ser levantadas, acima de tudo e em primeiro lugar, quando forem fontes para honrarmos mais a nosso Deus e o glorificarmos mais nessa terra. Esse é o objetivo de todas as coisas.
E, em minhas reflexões sobre minha própria vida, é por isso que eu quero ser reconhecida. É por isso que eu quero que o Mulheres Virtuosas seja reconhecido. Porque fala sobre Cristo, e não porque fala desse ou daquele assunto. Porque prega a Cristo e não porque fala de coisas bonitas. Porque é o instrumento, ainda que fraco, que o Senhor tem me dado a graça de ter para falar de Quem Ele é, das coisas que o honram e agradam, das coisas que Ele espera de nós, de forma que Cristo seja mais conhecido e engrandecido. Quero que falem de mim: “A bandeira dela é Cristo!” – e todas as demais coisas são somente meios para chegar a Ele.
Meu GRANDE anseio é que, um dia, se possa falar sobre mim palavras como as que Jonathan Edwards falou sobre Sarah Edwards, antes dela se tornar sua esposa, quando ainda pouco se conheciam:
“Dizem que em [New Haven] existe uma moça amada do Grande Ser, Aquele que criou e governa o mundo. Dizem que em certos períodos este Grande Ser vem ao encontro desta moça e, de uma maneira invisível, enche-lhe os pensamentos com extraordinário deleite; e que ela dificilmente se interessa por qualquer outra coisa, exceto meditar nEle... [Você] não pode persuadi-la a fazer qualquer coisa errada ou pecaminosa, ainda que prometa dar-lhe o mundo inteiro, pois ela receia ofender a este Grande Ser. Ela possui muita doçura, tranqüilidade e total benevolência de pensamento; especialmente depois que este Grande Ser se manifestou a ela. Às vezes, anda de um lugar a outro, cantando com doçura; e parece estar sempre cheia de alegria e gozo... Ela ama estar sozinha, passeando pelos bosques e campos, e parece ter Alguém Invisível sempre a conversar com ela.” ¹
Ainda me vejo TÃO longe de chegar a um amor, desejo e intimidade tão grandes com o Pai a ponto de se poder dizer algo o mínimo próximo de palavras como estas. Porém, Deus sabe o quanto eu quero poder, um dia, chegar a algo semelhante a isto. Ser reconhecida pela Presença deste Grande Ser tão maravilhoso, e por Ela acima de qualquer outra coisa.
Que a bondade dEle me conceda mais esta graça!
E você? Quer ser reconhecido pelo quê?
[¹ Do livro “Mulheres fiéis e seu Deus maravilhoso”, de Noël Piper, Editora Fiel, pág. 19 e 20]