“Um homem pode herdar dos seus pais casa e dinheiro, mas só Deus pode dar uma esposa sensata.” (Pv. 19.14)
A escolha de um cônjuge, sem dúvida, é um dos passos mais importantes na vida de uma pessoa. Pastores e líderes dos mais confiáveis têm declarado isso e, ainda que não tivessem, não é difícil de chegar a essa conclusão. A Bíblia está cheia de avisos quanto à escolha de um bom cônjuge ou quanto aos malefícios que se pode sofrer em decorrência de uma má escolha (Pv. 12.4; 14.1; 18.22; 19.13; 21.9, 19; 25.24; 27.15; 31. 10-31; etc). Esta é uma decisão que poderá vir para somar forças em sua caminhada rumo aos propósitos e chamado de Deus para sua vida, ou para ser uma constante pedra de tropeço – e por um tempo indeterminado de sua vida terrena. Portanto, é preciso muito cuidado quando se vai fazer essa escolha.
Como falamos no post “Convicções”, o difícil não é falar sobre características que uma pessoa deve ter para fazer parte de um casamento cristão fundamentado na Bíblia. Não faltam textos e pessoas falando sobre esse assunto. O difícil é lembrar de todos estes conselhos quando nossa carne e nosso espírito batalham para tomar esta decisão. Tenho visto pessoas que tinham convicções muito claras enquanto solteiras e sem interesse particular em ninguém mas, quando se depararam com partidos que agradaram aos olhos (mas não tanto ao espírito), acabaram abrindo mão de suas convicções e tornando seus critérios de avaliação negligentes.
Por esse motivo decidi retomar o assunto e voltar a falar um pouco sobre isso. Penso que, visto que a maioria de nós terá que passar por esse momento de decisão tão importante, nunca é demais relembrar certos aspectos e, assim, fortalecer as convicções que o Senhor tem nos dado. Se é difícil fazer a coisa certa quando temos convicções bem formadas, quanto mais se não houver convicção nenhuma! Como escrevi no último post: é preciso treinar as táticas de sobrevivência quando a situação está tranquila e estável (solteiros e sem partidos em vista) para poder saber o que fazer quando a hora das provações surgir (solteiros e com partidos e interesses em vista).
No post de hoje, então, gostaria de abordar algumas questões que acho serem vitais quando avaliamos se uma pessoa pode ou não ser o cônjuge que esperamos. Nossa “Parte I”, então, será: Hora de Avaliar o Outro!
1) Vida Espiritual
Sem dúvida, o primeiro passo. A coisa mais importante. Nenhum traço de caráter, personalidade, responsabilidade ou qualquer outra coisa boa será suficiente se a pessoa não estiver com sua vida diante de Cristo. É preciso avaliar, então:
- É um cristão genuíno? Teve uma conversão real ou apenas aparente? É religioso ou realmente cristão?
- Qual o nível de maturidade na fé? Já enfrentou momentos de deserto espiritual? Como reagiu a eles? Tem estabilidade na fé?
- Tem buscado crescimento contínuo em seu relacionamento com o Senhor ou tem se acomodado?
2) Teologia
Há pouco tempo atrás, esse item não fazia parte de “minha lista” (rs). Por quê? Eu simplesmente não sabia nada de teologia e sua importância. Hoje, vejo a enorme importância que isso tem. Quando falo de “teologia”, falo das coisas nas quais a pessoa acredita no que diz respeito à fé, de maneira especial, a maneira com que ela se relaciona com a Bíblia. Teologia é a forma como a pessoa enxerga tudo o que está relacionado com Deus, e isso afetará todas as áreas da vida. Digo isso, principalmente, em função de todos os desvios e enganos doutrinários que se tem pregado em nossos dias, sem falar da falta de ensino teológico-doutrinário da maioria das igrejas, o que forma cristãos sem base para compreender e viver uma fé correta. Aqui entram os perigos do liberalismo e relativismo religiosos, do neopentecostalismo e outras correntes evangélicas, e a necessidade de retornar a uma fé centrada nas Escrituras. Dentro disso, então, poderíamos perguntar:
- A pessoa tem se preocupado em buscar conhecimento a respeito da fé, de forma a compreender a verdade bíblica e viver apenas esta verdade?
- Em que a pessoa baseia suas crenças e seus discursos: em seu próprio entendimento, em outras pessoas ou nas Escrituras?
- A teologia defendida por ele(a) é compatível com a sua? Vocês concordam? Se não concordam, como andarão no mesmo caminho durante a vida de casados? Dará certo um cristão de fé reformada casado com uma cristã de fé pentecostal? Quais aspectos podem interferir no que será defendido após o casamento?
3) Convicções
Tanto quanto elas são importantes para nós, elas o são para a pessoa com quem nos casaremos. Algumas perguntas são:
- Ele(a) tem convicções bem formadas, colocadas e trabalhadas diante de Deus?
- Essas convicções já foram colocadas à prova: por circunstâncias, amigos, família, igreja? Elas têm sobrevivido ao tempo e às situações contrárias?
- São convicções baseadas em quê? Em honrar a Deus, viver os Seus padrões e agradá-Lo em todas as coisas, ou em busca por admiração e reconhecimento dos outros?
