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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Quaresma – Dia 13: Na contramão do mundo



“Então, olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes...” (Lucas 6.20)

Que fantástico olhar para a Bíblia e ver quantas coisas novas ela sempre tem para nos ensinar. O texto de Lucas 6.20-38 é como o de Lucas 5.17 a 6.11: apesar de dividido em vários tópicos, é contínuo e está falando a mesma coisa e procurando nos passar o mesmo ensinamento: os padrões de Deus são opostos aos padrões do mundo. E que oposições fortes Jesus faz aos padrões do mundo, neste texto, em ensino aos Seus discípulos. Vejamos:

- O mundo nos ensina a desejar/lutar por/ viver para ganhar dinheiro – estabilidade e conforto é o objetivo maior da vida de quase todas as pessoas do século XXI, acumular riquezas para “viver bem”. Mas Jesus diz: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (v.20b) e “Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação.”. Porque quando nos falta, reconhecemos que precisamos do socorro de Deus – e Ele nos oferece o Seu reino; mas quando nos sobra, nos tornamos independentes e autossuficientes, e não há mais nada que Deus possa nos oferecer, pois sequer precisamos dEle – nosso tesouro e consolação a própria terra pode dar.

- O mundo nos ensina a sempre ir em busca de saciar todos os nossos desejos, não passar privações, não nos negar, estar sempre saciados, independente do preço a pagar. Mas Jesus diz: “Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos” (v. 21) e “Ai de vós, os que estais agora fartos! Porque vireis a ter fome” (v.25). Se nossa vida neste mundo é em busca de nossa própria saciedade, as coisas deste mundo nos saciarão – mas, no porvir, teremos fome, pois já fomos saciados. Mas, quando este mundo não pode nos suprir as necessidades, então olhamos para o porvir e ansiamos pela recompensa que um dia poderá chegar – e a ela receberemos.

- O mundo nos ensina a buscar felicidade – Ah! A felicidade! A “deusa” deste mundo moderno. Ela é o centro, ela é o foco, ela é a justificativa para todas as coisas, sua busca é incontestável, sempre justificada, sempre correta, sempre perfeita. Ser feliz é o lema! E, certamente, “o que Deus quer é que as pessoas sejam felizes”, não é? Mas Jesus diz: “Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir” (v.21b) e “Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar” (v.25b). Porque este mundo vai passar e, com ele, todas as suas “alegrias”. Porque este corpo vai morrer e todos os seus prazeres serão exterminados junto com ele. Acabarão. E aquele cuja felicidade foi construída neste alicerce de areia, chamado “Terra” e que, de tão satisfeitos e “felizes” que estavam com o desfrute dos manjares desta terra, esqueceram que tudo isso pereceria e não olharam além. Porém, aqueles que choram nesta vida, estes acabam por descobrir – ou, pelo menos, desejar – que haja mais além dos sofrimentos presentes, e, por esperarem e desejarem, eles receberão.

- O mundo nos ensina a buscar a aceitação, o lugar de destaque, o reconhecimento, as luzes, o status, o poder, o domínio, o topo – e que nenhum lugar que não seja o primeiro é suficiente. Mas Jesus nos diz: “Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do Homem. Regozijai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu; pois dessa forma procederam seus pais com os profetas” (v.22,23) e “Ai de vós, quando nos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas” (v.26). Porque quando o desejo do nosso coração é o reconhecimento e o louvor dos homens, facilmente traímos a Deus. Porque o mundo O odeia e, portanto, raramente louvará os Seus caminhos. Mas, quando entendemos que o verdadeiro louvor e o verdadeiro reconhecimento não provém desta vida, que o que recebemos aqui irá passar, então toda a perseguição, todas as injúrias, todas as injustiças, toda a exclusão que vivemos por seguir as verdades do Cristo tornam-se ínfimas, e promessas nos esperam no futuro que há de vir.

- O mundo nos ensina a nos amar primeiro, acima de tudo, e que aquele que não me ama não merece o meu amor; que meu amor é para ser oferecido àquele que faz por merecer e que aquele que quer o meu mal, também não deve contar com o meu bem; que besta é quem faz o bem para quem só paga com o mal. Mas Jesus diz: “amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam” (v.27-28).

- O mundo nos ensina que a “legítima defesa” é sempre legítima, e que não devo considerar mau ou errado qualquer mal que é feito em resposta a um mal recebido, pois “aquilo que alguém planta, deve estar preparado para colher”, portanto, “se alguém me fez mal, deve estar preparado para o mal também!”. Mas Jesus diz: “Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica; dá a todo o que te pede; e, se alguém levar o que é teu, não entres em demanda” (v.29,30).

- O mundo nos ensina que “cada um recebe aquilo que dá” e “a cada um deve ser dado a paga conforme suas próprias ações”; que primeiro eu preciso me preocupar comigo, e só depois com o outro; e que, se alguma coisa faz mal, que seja ao outro e não a mim – “eu primeiro!”. Mas Jesus diz: “Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (v.31) e “Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga” (v.35a).

- O mundo nos ensina a apontar o dedo para quem pensa diferente de nós, e julgar e condenar, e nos achar melhores do que os outros, e donos da verdade; e que, se alguém cometeu um erro, deve ser exposto e cobrado. Mas Jesus diz: “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados” (v.37).

E que palavras pesadas estas são! Para nós, discípulos do Cristo! Que palavras duras! Para muitos de nós, tão acostumados com as filosofias e os ensinos deste mundo, ler todas essas ordens de Jesus, todos esses mandamentos, todos esses padrões tão contraditórios a tudo o que conhecemos como “JUSTIÇA”, é quase revoltante! “Não é justo!”, muitos de nós podemos falar! E, de fato, segundo a justiça deste mundo – egoísta, individualista, hedonista – não é justo! Não é justo que eu sofra por causa do mal que o outro fez! Não é justo que eu leve a carga sozinho, enquanto o outro se aproveita de mim! Não é justo que o outro faça suas besteiras e não seja exposto e condenado! Não é justo que alguém me faça mal e saia impune! Não é justo que eu dê a alguém e essa pessoa não me pague! Não é justo que eu ame e não seja amado em retorno! Não é justo simplesmente deixar pra lá o mal que alguém me fez! Não é justo! Não é justo! Não é justo!

Mas a justiça DE DEUS não é a nossa justiça. A nossa é egoísta, a dEle é Altruísta. E se há Alguém que poderia agir pensando em si mesmo acima dos outros, esse é Deus, totalmente superior a todos nós, seres humanos pecadores. Mas Ele não faz isso. Jesus diz para amarmos até os nossos inimigos porque: “será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.” (v.35b). Ele, O ALTÍSSIMO, resolve exercer justiça em benignidade e misericórdia, e nos chama a viver o SEU PADRÃO também: “Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai” (v.36).

Se nos tornamos FILHOS DELE, SEGUIDORES DO CRISTO, os ensinos do mundo não são mais para nós. Não é mais o nosso padrão. Não é mais no que devemos acreditar. Não é mais o que devemos buscar. Nosso caminho é o oposto. É a contramão. É o SIM à chamada de Paulo em Romanos 12.2a: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Renovação da mente. Não mais as filosofias e teorias deste mundo, da sociedade. Não dá mais pra ser igual a todo mundo. Renovação da mente. Contramão. Esse é o nosso rumo, a nossa nova direção. E isso dói! Isso vai doer muito, muitas vezes. Pobre, faminto, chorando, injustiçado, perseguido, recebendo tapas, dando sem retorno... não é fácil. Não é um chamado fácil. Mas se há alguém que sabe o que nos levará à VERDADEIRA FELICIDADE, esse é o CRIADOR e CONSUMADOR de todas as coisas. Ele sim sabe o que é ser BEM-AVENTURADO. E o que trará apenas “AI” no final. Ele sabe. E, se Ele nos diz que o caminho das Bem-Aventuranças é a contramão, é nela que devemos andar: “Para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm. 12.2b).


