sábado, 5 de março de 2011

O trabalho com os jovens...


Nas últimas semanas, surgiu na minha igreja um interesse e iniciativa, por parte de alguns irmãos, de estruturarmos um trabalho específico com os jovens e adolescentes da igreja. Isso porque não há nenhum trabalho direcionado para os jovens lá, visto que a igreja passou por um processo difícil de transição de pastor e agora está recomeçando tudo. Então, o trabalho com os jovens é outra área que precisará de um recomeço.

Quando as conversas sobre esse assunto começaram, eu fiquei muito feliz. Fiquei entusiasmada e contente quando fui procurada por alguns irmãos para nos reunirmos para discutir o assunto com os demais jovens da igreja. Pensei no quanto poderia ser feito, pensei em missões, em doutrina, naquilo que o Senhor tem me ensinado nos últimos anos, enfim.

No entanto, imediatamente depois, o irmão que suscitou o assunto, começou a falar sobre “modernizar as atividades para agradar aos jovens” – trazer um “cantor gospel” para fazer uma “conferência” ou outra coisa que “jovem gosta”. E, então, meu entusiasmo se transformou em preocupação. E passei os dias subsequentes realmente preocupada com a questão.

E ontem retomei minha leitura do livro “Com vergonha do Evangelho: Quando a igreja se torna como o mundo”, de John MacArthur. Estava lendo sobre os manifestos de Charles H. Spurgeon, chamados “O Declínio”, que tratavam do afastamento das igrejas evangélicas da Sã Doutrina pregada na Palavra de Deus. Algo que me chocou profundamente! Uma realidade que aconteceu há mais de 100 anos, que envolveu um dos maiores pregadores da história do Protestantismo (o “Príncipe dos Pregadores”), que, em nome do “Modernismo”, chegou a condenar este homem, e que tem tanto a ver com a realidade de nossos dias! Como pode haver tanta similaridade? É a história que se repete mesmo.

Foi quando meus pensamentos voltaram para os questionamentos sobre “como desenvolver um trabalho com jovens, de forma a não se render ao modernismo e ao pragmatismo (teoria de que somente o que “dá resultado” é o que deve ser feito – no caso, entenda-se, “resultado numérico”) e não abandonar a sã doutrina?”. Essa tem sido uma pergunta frequente em minha mente e coração nas últimas semanas – com preocupação. Um trabalho com jovens é não apenas importante para uma igreja, é necessário! Nós precisamos estar envolvidos, de forma a participar ativamente da vida da igreja. A Bíblia diz que fomos chamados porque somos fortes e temos vencido o maligno! No entanto, este tem sido o público mais prejudicado e mais utilizado para os enganos do “modernismo” nas igrejas evangélicas da atualidade.

E minha reflexão, diante de tudo isso foi que a pergunta-chefe para definir como este trabalho deve ser planejado e conduzido deve ser: “Quem está no centro: Deus ou o Homem?”. A quem será dado o trono? Em quem estará o foco? Em minha opinião, isso define tudo.

O foco está em Deus, na compreensão e vivência prática da Sua Palavra, no significado da vida cristã, no chamado e vontade soberanas de Deus para nossas vidas, no honrar e glorificar ao Senhor? Ou o foco está em nós, seres humanos, no que nos deixa mais felizes, no que nos agrada mais, nos satisfaz e atende aos nossos próprios interesses? Esta é a questão.

A Igreja não é, e não deve se tornar, uma extensão do mundo. Se estamos atrás de entretenimento, o mundo tem muito disso para oferecer – e a Igreja nunca conseguirá competir com ele neste quesito. Igreja não é a continuação do mundo com uma capa “mais santa”. Igreja não é clube. Igreja não é fonte para o homem se sentir mais satisfeito. Igreja não é um lugar para o Homem estar no centro. Igreja é o lugar para chegar-se a Cristo, conhecer a Ele, aprender a honrá-Lo e glorifica-Lo, e, em comunhão com os demais membros do corpo de Cristo, crescer na graça do Senhor! Um lugar em que só há UM trono – e este é de Deus!