- Essas convicções são compatíveis com aquelas que o Senhor tem colocado em seu coração? Exemplo: você tem convicção de que deve guardar o beijo para o dia do casamento, porém encontra uma pessoa que acha isso a maior bobagem. O que você fará? Abrirá mão de sua convicção ou avaliará com mais critério ainda essa pessoa?
- Importante avaliar convicções a respeito de: como deve ser um relacionamento pré-matrimonial; como deve ser a relação conjugal (papel do marido e da esposa); como deve ser a criação de filhos; entendimento sobre chamado e ministério e outros.
4) Relacionamentos
Muitíssimo importante. É a hora de ver se o que a pessoa fala confere com o que ela vive. Observar como são os relacionamentos desta pessoa com os outros. Isso inclui:
a) Família: é uma das coisas mais importantes. Quem ele(a) é quando está dentro de casa, convivendo com seus pais e irmãos? Exatamente porque é lá que nós mais demonstramos nossa verdadeira identidade. Um ditado popular, que me soa muito sábio, diz que da forma como um rapaz trata sua mãe ele tratará sua esposa (o mesmo com a moça e seu pai). Dentro da convivência familiar, muitas coisas devem ser observadas:
- Como lida com os pais? Respeita a autoridade dos pais ou se rebela contra eles? Sabe abrir mão de sua vontade em detrimento de ordens superiores? Como se relaciona com os irmãos: respeita-os e vive pacificamente com eles, ou vivem brigando? Se preocupa com os outros ou é individualista? Vive bem em grupo, procurando o bem-estar geral? Sabe pedir perdão? Sabe perdoar? E lá vamos nós numa lista sem fim.
b) Amigos: Como diz o ditado popular: “Diga-me com quem andas e te direi quem és”, ou, segundo I Coríntios 15:33, “As más companhias corrompem os bons costumes”. As pessoas que consideramos nossos AMIGOS mostram muito de quem somos.
- Quem são os amigos dessa pessoa? São pessoas que você gostaria de ter como amigos? São pessoas que você pode admirar como servos de Deus? São amizades que edificam ou apenas para “entretenimento”? São amizades estáveis ou que duram pouco e logo se desfazem?
c) Pessoas em geral: o que as pessoas em geral dizem dele(a)? Seus colegas de trabalho ou escola, aqueles que não têm a oportunidade de conviver mais intimamente com ele(a), as pessoas da vizinhança... qual a opinião geral a respeito desta pessoa? É boa ou é ruim? Ele(a) sabe se relacionar cordialmente com as pessoas fora do círculo de intimidade, ou só se relaciona com seu grupinho seleto? Ajuda e se importa com os outros? É uma pessoa de muitos relacionamentos desfeitos ou “inimigos”? Tem muitos problemas ou situações pendentes com outras pessoas?
d) Autoridades: Como essa pessoa lida com autoridades? Seu pastor, seus pais, seu chefe de trabalho ou superior... Sabe respeitar e se submeter a eles? Ou só sabe fazer sua própria vontade? Quando uma autoridade pensa diferente dela ou a disciplina, qual sua reação? Sabe ser humilde e obedecer? Mantem relações de autoridade saudáveis e duradouras, ou vive quebrando-as por não conseguir se submeter?
5) Visão alheia:
Para finalizar, algo que pode fazer TODA a diferença na hora de avaliar um “cônjuge em potencial”: o que as outras pessoas pensam a respeito dele como seu futuro cônjuge. O que as pessoas que estão de fora dizem sobre o relacionamento entre vocês? Seus amigos mais íntimos, verdadeiros cristãos comprometidos com seu crescimento e pureza em Deus, sua família, as pessoas que pensam como você... O que eles acham? Essa é uma pergunta que SEMPRE deve ser feita! Por quê? Porque é muito evidente como ficamos meio incapazes de raciocinar direito quando acreditamos que encontramos “a pessoa certa”. Tudo nos parece muito perfeito e todo erro, por maior que seja, parece pequeno demais. Portanto, é hora de OUVIR OS OUTROS! E, mais do que isso: prestar atenção e levar em consideração o que as pessoas nos dizem. Se um amigo íntimo, que lhe conhece e pensa como você, chega para questionar algum comportamento duvidoso daquele “partidão”, se lhe pede pra prestar atenção ou se posiciona contra a relação, NO MÍNIMO, é preciso parar e considerar isso uma, duas, três, quatro vezes. Se uma pessoa em quem confiamos como servo de Deus está com um pé atrás acerca do indivíduo, precisamos ficar com um pé atrás também, afinal, é uma pessoa confiável e que se preocupa com nosso bem. A mesma coisa nossos pais. Portanto, NUNCA podemos negligenciar as opiniões de outras pessoas em quem confiamos e que são tementes a Deus, especialmente se for uma opinião negativa. A melhor postura, na minha opinião, é não dar mais nem um passo, deixar que o tempo mostre quem tem razão ou não. Esperar.
É claro que isso não é tudo, porém termino, finalmente, com alguns conselhos dos sábios da Bíblia, expostos no livro de Provérbios:
“Procure bons conselhos e você terá sucesso; não entre na batalha sem antes fazer planos.” (Pv. 20.18)
“Antes de entrar numa batalha, é preciso planejar bem, e, quando há muitos conselheiros, é mais fácil vencer.” (Pv. 24.6)
Deus lhe abençoe quando sua “Hora de Avaliar” chegar! ;)
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