Vamos juntos, na contramão – de mãos dadas, ajudando-nos uns aos outros a não desfalecer. O galardão que nos espera, ao fim deste caminho, certamente será muito melhor do que TUDO o que este mundo pode nos oferecer. Vai vale à pena!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Amigos, esperanças e desesperanças...





Mas reservarei em Israel sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal, e cujos lábios não o beijaram.

1 Reis 19:18

 "Mas reservarei em Israel sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal, e cujos lábios não o beijaram" (1 Reis 19.18)

Mas reservarei em Israel sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal, e cujos lábios não o beijaram.

1 Reis 19:18


Tenho voltado a refletir, nos últimos dias, sobre a importância e necessidade de boas amizades em nossas vidas. 

Lembro-me da época em que os blogs cristãos explodiram na internet brasileira. Há uns 5 ou 6 anos criei o Sonhando na Contramão e, alguns anos depois, o Mulheres Virtuosas, e lembro quantos amigos preciosos fiz através desses instrumentos. Acompanhávamos as reflexões uns dos outros, nos reconhecíamos nas lutas uns dos outros, sentíamos que não estávamos sozinhos, tínhamos tanto a compartilhar, e aquilo inundava nossos corações de alegria e de desejos, de sonhos, de esperança, de vontade de participar da transformação desse mundo, da nossa geração e das gerações futuras. Que tempo incrível! Confesso que ainda olho para ele como o período áureo da minha vida cristã! Que paixão! Quando penso em Apocalipse falando do Primeiro Amor, lembro dessa fase, além da época da conversão (porém, esta, um pouco mais imatura).

Porém, 5 anos depois, lembrando das conversas tão edificantes e apaixonadas por Deus que eu tinha com tantas pessoas, meu coração entristece pois vê quão poucas delas permanecem ainda hoje. Quantas ficaram no caminho. Algumas simplesmente cansaram e acomodaram, outras foram sufocadas pelos tantos compromissos deste mundo e assim esfriaram, outras se frustraram e abandonaram a fé e escolheram o mundo... Lembro dos grandes sonhos que sonhávamos juntos, sonhos de mudar o mundo, de entregar nossas vidas, de santidade radical, de entrega... e vejo quantos desses sonhos morreram. Quantas daquelas pessoas com quem eu sonhava, hoje já não sonham mais – ou não com aquele brilho no olhar.

E eu confesso que todo esse quadro me deixou tão desanimada, mesmo desesperançosa. Quantas vezes parei para questionar se tudo isso que construí, ou que acredito que Deus esteve construindo em minha vida nos últimos anos, não é castelo de areia, que o mar vai bater e vai levar, que o vento vai acabar destruindo, porque não é castelo de verdade, é só areia. Eu me chocava ao ver jovens cristãos assustados ao saber que, aos 27, eu nunca havia namorado, mas não de uma maneira positiva, mas daquela maneira “Qual o problema dela?”. Me chocava ao vê-los tratando o relacionamento amoroso cristão de qualquer maneira. Me chocava ao vê-los não se importando em tornar-se cada vez mais parecidos com o mundo. E eu desanimei. Entristeci. Me senti só. Meus companheiros já não estavam comigo, alguns porque começaram relacionamentos e precisaram afastar, outros por causa da vida corrida de trabalho e compromissos (como eu!), outros porque simplesmente já não acreditavam no que acreditávamos no passado... o fato é que passaram. E, eu não percebia mas, é tão difícil nadar contra a maré sozinho. Parece que ela sempre será mais forte que a gente.

Mas, então, nos últimos dias, Deus me abençoou com momentos tão preciosos. Como quando Elias desesperou ao ver que os profetas de Baal só se multiplicavam, enquanto os profetas do Senhor Deus desapareciam cada dia mais, e ele se sentiu sozinho diante de uma batalha tão maior do que ele, e quis desistir, e quis ir embora, e quis abrir mão de sua própria vida, pois parecia não haver mais esperança; naquele momento, Deus o levou a uma caverna, tratou da sua dor, falou com ele e lhe revelou que ainda havia um remanescente que também não havia se rendido a Baal. Ele não estava sozinho! Mesmo que não pudesse ver.

Acho que passei por essa experiência de Elias, nos últimos meses. E dois amigos muito especiais em minha vida foram as pessoas usadas por Deus para me mostrar que eu não preciso desistir, que ainda há guerreiros espalhados por aí, crendo e lutando, e fazendo parte da minha história. Duas pessoas que começaram essa caminhada ao meu lado, há uns 5 anos, através deste blog, e que, pela graça de Deus, nunca mais saíram da minha vida – e ainda hoje são usados pelo Pai para continuar me abençoando e fortalecendo minha fé: Lívia Eller, minha mana linda e minha amiga virtuosa de Volta Redonda/RJ, e Lucas Louback, esse guerreiro de Deus, também lá do Rio de Janeiro, a quem sou grata por poder chamar de amigo e que tem me mostrado uma fé tão genuína e um exemplo de vida rendida ao Senhor e usada por Ele. Que tesouro olhar para suas vidas!

Quando estive me deixando convencer de que deveria ou poderia reduzir meus padrões de relacionamento e que poderia me aproximar sem tanto cuidado de um certo rapaz, lá estava minha companheira, Lívia, andando com Deus, ouvindo de Deus, refletindo, aprendendo e me lembrando dos padrões que juntas aprendemos do Pai e sendo minha força para decidir pelos caminhos certos e, principalmente, para realmente crer que eles são os melhores – infinitamente melhores – caminhos. Lembro quando nos conhecemos e lá estava ela pedindo conselhos sobre relacionamento. E hoje é minha conselheira linda e inspirada por Deus! Sua perseverança, seu amor por Cristo, seu desejo de honra-Lo com sua vida, de ser guiada por Ele e de sempre optar pelos caminhos que vêm dEle foram a inspiração que eu precisava! Me fizeram desejar todas essas coisas de volta para minha vida e não desacreditar do valor precioso de ser uma Mulher Virtuosa. Ela tem sido meu exemplo de Mulher Virtuosa - lutando para sê-lo. Essa é a parte tremenda dos relacionamentos cristãos: quando um está fraco, o outro está forte, e assim fortalecemos um ao outro. Graça.

E quando eu passei um ano quase inteiro questionando sobre meu chamado, minha missão, tentando entendê-la e ter fé suficiente para seguir a direção do Pai, seja ela qual for, olho para a vida do Lucas, enfrentando algumas dificuldades tão grandes, que poderiam ter afetado sua fé, e o vejo tão firme, crescendo em Deus, tendo seu chamado tão confirmado e sua vida tão direcionada, sendo usado de maneira tão bonita pelo Pai e, poxa vida, como isso alegra e enche de esperança meu coração! Olho para sua vida e minha fé no futuro é fortalecida, de que o Senhor também me guiará rumo à Sua vontade!

Que preciosas são as boas amizades! Aquelas amizades que refletem a Cristo, à graça de Deus, ao Seu poder, soberania, santidade, pureza; que nos aproximam dEle, que nos fazem deseja-Lo mais e amá-Lo mais; que O tornam mais precioso aos nossos olhos e corações! Ah... elas são oásis em meio ao deserto desta vida! São instrumentos pelas quais Deus se torna nosso refúgio e nossa fortaleza! Precisamos delas! Lutemos por elas! Tiremos tempo para cultivá-las e desfrutá-las, tempo para conversar com pessoas assim, para ouvi-las, para nos confessarmos, para deixar Deus trabalhar em nós. Precisamos disso! 

E meu desejo é estimular a cada um que, no meio deste mundo louco em que vivemos, das vidas corridas e dos tempos sempre tão preenchidos por coisas que nos cansam, nos abatem e esfriam nossa fé, a encontrar essas pessoas de Deus, cristãos genuínos e apaixonados pelo Senhor, inconformados com este mundo, e a ter tempo com eles. Abrir mão de uma noite de trabalho para ouvi-los. Porque assim estava minha vida, corrida e estressante e, assim, quase sem esperança, mas encontrar essas pessoas, mesmo a distância, mesmo com menos tempo do que realmente gostaria, e saber de suas vidas, foi um dos grandes instrumentos que o Senhor usou para fortalecer a minha fé!