E isto deve ser o que guia qualquer trabalho no meio cristão – inclusive o de jovens. Qual deve ser o objetivo? Gostaria de citar dois textos bíblicos que falam exatamente sobre isso: Atos 2.42 (os quatro objetivos centrais da fé cristã) e II Timóteo 4. 1-4 (Exortações à Timóteo).


“E perseveraram na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2.42)

“Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” (II Timóteo 4.1-4)

O que fazer? Perseverar na doutrina dos apóstolos, em comunhão com os irmãos, na caridade e na oração. É tão simples. Por que insistimos em complicar o que é tão simples? Por que estamos sempre querendo encontrar outro caminho para substituir aquele que nos foi dado por Cristo? Não precisamos de respostas novas, pois a resposta para o homem sempre foi e sempre será uma só: a verdade que liberta - Jesus!

Ensinar e viver a Sã Doutrina. É o que ambos os textos falam. Pois chegariam tempos (e já têm chegado) em que as pessoas não a suportarão mais. Tempo de falsos mestres e de pessoas que não querem mais saber da verdade, e sim daquilo que satisfaz seus próprios desejos. Não é um quadro de nossos tempos? E o que Timóteo é mandado fazer? Ensinar as verdades eternas de Cristo. Esse deve ser nosso objetivo primeiro enquanto cristãos, porque essa é nossa necessidade básica após nossa regeneração em Cristo: aprender a sã doutrina que recebemos do Senhor e dos apóstolos para, então, a vivermos.

Quando falo que a doutrina, as Escrituras (compreensão e prática) devem ser o centro do trabalho com jovens (ou qualquer outro), não estou falando sobre “metodologia”. Não se trata de “como se irá fazer”. Tenho visto métodos super “jovens”, no sentido de serem diferentes e divertidos, para se pregar o Evangelho, exortar, ensinar e tudo o mais que foi dito a Timóteo para fazer. E acho isso muito legal! Sou de uma igreja Batista tradicional, sem muito barulho, sem muitas “inovações” na forma do culto, e me identifico com isso. Mas não acho que toda metodologia que seja menos “formal” seja errada. Tenho ficado realmente muito feliz ao ver verdadeiros servos de Deus pregando o Evangelho genuíno e puro, com autoridade, e utilizando de estilos menos “formais” – usando gírias, estilos musicais diferentes, bom humor. Não é sobre metodologia que estamos tratando, é sobre CONTEÚDO. Aonde se chegará. À satisfação do homem ou à glorificação de Deus? Esse é o ponto.

O que fazer? Mergulhar “de cabeça” na Palavra! Alimentar-se dela, viver dela, conhecê-la, amar a vontade de Deus expressa nela, e, então, praticá-la. Os modos para fazer isso? Haverá muitos, sem dúvida. Mas ela, a Sagrada Escritura, a vontade de Deus, é o centro, e não nós. Portanto, há de se questionar sempre: a atividade que estamos programando fazer tem como objetivo conhecer mais da Palavra de Deus, ensiná-la e vive-la? É algo que nos fará crescer enquanto cristãos e nos tornará mais parecidos com Cristo, levando a mensagem de Cristo aos que ainda não a conhecem, os quais são os maiores objetivos da vida cristã?


Que a resposta seja sim. E que Deus nos ajude a não perder o foco.

Soli Deo Gloria.


[*Ah, quem quiser ajudar nas ideias para o trabalho com os jovens, dentro desta perspectiva, ainda estou atrás de ajuda, ok? ;P]


6 comentários:

lobo disse...

para que serve um grupo de jovens em uma igreja senão para dar uma "forcinha" para encontrarem sua "alma gêmea"?

apesar de ter uma idade de jovem, não vejo necessidade de um trabalho específico pra jovens na igreja, jovem só vai em culto de jovens pra procurar namorada(o), além de que rola muita panelinha

mesmo assim não vejo nada de errado nisso, é até bom mesmo, mas eu, mesmo sendo jovem, não participo do grupo de jovens, pois não estou a procura de namorada

as igrejas só devem tomar cuidado com as baladas gospel, show gospel, e todas essas coisas "gospel"

desculpe pelo "nome" mas é que prefiro esse nome do que o meu original, não sou devorador de ovelhas, mas infelizmente não podemos escolher nosso próprio nome

ivani fernandes disse...

OI Aline, concordo com vc, não podemos perder o foco e a perspectiva certa por amor aos nossos jovens irmãos, não precisamos de fórmulas novas,muitos métodos o que mais precisamos é da Palavra que nos dá vida, transforma, liberta, precisamos do alimento saudável, que vai nos trazer saúde e cura, eu estarei publicando seu post no meu blog,fique na paz...

Agata Larsen disse...

Hei, sou lider/serva do ministério de jovens da igreja onde congrego e agora mais que nunca sou da opinião q um grupo de jovens é muito importante para o crescimento espiritual dos jovens, tal como é importante um grupo de mulheres e de homens. O objectivo não é dividir a igreja, mas sim uni-la através dos diferentes ministérios. Aqui costumamos organizar vigilias jovens, cultos dirigidos pelos jovens, momentos de convivio, sessões de cinema cristão,debates, entre outras actividades, tudo em vista à edificação pessoal e consequentemente à Igreja no seu todo. Por vezes poderemos organizar brincadeiras "menos espirituais" como gincanas, partidas de futebbol, passeios, mas o foco está em unir os jovens.

Isso de existir grupo de jovens tendo somente como finalidade o namoro é relativo. Tudo depende das nossas motivações e intenções pessoais. Creio que muitos jovens cristãos vão aos cultos com a visão colocada em adorar a Deus. Eu pessoalmente conheço todos os jovens da minha igreja (cerca de 20 e poucos) e sei que o alvo de cada um é adorar a Deus. Beijinhos ^^

Aline Ramos disse...

Lobo, Ivani e Agata!! Muito obrigada por suas opiniões!

Esse é um assunto bem complicado atualmente, né? Entendo o posicionamento do Lobo e essa postura meio receosa quanto á reunião de jovens. É verdade que essa tem sido a área das igrejas mais invadida com enganos, perversões e más motivações. Infelizmente, a realidade de que muitos (MUITOS) jovens realmente estão atrás de "casinhos" nos eventos para jovens (especialmente essas "invenções gospel" que não tem propósito nenhum de edificação) existe. As pessoas vão à igreja com a ideia de que vão ao clube. Distorções da verdade. Enganos do Maligno. Portanto, Lobo (que não é "lobo", né?rs), compartilho de sua preocupação. (Nem me fale dessas "paradas gospel"!)

No entanto, também acho que o trabalho com os jovens é importante. Nos juntar porque somos semelhantes, porque Deus trabalha de uma forma similar em cada fase de nossas vidas, porque temos os mesmos problemas e desafios e podemos nos ajudar mutuamente nesse processo de amadurecimento. Essa não é uma fase fácil. A imensidão de blogs de jovens cristãos cujo objetivo é tratar das questões da juventude segundo o Senhor é uma prova disso. Precisamos compartilhar as coisas e aprender uns com os outros. Por isso acho importante e necessário estarmos reunidos com outras pessoas da nossa faixa etária. Durante os cultos "normais" não temos tantas oportunidades para tratar de questões mais específicas à nossa fase.

Porém, novamente ressalto minha opinião: nosso reunir deve ter como objetivo nosso crescimento em Cristo, amadurecimento na fé, desenvolver mais e mais o caráter de Jesus, ajudando-nos uns aos outros. Comunhão também é legal, algumas vezes nos reunirmos pra algum lazer, alguma brincadeira sadia, isso estimula os laços de amizade, e é bem apropriado principalmente entre pessoas do mesmo sexo. Coisas como a Agata citou. Porém, isso não pode se tornar a atividade-chefe do trabalho, pois lazer não pode ser o foco.