Nosso Pai nos dê amigos-irmãos, para Sua glória!

domingo, 27 de janeiro de 2013

Nossas cicatrizes...


Há uns dias, saí com uma amiga e encontrei um rapaz com quem me envolvi emocionalmente há alguns anos. Nunca tivemos nenhum envolvimento físico, nenhum compromisso, nada, apenas sentimentos. Um gostava do outro, apesar disso nunca ter sido declarado abertamente. Éramos amigos, tínhamos muitas semelhanças, sonhos e jeitos parecidos, enfim. Eu inclinei meu coração para gostar dele e alimentei possibilidades. No fim, Deus disse não, nada aconteceu e ele, inclusive, abandonou a fé.

Mas, neste dia em que nos encontramos, depois de muitos anos desde que qualquer possibilidade entre nós havia desaparecido do meu coração (e, por certo, do dele também), pude perceber como estar na presença dele ainda tinha efeitos sobre mim. Não efeitos de trazer de volta aqueles antigos sentimentos, mas de trazê-los à memória a ponto de gerar um certo desconforto. Percebi minha incapacidade em ser neutra em relação a ele, e isso todas as vezes em que nos encontrávamos. Não dava pra, simplesmente, fingir que nunca houve nada diferente entre nós.

E isso me fez parar pra pensar. Pensei em cada rapaz com quem me envolvi sentimentalmente, a quem dediquei minhas emoções, por quem alimentei expectativas, cada rapaz de quem gostei. Lembrei de uns 4 com quem pensei que poderia ter algo, desde quando me converti. Nunca tive nada com nenhum deles além de amizade e alguma amostra de que havia um sentimento recíproco com, pelo menos, 3 deles. Nunca houve declarações (exceto com um - que se declarou), nunca houve contato físico, nunca houve promessas de amor nem nada disso. Eram apenas amizades ou aproximações, mas que geraram envolvimento emocional. E, pensando em cada um desses rapazes, e me imaginando encontrando com eles hoje, pude concluir o mesmo que vi acontecer nesse dia do meu passeio: a incapacidade de ser neutra em relação a eles.

Foi quando Deus me mostrou, muito claramente, as cicatrizes que nossas escolhas deixam em nossas vidas, e a seriedade de cada relacionamento que passa em nossa história. Pude ver com clareza como que, cada vez que nos envolvemos com alguém, especialmente em relacionamentos com intenções (ou práticas) românticas, nós de fato deixamos pedacinhos de nós na vida do outro, e levamos pedacinhos dele conosco. Cada vez que permitimos, inclinamos ou entregamos nossos corações e corpos em um relacionamento, entregamos partes de nossas vidas. E nunca mais poderemos tomar essas partes de volta.

Pude entender o quanto isso é sério quando parei pra pensar no tipo de envolvimento que tive com esses rapazes: não "fiquei" com nenhum deles, não namorei com nenhum deles, sequer houve uma conversa aberta sobre intenções românticas com eles, mas MESMO ASSIM, meu coração foi envolvido de tal forma que o simples fato de encontrá-los hoje gera desconfortos, uma espécie de aflição, uma sensação de perda, de coisas mal resolvidas, de algo que não deveria ter sido, não sei direito. O envolvimento foi tal que, simplesmente, não há como fingir que nunca houve nada, não há como olhar para eles como olho pra qualquer outro rapaz, pra ser indiferente, neutra, pra não sentir nada. Porque um pedaço de mim foi entregue a eles e, ainda que pareça um pedaço tão pequeno, alguns sentimentos adolescentes e bobos, parte de mim ficou lá - e parte deles ficou aqui. 

São nossas lembranças. São as cicatrizes de nossas escolhas. Não importa se tínhamos ideia ou não de que aquela situação deixaria cicatrizes, as cicatrizes ficarão. A verdade é que cada escolha que fazemos em nossas vidas deixará cicatrizes em nós, nos modificará, nos afetará, nos marcará. Cada escolha. As escolhas boas deixarão boas marcas, mas as escolhas ruins deixarão marcas duras de carregar. Sim, em Cristo, nós superamos cada escolha ruim que fazemos, nós ganhamos força para deixá-las para trás e prosseguir para novas escolhas, agora certas. Mas nós não ganhamos a capacidade de apagá-las de nossas memórias e lembranças.

Você nunca esquecerá os caras que você beijou, os caras a quem você entregou seu coração, aqueles a quem você permitiu tocar o seu corpo,  aqueles que lhe prometeram amor eterno e não cumpriram, aqueles a quem você se entregou completamente. Você pode se arrepender dessas coisas e superá-las, deixá-las pra trás, mas não esquecê-las. Sim, Deus irá esquecê-las quando elas forem lavadas pelo sangue de Cristo, mas em sua vida elas continuarão como suas cicatrizes.

E tudo isso me faz refletir em duas coisas primordiais:

1) O preço de nossas más escolhas: a Bíblia é muito clara a respeito do caráter misericordioso de Deus, mas também a respeito de Sua justiça. Deus nos perdoa, mas Ele não deixa nosso pecado impune. Nós iremos receber uma nova chance, mas também precisaremos pagar por nossos pecados. O mesmo Deus que disse que joga nossos pecados no mar do esquecimento, quando estamos em Cristo e nos arrependemos, também nos diz que não podemos zombar dEle: tudo o que plantarmos, colheremos. Isso quer dizer que cada pecado que cometemos, cada má escolha que fazemos, pode sim ser perdoada, mas também deixará marcas em nós. E esse será o preço pelos pecados que cometemos contra o Santo Deus. Deus nos deixa para lembrar qual o salário que o pecado nos paga: a morte de nossas almas. E, assim, ao nos lembrar do preço alto que nos custou nosso erro e nossa maldade, Ele nos lembra também como que Seus caminhos são infinitamente melhores.

2) A seriedade de nossas pequenas escolhas: se pararmos para pensar que CADA PEQUENA ESCOLHA que fazemos deixará marcas permanentes pelo resto de nossas vidas, nós pensaríamos com mais cuidado antes de tomar decisões e de viver nos arriscando e desafiando o abismo do pecado. Fico pensando que, no meu caso, em que não me envolvi de fato com nenhum desses rapazes, já ficaram cicatrizes que eu não posso apagar da minha vida e que não gostaria de tê-las, quão grande deve ser o fardo de quem entregou, além de seus sentimentos, o seu corpo, seu compromisso, sua vida a várias pessoas, e depois viu essas pessoas indo embora de sua vida com quebras, traumas, decepções... É fácil imaginar porque essas pessoas se tornam tão inseguras, carentes, frustradas. Elas foram entregando tantas partes suas para tantas pessoas que já nem sabem mais o quanto ainda restou em si mesmas. E o peso disso quando essa pessoa finalmente se casa com alguém? Nossa, não posso nem pensar no fardo que tantas cicatrizes devem representar!

Portanto, principalmente para nós, jovens e adolescentes, precisamos aprender a ser mais espertos, mais sábios, mais cuidadosos com a vida que o Senhor tem nos dado: com nossos corações, nossos sonhos, nossos corpos, e a forma como temos os usado. Relacionamentos não são brincadeira. Cada vez em que nos lançarmos em um, seja um mero flerte, uma mera ilusão amorosa ou, como eu costumava dizer, simples e inocentes "amores platônicos", nós estamos permitindo que estas coisas entrem para nossa história e permaneçam nela até o fim. E, com frequência, podemos estar construindo para nosso futuro fantasmas que não gostaríamos de ter por companhia. Simplesmente, porque nos deixamos ser tão negligentes e, talvez, inocentes, a ponto de achar que nada disso poderia nos afetar. Acreditem, não só pode como vai. 

Portanto, cuidemos de nossas escolhas. Não precisamos ter tantas cicatrizes assim. Não precisamos ficar distribuindo tanto de nós a pessoas que não permanecerão em nossas vidas. Não deve ser assim. Guardemos o tesouro que o Senhor nos confiou - e que ele se torne um grande motivo para a glória do nosso Rei!

Que o Espírito Santo nos ajude - convencendo, abrindo os olhos, fortalecendo a fé e nos guardando.

Para a glória de Deus, em Cristo Jesus.

domingo, 25 de setembro de 2011

O choro de uma geração...




Ontem descobri que minha prima, de 16 anos, saiu de casa. Senti um buraco se abrindo no chão e eu sendo engolida por ele. Hoje, soube que as coisas parecem ser bem piores do que imaginávamos. Uma menina que começou a namorar aos 14 anos, com uma família cheia de traumas relacionais e sem vida com Deus. Parece que o mundo desabou sobre mim e está tudo tão confuso e bagunçado na minha mente e no meu coração que quase entro em choque.

Ouvia meu pai falando das notícias que tinha dela, enquanto voltávamos de carro para casa, na minha saída da igreja, e passamos pela orla da cidade, na principal praça. Uma multidão de jovens e adolescentes. O mundo os tem ganhado. Tem oferecido tudo o que é possível para que eles estejam em qualquer lugar e fazendo qualquer coisa, menos buscando a Deus e encontrando uma solução pras suas vidas. Estão lá, perecendo, precisando conhecer a verdade para serem salvos, enquanto nós estamos dentro de nossas igrejas.

Meu sentimento, diante de tudo isso e ainda outras bombas que resolveram estourar sobre minha cabeça essa semana, foi quase de impotência ou inutilidade. Fui ao Pai, chorei todas as lágrimas que tinha, vendo quanto trabalho há para ser feito e quão pouco eu mesma tenho feito. Quanto tempo temos perdido, Igreja de Cristo! Mas, então, lembrei daqui, de vocês e resolvi vir aqui para, pelo menos, falar com vocês. Especialmente com vocês - meninas adolescentes.

Vim aqui para soar um alarme bem ressoante que eu gostaria de fazer soar a todas as meninas de 13, 14, 15, 16, 17 anos que estão por aí sendo engolidas e enganadas pela maneira como Satanás tem distorcido sentimentos e emoções e feito-as entregarem suas vidas à mentiras e à desilusão. À morte - do espírito, da alma e, quantas vezes, do próprio corpo. Falo a vocês o que eu gostaria que todas elas ouvissem.

E o que quero lhes dizer é do intenso perigo que essa fase representa em nossas vidas, meninas. Representou na minha. Tem representado na vida de cada moça na face dessa terra. E, sem dúvida, já representou, representa ou representará para você.

As pessoas sempre me disseram, quando eu era adolescente, que eu tinha uma cabeça excelente, muito além da minha idade. Era uma menina "de cabeça". Mas eu ainda posso me lembrar de QUANTAS besteiras eu fiz quando me aproximei e cheguei aos meus tão famosos "15 anos". Como, hoje, aos 23 anos, olho para trás e vejo a intensidade com que eu estava errada enquanto achava que estava absolutamente certa. Como eu era cega! E essa, acredito eu, é a característica de maior perigo para meninas adolescentes nessa fase: a cegueira.

Não é que esse seja um momento da vida intrinsecamente ruim, mas que todas as mudanças que acontecem em nossas vidas nesse período, e toda a maneira desvirtuada com que isso tem sido dirigido, tem levado muitas e muitas e muitas meninas a se perderem. Estamos iniciando nossa adolescência, nos afastando do período de "meninas" e nos descobrindo "Mulheres". Ficamos mais bonitas, ao mesmo tempo em que descobrimos "os meninos" - e eles também nos descobrem. É quando nosso corpo e nossa mente começa a vivenciar sexualidade. Descobrimos nosso poder de sedução e, ao olharmos ao redor, vemos o mundo inteiro pregando que essa é a nossa maior arma - e nosso maior valor. E, influenciadas pelos "amigos" do mundo, vamos e vamos até que acreditamos nessa mentira.

Além de tudo isso, a adolescência é aquele momento em que nos achamos "super-heróis": sabemos o que queremos da vida e nada poderá nos impedir! É o momento dos sonhos intensos e eufóricos, de êxtase por descobrir o mundo e a vida! As coisas são intensas demais durante a adolescência e achamos que devemos viver tudo aqui e agora. Emoções à flor da pele. Sentimentos e sonhos que parecem perfeitos e inquestionáveis. Como achamos que somos os donos da verdade em nossa adolescência e juventude - todos estão sempre errados, somente nós sabemos a verdade das coisas. E hoje, tendo passado por todas essas coisas e chegado aos 23, posso afirmar para vocês: isso tudo é engano!

Toda essa descoberta da sexualidade, nossa descoberta enquanto mulheres, nossa feminilidade, a descoberta dos rapazes e o desejo de encontrarmos a pessoa certa e nos unirmos a ele para viver um romance, toda a euforia das emoções e dos sonhos, toda a intensidade, todas essas são características que Deus colocou em nós! Elas não são ruins ou erradas por si mesmas! Mas podem se tornar, se mal direcionadas...

Meninas, não vou dizer pra vocês que vocês não devem se apaixonar aos 13, 14 ou 15 anos ou que isso é errado. Não! Vocês VÃO se apaixonar, e não serão poucas vezes, vão achar que encontraram o "cara perfeito" uma, duas, três e tantas outras vezes, vão querer ganhar o mundo em 24 horas e vão achar que os pais de vocês e todas as pessoas mais velhas estão "fazendo tempestade em copo d'água" e "pegando no pé" de vocês! Isso vai acontecer. Porque acontece com todo mundo! E essas não são coisas erradas em si mesmas. Isso é adolescência.

O que eu quero dizer pra vocês é: primeiro, vocês precisam se esforçar para ouvir os conselhos que lhes dão e, segundo, esse não é o momento de se envolver! Não serão essas as respostas para o resto de suas vidas! Vocês irão mudar, meninas, muito mais do que podem imaginar! Vocês mudarão, o mundo mudará aos seus olhos, os propósitos de vida, o entendimento dela. E, por esse motivo, os seus 15, 16, 17 anos não são o momento para tomar grandes decisões - especialmente quando elas envolvem emoções. Porque as emoções são demasiadamente extasiantes neste tempo, e estados assim costumam nos cegar, limitar nossa capacidade de entendimento e nos fazer cometer erros impensáveis.

Sim, eu quero dizer pra vocês, meninas adolescentes, quero dizer muito enfaticamente: ESSE NÃO É O MOMENTO PARA VOCÊ NAMORAR! Na verdade, eu quero pedir, CLAMAR a você, se você tem menos de 17 anos, POR FAVOR, NÃO NAMORE! Não se envolva romanticamente com nenhum rapaz! Não entregue seu coração! Não entregue seu corpo! Não entregue sua alma... De verdade, você não está preparada para essa batalha. Ela é MUITO mais perigosa e difícil do que você pode supor!

O mundo não é conto de fadas, feliz ou infelizmente. Ele é muito real e muito duro. As batalhas que enfrentamos nele requerem força, maturidade, compreensão de vida. E no romance, essa é uma verdade muito grande. Tenho visto amigos de 20 e poucos anos, enfrentando crises grandes em suas vidas espirituais por causa de namoro. Eu mesma sei que terei que lutar fortemente para não sucumbir quando chegar o momento de me envolver. Não é fácil, não é brincadeira, meninas. Se é difícil para uma pessoa de 23 anos, imaginem para alguém com 14. Não entrem nessa, meninas, por favor! Espere mais um pouco para se jogar no campo de batalha e começar a correr o risco de ser baleada e sangrar sem motivos. Deixe-se treinar um pouco mais.