Obrigada, de novo! Deus os abençoe! ;) [Ivani, obrigada por compartilhar o texto em seu blog! ^^]

lobo disse...

Adoradora de Cristo e Aline

acho que fui radical no comentário, eu não vejo problema, e até acho importante mesmo que haja um trabalho específico com jovens na igreja, assim como deve haver com crianças, e talvez, se necessário, com casais, idosos, homens, mulheres...

é até bom mesmo que o grupo de jovens dê essa "forcinha" para encontrar sua cara metade, afinal isso é um desejo natural de todo (ou quase todo) ser humano, além de falar sobre assuntos da juventude, o problema é quando isso se torna o objetivo principal, como eu já vi em algumas igrejas, em que o único papo dos jovens é "fulano ficou com fulana, fulano tá afim dela..." e nada de Deus, vida cristã, esse que é o problema, quando a igreja vira somente um local de paquera

também não vejo problema em ALGUMAS festas cristãs, ou qualquer tipo de comunhão, como a adoradora citou, é que alguns ultraconservadores tentam espiritualizar tudo, aí pra eles cristão não pode jogar futebol, videogame, brincar, só podem se reunir pra cantar algumas músicas e depois ouvir alguém falar, e o que passa disso é pecado
já os libertinos fazem essas coisas com frequência, não pra promover a comunhão, mas pra agradar os jovens, pra que eles não saiam da igreja, e como você disse Aline, transformam a igreja em um clube

não sou fundamentalista nem libertino, creio que deve haver o equilibrio, como diz Eclesiastes 7:16-18, a vida de pecado (é óbvio, que novidade rs) destroi, mas o excesso de "justiça" também pode ser destrutivo, como vemos em fundamentalistas ultraradicais, que são extremamente frios e vivem do "não pode isso, não pode aquilo, não pode, não pode, não pode..." por isso, repito, deve haver o equilibrio

e não estou defendendo o pentecostalismo, o povo do fogo (aliás odeio todos esses "ismos" que só servem pra nos deixar confusos) pois a "oração em línguas" deles é algo no mínimo estranho, mas não é o assunto agora

Aline

Deus abençoe vocês nesse trabalho com jovens, isso realmente é muito importante, eu não me envolvo com isso por ser "anti-social" mas reconheço que é importante, achei seu blog muito interessante, encontrei através da central masculinista, não estou na lista de seguidores porque não tenho blog, mas vou "seguir" este blog

eu não sou o Lobo Sagrado, o motivo do nome "lobo" é por que eu uso esse nick desde antes da conversão, e antes de encontrar a central masculinista,e claro, não estou atrás das ovelhas rs

enfim, Deus te abençoe, e parabéns pelo blog

Aline Ramos disse...

Hey, Lobo!! Tamo junto, então!! =P Pensando do mesmo jeito!!

Concordo com você (um pouquinho menos quanto a "estimular o encontrar seu par" nas reuniões de jovens. Sou bem pé atrás com esse negócio de querer "ajudar Deus", principalmente nessa área! hehe), especialmente no que diz respeito ao equilibrio entre fundamentalismo e libertinagem! Nenhum dos dois leva a lugar nenhum mesmo! O segredo (e o mais difícil) é justamente encontrar esse "meio-termo"!

Também concordo com vc no que diz respeito ao Pentecostalismo, mas realmente é assunto para um outro post! =P

Ahhh... e eu estava mesmo pensando que vc era o Lobo Sagrado!! hehehhe.. ELe aparece de vez em quando por aqui, por isso achei que fosse. Só estranhei pq, até onde sei, ele não é cristão e não curte mt igreja. Mas que legal que vc conheceu o blog atraves da central masculinista. Tenho até que dar uma passadinha por lá mais vezes!

Segue a gente aí sim! ;) Vamos continuar trocando ideias e discutindo esses "papos de jovem"! heheh..
`
Paz!