Vocês não precisam se sentir culpadas se se descobrirem apaixonadas por algum rapaz e sentirem que querem passar o resto da vida com ele. Isso é comum. Mas vocês ainda não entendem o que quer dizer "passar o resto da vida com alguém". Eu mesma ainda não entendo totalmente. Mas, um dia, daqui a alguns anos, vocês verão o quanto o tempo nos muda. É o que chamamos de amadurecimento. Cada um de nós precisa disso. As paixões surgirão, irão embora, virão outras que também irão embora, você vai chorar achando que perdeu a grande e única chance de viver o grande amor de sua vida, mas acabará descobrindo que o fim ainda está distante, e que quando nos deixamos moldar por Deus através do tempo, todas as coisas vão se tornando muito mais valiosas.

Eu digo todas essas coisas a vocês como uma irmã mais velha, apavorada com a ideia de que mais e mais dentre vocês se percam nessa fase tão difícil, que mais de vocês vejam todas essas coisas que Deus criou sendo desvirtuadas, usadas da maneira errada e transformadas em mentiras. Peço, mais uma vez, a vocês: NÃO NAMOREM. Esperem. Deixem Deus revelar a vocês, através do tempo, mais do que a vida é.

Peço isso como uma irmã. Por amor. De alguém que já viu, diante de si mesma e nas vidas dos outros, as "ciladas dos 15 anos". Por favor, tenham cuidado. E deixem-se cuidar.

Que Deus as guarde e guie seus corações.

Com muito amor e esperanças de que vocês se salvem, no meio desta geração tão mau...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A geração que precisa calar...


Somos a geração da novidade. Tecnologias que se renovam a cada minuto, avanços nas ciências, crescimento profissional, atividades dos mais variados tipos, capacidades a desenvolver, potenciais a atingir. Somos a geração da corrida pela evolução. O chamado é fazer algo novo e mais avançado a cada momento. Assim, nossa geração virou ativista - parar é um crime, pois "tempo é dinheiro".

Ao mesmo tempo, somos uma geração de pouca profundidade. Os relacionamentos mostram muito disso: pais que não conhecem seus filhos, filhos que não conhecem seus pais, irmãos que não se conhecem, cônjuges que não se conhecem - ainda que vivam durante anos sobre o mesmo teto. Falta compartilhar, falta convivência, falta aproximação. Vivemos sempre rodeados de pessoas, fazendo mil e uma coisas simultâneas, num frênesi sem fim - mas ainda falta tudo.

No meio dessa corrida, nossa geração perdeu a essência. Na verdade, talvez sequer saiba o que isso significa. O próprio termo acabou se perdendo na preocupação em desenhar "lindas capas" para livros que não têm páginas escritas. Nosso mundo moderno tem nos vendido uma vida muito enfeitada, mas vazia. E, infelizmente, muito disso tem invadido e tomado conta de boa parte da mentalidade e da vivência daqueles que se chamam pelo nome de Cristo.

No meio das congregações, tudo virou barulho. Novidades, renovações, evoluções - este é o lema das "igrejas modernas". Este é o lema na mente dos jovens e adolescentes, afinal, é preciso "evoluir". Então, novas metodologias de "melhoria" daquele significado antigo do que quer dizer ser Igreja e ser Cristão surgem todos os dias. "Modelos de crescimento de igreja". E a corrida pelo "sucesso" continua, agora dentro das "igrejas". Ativismo, superficialidade, movimento, luzes, brilho, barulho.

Somos a geração que precisa calar. Aprender a parar tudo e refletir, pois no meio de muito movimento, pouco se pode ver a respeito das coisas e, assim, as conclusões se tornam muito pouco confiáveis. Precisamos aprender a pausar o ritmo desenfreado em que fomos colocados, seja lá fora no meio da sociedade consumista e capitalista, seja no meio da "igreja" ativista e cheia de novidades. Nossa necessidade é reaprender o silêncio, a calma, a reflexão, a procura pela essência. Reaprender a procurar Deus e encontrá-Lo. Reaprender a deixar de tagarelar e deixar Deus falar, quietos, para que possamos ouví-Lo. Reaprender a fixar os olhos na Luz que é Cristo, ao invés de viver a procura de novas luzes "mais coloridas". Reaprender a ter propósitos, em vez de viver caminhando para canto nenhum.

Somos a geração que precisa parar e recomeçar - e reaprender.

Voltemos ao Evangelho.

"Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado." (1 Co. 2.2)

Simplicidade e Verdade

Um texto antigo do Sonhando na Contramão, que fala sobre uma reflexão para a qual o Espírito Santo despertou meu coração nessa tarde, pensando sobre como conduzir um trabalho com jovens/adolescentes na igreja. O texto é de 29 de março de 2010, mas ainda tão propício. Fica a reflexão.

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"Hoje eu cheguei da igreja, mais vazia do que eu gostaria de estar ao sair de uma “igreja cristã”, e vim para meu quarto. Como agradeço a Deus pelo meu quarto! E comecei a ouvir uma mensagem em áudio do pr. Jeff Fromholz, e a mensagem começou com uma música. Puxa, há quanto tempo eu não ouvia um verdadeiro LOUVOR como este. Era uma música tão simples, apenas um violão e, talvez, uma guitarra (nem tenho certeza se tinha guitarra), uma letra pequena, cantada com um sotaque americano que acabava pronunciando as palavras de uma forma meio errada, uma voz comum, sem aqueles truques de quem fez 50 anos de aula de canto ou coral... e meu Deus quebrou o meu coração através de uma coisa: SIMPLICIDADE!

E é sobre isso que quero falar. SIMPLICIDADE. Ah, como tenho sentido falta disso! Eras, acho mesmo que não tenho como expressar o quanto tenho sentido falta disso! E lá vem as minhas confissões mais uma vez! Sabe, não quero parecer reclamona, ou que eu tenha o hábito de ficar murmurando, até porque isso não é uma murmuração, mas é a tristeza de um coração que tem visto o nosso Deus ficando de fora daquilo que chamamos de Sua Casa para dar lugar aos homens e suas “necessidades”, é a tristeza de um coração que tem visto tantas pessoas sendo enganadas (inclusive muitos líderes) e ensinadas a acreditar em coisas que estão tão distantes da Verdade de Jesus. E, se falo dessa tristeza, é na esperança de que isso possa ser usado por Deus para despertar-nos, para acordar nossa geração, para fazer qualquer coisa que seja a fim de ver algo mudando. É na esperança de fazer alguma coisa, ao invés de ficar parada “reclamando”.

E eu tenho sentido falta desta SIMPLICIDADE. Sabe, a simplicidade de Jesus! Uma pessoa que não precisava gritar, alterar sua voz, fazer voz de choro, usar palavras poéticas ou apelos emocionais, alguém que simplesmente falava. A simplicidade de alguém que sabe que é Deus quem opera e não as suas palavras. A simplicidade de alguém que sabe que a verdadeira conversão não acontece em função da pressão psicológica que você fez nas pessoas que estavam lhe ouvindo, através de seus gritos e exageros, mas através da ação do Espírito Santo e da demonstração de Poder que vem através da pregação do verdadeiro Evangelho. A simplicidade de alguém que não precisava ficar “brigando com demônios” e gesticulando, apontando o dedo para eles, para que eles o “obedecessem”, mas que sabia que era a autoridade dada por Deus quem os afastaria, simplesmente.

Como estou cansada dos shows musicais de todos os cultos evangélicos! Ahh.. como eu gostaria de parar um pouco de ouvir toda a barulhada da bateria, todas as exibições dos solos nos teclados, baixos ou super guitarras, todas as super vozes combinadas em corais, dizendo pra você levantar as mãos, e pregando uma “liberdade” que se resume em movimentos do seu corpo... sim, estou cansada. Cansada de ver todo mundo levantando quando todos levantam, sentando quando todos sentam, batendo palma quando todos batem e dizendo Amém quando todos dizem, mas sem nunca ver alguém ajoelhando-se para orar ou realmente compreendendo o que está fazendo naquele lugar.

Gostaria de voltar a ouvir verdadeiros Louvores. Aqueles que não precisam ser grandes e espetaculares, que não precisam ser feitos por maestros, super-músicos ou super-cantores, mas que precisam ser sinceros, cheios de Verdade e, acima de tudo, ser uma expressão de sua VIDA. Apenas um violão, apenas umas poucas palavras, apenas uma voz... porque não é sobre isso que se está tratando – não é sobre a MÚSICA, é sobre nossas VIDAS! Sabe, não precisar cantar em pé porque estão todos de pé,mas poder curvar minha cabeça sentada ou, quem sabe, ajoelhada, e dizer aquelas palavras para Aquele para quem elas são. Não cantar para homens, não olhar para homens, nem para mim mesma, mas voltar-me para Deus... em SIMPLICIDADE.

Ahh... sim, como sinto falta disso! De um pouco de silêncio, de uma parada para realmente avaliar os meus propósitos, minhas motivações, os objetivos da minha vida, de uma ORAÇÃO cantada, ao invés de uma MÚSICA que nunca chega a ser uma oração. Sinto falta dos semblantes concentrados, sérios por levarem a sério aquilo que está sendo falado, por entenderem sobre a Santidade do Lugar onde estamos pretendendo entrar: o SANTO dos SANTOS, ao invés dos sorrisos marotos inacabáveis que sempre acompanham palavras sobre você, suas necessidades e as bênçãos que VOCÊ vai alcançar naquela noite.

E, além disso tudo, sinto falta de ouvir a Verdade. Mais do que isso, de ver que esta Verdade tem sido levada a sério, tem sido compreendida, em toda a sua Simplicidade, mas também em toda a sua Plenitude, Seriedade e Santidade. As Sagradas Escrituras sendo tratadas como SAGRADAS, e não como meros textos dos quais podemos tirar “alguma lição para as nossas vidas”. Não é isso que elas são! Elas não tem “alguma lição bonitinha para nosso dia”, elas tem TODAS AS RESPOSTAS que precisamos para as nossas vidas! Elas são a manifestação física, visual que Deus nos deixou para aprendermos sobre Ele e Sua VERDADE!

Simplicidade... e Verdade – são minha esperança. Parar o barulho, parar a “festa” em tempo inoportuno, e silenciar, voltar a ser simples e a viver a Verdade."
 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

#estalo - Renove sua mente!

No feriado de páscoa (entre 20 e 27 de abril) estarei fazendo uma viagem para Fortaleza e, se Deus quiser, participarei do Acampamento de Jovens da Igreja Batista Central de Fortaleza: "#estalo - Renove Sua Mente", a ocorrer de 21 a 24 de abril.

A proposta do acampamento é exatamente dar um #estalo e levar os jovens a repensar suas vidas, seus padrões e a não se amoldar aos padrões deste mundo, mas renovar-se pela transformação de suas mentes, conforme Romanos 12:2.

Estou com muitas expectativas em relação ao encontro, mas deixando nas mãos de Deus pra que Ele decida se devo mesmo estar participando ou não. A verdade é que preciso mesmo deste #estalo, de uma parada na rotina pra pensar mais profunda e seriamente sobre todas as coisas, e aprender com meus irmãos e o que Deus tem operado lá na IBC de Fortal e através das vidas deles.

Peço que os irmãos e amigos que estão sempre aqui pelo MV estejam orando por minha viagem e por esses momentos. Que seja para a glória do Senhor e edificação de Sua Igreja!

Deixo abaixo um dos vídeos do #estalo, este com a música "Nova Mente" - uma letra INCRÍVEL!! Amei! Linda demais!! E um estilo bem jovem!! Muito bom! Curtam aí!

[Ahh, e caso haja algum cearense acessando o MV por aí, que tal pensar em participar do #estalo também? ;) Caso estejam interessados, o site para contato é www.ibc.org.br/estalo ]

Paz!


"Quero enxergar o que eu nunca enxerguei
Poder renovar toda a minha mente
Quero perceber o que eu nunca percebi
Saber que só há vida em Ti, por Tua bondade
Quero experimentar e viver a Tua vontade!

Meu Jesus, preciso tanto de Você
Mudar minha forma de viver, minha forma de pensar
Oh, Senhor, eu não quero me amoldar
A formatos definidos por um caminho indefinido
Quero experimentar e viver...
A Tua vontade boa, perfeita e agradável
E me oferecer como um sacrifício vivo
Pra Te adorar, Senhor
Me transforma pelo Teu amor!"


quarta-feira, 9 de março de 2011

Cristãos Radicais (by Pedro Pamplona)

"Vamos ao dicionário. Radical: Inseparável; completo; invariável; que quer reformas absolutas; Que ou quem se encontra distante do que é considerado normal ou tradicional. Essas definições já bastam para entendermos o significado dessa palavra. E se juntássemos a ela outra? Cristão! Vamos ao dicionário de novo: Cristão: Que professa o cristianismo; seguidor de Cristo. Pronto, agora podemos entender melhor a expressão “cristão radical”. Tendo como exemplo somente as definições do dicionário e colocando ao pé da letra chego a esse significado: Cristão Radical: Inseparável de Cristo; se sente completo em Cristo sem precisar de mais nada; que quer reformas absolutas em sua vida e no mundo para sermos como Cristo; invariável na fé e no proceder, pois acredita em um único salvador, Cristo; Que se encontra distante do que é considerado normal ou tradicional pelo mundo, mas se encontra perto daquilo que Cristo é.

Sendo mais claro e detalhista. Cristãos radicais não são aquele grupo de crentes que praticam esportes. Não são aqueles que pulam em shows gospel. Não são aqueles que batem palma nos cultos. Não são aqueles que passam o sábado na igreja. Não são aqueles que vivem igreja 2 ou 3 vezes na semana. Não são aqueles que usam camisas com frases cristãs e muito menos os que têm adesivos cristãos no carro. Cristãos radicais não são aqueles que sentam sempre nas primeiras fileiras e nem aqueles que ficam em pé com as mãos levantadas durante o louvor. Não são aqueles que vão para acampamentos de carnaval. Não são nem de perto aqueles que se isolam dos não-cristãos. Cristãos radicais não são aqueles que oram em pé. Não são aqueles que falam em línguas. Não são aqueles legalistas que sempre dizem não e muito menos os liberais que sempre dizem sim. Não são aqueles que oraram uma vez pedindo para Jesus entrar em seus corações e nada mais. Não são aqueles que sempre levantam as mãos na hora do apelo. Cristãos Radicais não são aqueles que vivem dizendo amém e aleluia. Não são aqueles que sabem versículos decorados. Não são aqueles que saem gritando que Jesus é o senhor pelo meio da rua. Não são aqueles que dizem que o fim está próximo e muito menos aqueles que julgam os outros. Cristãos radicais não são aqueles que estudam em colégios cristãos ou estudam teologia. Não são aqueles que colocam frases cristãs ou versos da bíblia em suas páginas na internet. É preciso bem mais do que isso para ser um cristão radical.

Cristãos radicais são aqueles inseparáveis de Cristo. Inseparáveis do seu caráter, do seu pensamento, de seus ensinos e mandamentos. Inseparáveis da sua palavra. Cristãos radicais são aqueles completos em Cristo e só em Cristo. Que não precisam de mais nada que o mundo possa oferecer para serem felizes. São aqueles que não precisam de dinheiro, nem de carros, nem roupas de marca, nem reconhecimento, fama e poder. Não precisam de paixões mundanas e nem de prazeres deturpados. São aqueles que estão plenamente preenchidos de Cristo. Não precisam de máscaras e escape baratos como álcool, drogas, sexo e rebeldia.

Cristãos radicais são aqueles que se mantêm invariáveis diante de uma sociedade promíscua. São aqueles que estão com a casa firmada na rocha, pois ouvem, lêem, estudam e praticam a palavra de Deus. São aqueles que os ventos do diabo não derrubam. Que permanecem inabaláveis em meio às tentações do mundo. Que não cedem ao pecado. Não mudam de opinião, pois tem uma fé solida e racional em Cristo. São aqueles que influenciam e não deixam ser influenciados pela sociedade. São aqueles que obedecem a palavra de Deus e agem como cristão mesmo sobre a chacota do mundo. São aqueles que defendem seus valores mesmo que a sociedade os ache ultrapassados e caretas. São aqueles que não se envergonham do evangelho de Cristo.

Cristãos radicais são aqueles que não só querem uma reforma absoluta na igreja, mas são a própria reforma. Começam a mudança primeiro com um coração em arrependimento. São aqueles que servem a Deus onde estão e a quem seja. Que saem de dentro das paredes da igreja. São aqueles que vão onde não vão ser bem recebidos e lutam por justiça. São aqueles que se importam com quem não merece. São aqueles que promovem a paz por onde passam. Que amam o próximo como cristo ama a igreja.

Cristãos radicais são aqueles que se consideram longe do que o mundo considera normal ou tradicional. Que amam o que Deus ama e odeiam o que Deus odeia. São aqueles que não vivem com a normalidade do mundo. São aqueles que não praticam sexo antes do casamento. Que guardam seus corações e não se entregam a qualquer um. São aqueles que não enchem seus ouvidos de porcaria e sexualidade. Que não assistem programas e filmes que Deus abomina. Que não conversam sobre coisas que Deus não aprova. São aqueles que não querem ser como mundo. Que não criam ídolos mundanos. São aqueles que não freqüentam lugares podres de pecados. São aqueles que fogem da aparência do mal e da imoralidade. Que odeiam o pecado e fogem dele com todas as forças. Cristãos radicais são aqueles que se separam do mundo em santidade porque o deus deles é um Deus santo!

Na real, ou você é um cristão radical ou não é nada.

E só pra lembrar, O cara ai da foto foi o mais radical que já existiu!

Escrevi pensando no ministério de adolescente onde eu sirvo, o Geração Radical.

Paz!"


Pedro Pamplona.


sábado, 5 de março de 2011

O trabalho com os jovens...


Nas últimas semanas, surgiu na minha igreja um interesse e iniciativa, por parte de alguns irmãos, de estruturarmos um trabalho específico com os jovens e adolescentes da igreja. Isso porque não há nenhum trabalho direcionado para os jovens lá, visto que a igreja passou por um processo difícil de transição de pastor e agora está recomeçando tudo. Então, o trabalho com os jovens é outra área que precisará de um recomeço.

Quando as conversas sobre esse assunto começaram, eu fiquei muito feliz. Fiquei entusiasmada e contente quando fui procurada por alguns irmãos para nos reunirmos para discutir o assunto com os demais jovens da igreja. Pensei no quanto poderia ser feito, pensei em missões, em doutrina, naquilo que o Senhor tem me ensinado nos últimos anos, enfim.

No entanto, imediatamente depois, o irmão que suscitou o assunto, começou a falar sobre “modernizar as atividades para agradar aos jovens” – trazer um “cantor gospel” para fazer uma “conferência” ou outra coisa que “jovem gosta”. E, então, meu entusiasmo se transformou em preocupação. E passei os dias subsequentes realmente preocupada com a questão.

E ontem retomei minha leitura do livro “Com vergonha do Evangelho: Quando a igreja se torna como o mundo”, de John MacArthur. Estava lendo sobre os manifestos de Charles H. Spurgeon, chamados “O Declínio”, que tratavam do afastamento das igrejas evangélicas da Sã Doutrina pregada na Palavra de Deus. Algo que me chocou profundamente! Uma realidade que aconteceu há mais de 100 anos, que envolveu um dos maiores pregadores da história do Protestantismo (o “Príncipe dos Pregadores”), que, em nome do “Modernismo”, chegou a condenar este homem, e que tem tanto a ver com a realidade de nossos dias! Como pode haver tanta similaridade? É a história que se repete mesmo.

Foi quando meus pensamentos voltaram para os questionamentos sobre “como desenvolver um trabalho com jovens, de forma a não se render ao modernismo e ao pragmatismo (teoria de que somente o que “dá resultado” é o que deve ser feito – no caso, entenda-se, “resultado numérico”) e não abandonar a sã doutrina?”. Essa tem sido uma pergunta frequente em minha mente e coração nas últimas semanas – com preocupação. Um trabalho com jovens é não apenas importante para uma igreja, é necessário! Nós precisamos estar envolvidos, de forma a participar ativamente da vida da igreja. A Bíblia diz que fomos chamados porque somos fortes e temos vencido o maligno! No entanto, este tem sido o público mais prejudicado e mais utilizado para os enganos do “modernismo” nas igrejas evangélicas da atualidade.

E minha reflexão, diante de tudo isso foi que a pergunta-chefe para definir como este trabalho deve ser planejado e conduzido deve ser: “Quem está no centro: Deus ou o Homem?”. A quem será dado o trono? Em quem estará o foco? Em minha opinião, isso define tudo.

O foco está em Deus, na compreensão e vivência prática da Sua Palavra, no significado da vida cristã, no chamado e vontade soberanas de Deus para nossas vidas, no honrar e glorificar ao Senhor? Ou o foco está em nós, seres humanos, no que nos deixa mais felizes, no que nos agrada mais, nos satisfaz e atende aos nossos próprios interesses? Esta é a questão.

A Igreja não é, e não deve se tornar, uma extensão do mundo. Se estamos atrás de entretenimento, o mundo tem muito disso para oferecer – e a Igreja nunca conseguirá competir com ele neste quesito. Igreja não é a continuação do mundo com uma capa “mais santa”. Igreja não é clube. Igreja não é fonte para o homem se sentir mais satisfeito. Igreja não é um lugar para o Homem estar no centro. Igreja é o lugar para chegar-se a Cristo, conhecer a Ele, aprender a honrá-Lo e glorifica-Lo, e, em comunhão com os demais membros do corpo de Cristo, crescer na graça do Senhor! Um lugar em que só há UM trono – e este é de Deus!

E isto deve ser o que guia qualquer trabalho no meio cristão – inclusive o de jovens. Qual deve ser o objetivo? Gostaria de citar dois textos bíblicos que falam exatamente sobre isso: Atos 2.42 (os quatro objetivos centrais da fé cristã) e II Timóteo 4. 1-4 (Exortações à Timóteo).


“E perseveraram na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2.42)

“Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” (II Timóteo 4.1-4)

O que fazer? Perseverar na doutrina dos apóstolos, em comunhão com os irmãos, na caridade e na oração. É tão simples. Por que insistimos em complicar o que é tão simples? Por que estamos sempre querendo encontrar outro caminho para substituir aquele que nos foi dado por Cristo? Não precisamos de respostas novas, pois a resposta para o homem sempre foi e sempre será uma só: a verdade que liberta - Jesus!

Ensinar e viver a Sã Doutrina. É o que ambos os textos falam. Pois chegariam tempos (e já têm chegado) em que as pessoas não a suportarão mais. Tempo de falsos mestres e de pessoas que não querem mais saber da verdade, e sim daquilo que satisfaz seus próprios desejos. Não é um quadro de nossos tempos? E o que Timóteo é mandado fazer? Ensinar as verdades eternas de Cristo. Esse deve ser nosso objetivo primeiro enquanto cristãos, porque essa é nossa necessidade básica após nossa regeneração em Cristo: aprender a sã doutrina que recebemos do Senhor e dos apóstolos para, então, a vivermos.

Quando falo que a doutrina, as Escrituras (compreensão e prática) devem ser o centro do trabalho com jovens (ou qualquer outro), não estou falando sobre “metodologia”. Não se trata de “como se irá fazer”. Tenho visto métodos super “jovens”, no sentido de serem diferentes e divertidos, para se pregar o Evangelho, exortar, ensinar e tudo o mais que foi dito a Timóteo para fazer. E acho isso muito legal! Sou de uma igreja Batista tradicional, sem muito barulho, sem muitas “inovações” na forma do culto, e me identifico com isso. Mas não acho que toda metodologia que seja menos “formal” seja errada. Tenho ficado realmente muito feliz ao ver verdadeiros servos de Deus pregando o Evangelho genuíno e puro, com autoridade, e utilizando de estilos menos “formais” – usando gírias, estilos musicais diferentes, bom humor. Não é sobre metodologia que estamos tratando, é sobre CONTEÚDO. Aonde se chegará. À satisfação do homem ou à glorificação de Deus? Esse é o ponto.

O que fazer? Mergulhar “de cabeça” na Palavra! Alimentar-se dela, viver dela, conhecê-la, amar a vontade de Deus expressa nela, e, então, praticá-la. Os modos para fazer isso? Haverá muitos, sem dúvida. Mas ela, a Sagrada Escritura, a vontade de Deus, é o centro, e não nós. Portanto, há de se questionar sempre: a atividade que estamos programando fazer tem como objetivo conhecer mais da Palavra de Deus, ensiná-la e vive-la? É algo que nos fará crescer enquanto cristãos e nos tornará mais parecidos com Cristo, levando a mensagem de Cristo aos que ainda não a conhecem, os quais são os maiores objetivos da vida cristã?


Que a resposta seja sim. E que Deus nos ajude a não perder o foco.

Soli Deo Gloria.


[*Ah, quem quiser ajudar nas ideias para o trabalho com os jovens, dentro desta perspectiva, ainda estou atrás de ajuda, ok? ;P]


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Como um jovem pode se manter puro? (C.H.Spurgeon)



De que maneira poderá o jovem guardar puro seu caminho? Observando-o segundo tua palavra.(Sl 119.9)

De que maneira poderá o jovem guardar puro seu cami­nho? Como poderá ele tornar-se e manter-se santo na prática? Ele não passa de um jovem, cheio de quentes paixões e carente de conhecimento e experiência; como poderá conquistar o certo e conservar o certo? Nunca houve uma pergunta mais importante para qualquer pessoa; nunca haverá um tempo mais oportuno para fazê-la do que no início da vida. Não é uma tarefa de forma algu­ma fácil para um jovem ver-se no espelho da realidade. Deseja escolher um caminho limpo, sendo ele mesmo limpo, ver seu ca­minho isento de qualquer imundície que porventura surja no futu­ro e encerrar mostrando um curso límpido desde o primeiro passo até o último. Mas, ai de mim!, dirá ele, meu caminho já é impuro pelo pecado atual que já cometi, e eu mesmo possuo em minha própria natureza a tendência para aquilo que contamina. Mas essa é uma questão muito difícil; primeiro, de começar certo; em se­guida, de ser sempre capaz de saber escolher o certo e de prosse­guir agindo certo até que a perfeição seja por fim alcançada - se isso é difícil para qualquer pessoa, como um jovem poderá conse­gui-lo? O caminho, ou a vida, de uma pessoa tem que ser purifica­da dos pecados de sua juventude atrás de si, e mantida pura dos pecados que surgirão diante de si: eis a obra; eis a dificuldade.

Nenhuma ambição mais nobre que esta poderá um jovem de­parar diante de si, nenhuma para a qual é ele chamado a assegurar uma vocação; porém nenhuma em que encontrará maiores difi­culdades. Entretanto, que ele jamais se esquive do glorioso empre­endimento de viver uma vida pura e graciosa; ao contrário, que ele descubra no caminho todos os obstáculos que precisam ser venci­dos. Tampouco pense ele que já conhece a estrada para uma vitó­ria fácil, nem sonhe que pode guardar-se por sua própria sabedo­ria. Fará bem seguindo o exemplo do salmista, tornando-se um solícito inquiridor, perguntando como poderá purificar seu cami­nho. Que se torne um discípulo prático do santo Deus, o único que pode ensiná-lo como vencer o mundo, a carne e o diabo, esta tríade de conspurcadores por meio da qual a vida promissora de muitos se torna conspurcada. Ele é jovem e inexperiente na estra­da, por isso não se acanhe de freqüentemente inquirir sobre o ca­minho de alguém que está pronto e habilitado para instruí-lo no mesmo.

Nosso caminho é um tema que nos preocupa profundamente, e é muitíssimo preferível inquirir sobre ele do que especular acerca de temas misteriosos que antes fascina do que ilumina a mente. Dentre todas as perguntas que um jovem faz, e são muitas, que esta seja a primeira e principal: "De que maneira poderei guardar puro meu caminho?" Esta é uma pergunta sugerida pelo senso comum e acossada pelas ocorrências diárias; mas não deve ser respondida pela razão desamparada; nem, quando respondida, as diretrizes podem ser confirmadas pelo poder humano impotente. Nossa tarefa é formular a pergunta; a Deus cabe fornecer-nos a resposta e capacitar-nos para torná-la concreta.

Observando-o segundo tua palavra. Querido jovem, que a Bíblia seja seu mapa, e que você exerça grande vigilância para que seu caminho se amolde a suas diretrizes. Você deve cuidar para que sua vida diária seja pautada pelo estudo de sua Bíblia, e deve estudá-la para que aprenda a precaver-se em sua vida diária. Com o máximo cuidado, uma pessoa ainda poderá extraviar-se, caso seu mapa a conduza equivocadamente; porém, com um bom mapa, ela ainda poderá perder sua estrada, caso esteja desatenta. O ca­minho estreito jamais poderá ser achado por acaso, tampouco uma pessoa descuidosa jamais viverá uma vida santa. Podemos pecar sem refletir; o que temos a fazer é apenas negligenciar a grande salvação e arruinar nossa alma. Obedecer, porém, ao Senhor e andar retamente carece de todo nosso coração, alma e mente. Que os displicentes recordem isso.

Não obstante, a palavra é absolutamente necessária; pois, caso contrário, a prudência se transformará em mórbida ansiedade e a escrupulosidade poderá transformar-se em superstição. Um capi­tão poderá vigiar de seu tombadilho a noite inteira; mas se nada conhecer da região costeira e não tiver a bordo nenhum piloto apto, com toda sua prudência poderá apressar-se para o naufrá­gio. Não basta querer ser certo; pois a ignorância pode levar-nos a pensar que estamos fazendo o serviço de Deus, quando, na verda­de, o estamos provocando; e o fato de nossa ignorância não rever­terá o caráter de nossa ação, por mais que ela mitigue seu poder criminoso. Se uma pessoa demarcar cuidadosamente o que crê ser uma dose de medicamento útil, ela morrerá se vier a perceber que lançou mão de um frasco errado e que serviu-se de um vene­no mortífero; o fato de fazer isso ignorantemente não alterará o resultado. Ainda assim, um jovem poderá cercar-se de dez mil males ao valer-se cuidadosamente de um critério imponderado e recusar o recebimento da instrução da Palavra de Deus. Ignorância inten­cional por si só eqüivale a pecado intencional, e o mal advindo daí é injustificado. Que cada pessoa, seja jovem ou idosa, que anseia ser santa, então mantenha em seu coração uma santa vigilância, e mantenha sua santa Bíblia aberta bem diante de seus olhos. Aí ela encontrará assinalada cada curva da estrada, cada lamaçal, cada atoleiro indicado, com a via de chegada desimpedida; e aí, tam­bém, achará luz para suas trevas, conforto para sua exaustão e companhia para sua solidão, de modo que, com seu auxílio, alcan­çará a bênção do primeiro versículo do Salmo, a qual inspirou a solicitação do salmista e despertou seus anseios.

Note a posição que a primeira seção de oitos versículos man­tém para com seu primeiro versículo: "Bem-aventurados os irre­preensíveis em seu caminho", e a segunda seção corre paralela a ele, com a pergunta: "De que maneira poderá o jovem guardar puro seu caminho?" A bem-aventurança que é posta diante de nossos olhos numa promessa condicional deve ser buscada de for­ma prática na forma designada. Diz o Senhor: "Por isso eu serei buscado pela casa de Israel para agir por eles."

Quanto mais depressa nos valemos de uma promessa de Deus, melhor; especialmente quando no raiar do dia nos nutrimos de ânimo, pois disse a Sabedoria: "Aqueles que no alvorecer me bus­cam, encontrar-me-ão." E lamentável que por um ano, ou mesmo um dia ou uma hora, percamos a bem-aventurança que pertence à santidade.