sábado, 1 de janeiro de 2011

O jovem cristão e o namoro (Pr. Clodoaldo Machado) – Parte 3

Transcrição da Palestra: O Jovem Cristão: A Vida Espiritual e o Namoro, Sete Vezes no Dia eu Te Louvo - Pr. Clodoaldo Machado (4 ª Edição da Conferência Fiel para Jovens - Ano 2006).

*Algumas modificações feitas por mim para melhorar a leitura.


Muitos casamentos não vão dar certo por estarem baseados somente em sentimento. Então, a pergunta não é “Com quem eu vou namorar?”, essa não é a pergunta. A pergunta é “Quem eu vou amar para ser o meu marido ou a minha esposa?”. É uma questão de decisão, não é uma questão se aconteceu. Você foi “atropelado pelo caminhão do amor”! Não é essa a questão. É uma questão de decisão. É quem eu vou decidir amar. Você tá entendendo que aí a coisa não vira acidental? Porque, se for acidente, como é que pode o relacionamento que Deus criou para o homem e para a mulher – o primeiro relacionamento de um ser humano com outro ser humano foi casamento, então por isso só nós já sabemos que é uma coisa muito importante –como é que uma coisa tão importante, aliás a decisão mais importante que um rapaz e uma moça tomam em sua vida depois de seguir a Cristo [...]ser baseada num acidente? “Aconteceu, eu estou apaixonado! Eu estou apaixonada! Surgiu!”. Como é que pode? Uma decisão tão importante, você não ter controle racional sobre ela, depender de sentimento: é o que eu to sentindo! Pessoal, casamento não é tiro no escuro! [...]

Não funciona. Eu não consigo entender isso! Eu consigo entender é alguém que tem uma decisão consistente porque ele conhece a Palavra, então ele resolve amar alguém, ele escolhe quem ele vai amar! E aí, você entra, não num casamento, você entra num namoro sabendo que o casamento vai dar certo! Porque você entende o que é o amor Ágape. [...] Eu realmente tenho sentimento, mas na hora que o sentimento faltar, eu tenho uma carta na manga, é o amor ágape, eu tenho essa carta na manga. [...] É a hora de entrar o amor racional, que não tem questão de sentimento, é uma questão de razão, de entendimento. “É a minha esposa, não interessa o que eu estou sentindo hoje! Eu vou amar esta mulher!”. “Eu vou amar este homem, porque diante de Deus nós nos casamos, nós nos comprometemos, então nós vamos viver!”. E faz a coisa racionalmente. Você vai ver que o negócio dá certo, o negócio funciona, porque na Bíblia era assim.

Então, a pergunta não é “Quem você vai namorar”, a pergunta é “Quem você vai amar, quem você vai escolher amar”. É escolha, é uma questão de escolha. E aí você vai ver questão de vida espiritual da pessoa, vai ver o compromisso dela com a igreja, vai ver o relacionamento dela com os pais, vai ver o relacionamento dela com o trabalho, todas essas coisas. Você vai poder montar o currículo dela, e vai ver: essa pessoa tem essas características, então eu posso amar esta pessoa, porque ela vai ser uma pessoa com quem eu posso passar o resto da minha vida! Então, é um pensamento racional antes. [...]

Então, se a questão não envolve sentimento, qual o lugar do sentimento? [...] Sentimento não tem que existir? Ora, o sentimento ele tem que existir, até porque Deus nos fez com capacidade de termos sentimento. Deus não nos fez robôs. Nós temos capacidade de sentir coisas. Deus nos fez com essa estrutura: nós sentimos, nós pensamos e nós temos vontade. [...] Agora tem um porém: o pecado afetou a estrutura, essa estrutura de “Pensar, ter vontade, ter sentimento e emoções”, o pecado inverteu. Você sabe o que passou a gerenciar nossa vida? O sentimento. As emoções é que passaram a gerenciar nossa vida.

John Newton, o autor do hino 314 do Hinário para o Culto Cristão [...] – o hino “Preciosa Graça” [...], ele disse uma frase interessante: “Nós damos o indevido respeito aos nossos próprios sentimentos”. Olha que interessante, que profundidade! Sabe o que a gente faz? A gente respeita muito o que a gente sente! Não precisa ser assim. A gente pode desrespeitar os nossos sentimentos pra fazer a vontade de Deus! Mas a gente fica numa torcida [...] pra que um dia o sentimento seja de acordo com a vontade de Deus. Mas eu vou dizer pra vocês: na maioria das vezes não é! Na maioria das vezes, o que Deus quer não é o que eu quero. E aí eu tenho que lutar contra. [...]

Na teoria vai bem. Eu tava conversando com a minha filha, falando assim: “Filha, Deus não falou que a gente tem que dar as coisas praqueles que nos pedem, Jesus não falou isso? Se alguém tem fome, dá comida; se alguém quer a tua capa, deixa-lhe também a túnica; se alguém quer demandar contigo uma milha, vai com ele duas... Filha, Jesus não ensinou que a gente tem que dar as coisas pras pessoas?”. Ela falou: “Ensinou!”. “Ele não ensinou que se a gente fizer isso Ele fica feliz?”. Ela falou: “Fica!”. Falei: “Filha, e se você fizer isso o papai não fica feliz?”. “Fica!”. “Então, por que você não dá isso aí pro seu irmão?”. “Não!”. É assim! Na teoria a gente vai bem, mas na prática: “Ai, não, eu quero satisfazer os meus sentimentos! Eu quero! Eu to apaixonado! Eu quero, e eu quero! Ai, Senhor...”.

A gente quer um Deus que se adeque às nossas vontades, e não nós nos adequarmos à vontade de Deus. Agora, o que glorifica a Deus? É quando o homem rejeita o mal, é quando o homem rejeita os seus próprios sentimentos. Lembra o que Jesus disse: “Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!”. [...] Cruz era sinônimo de morte. E Jesus disse: quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, morra todo dia, ou seja, negando os seus próprios sentimentos, negando-se a si mesmo e fazendo a minha vontade. O problema é que o sentimento que eu tenho pelo sexo oposto é muito forte, é difícil negá-lo! Aí a gente quer ajeitar as coisas, então a gente diz assim: “Ah, se não fosse da vontade de Deus, Ele não teria colocado esse sentimento tão profundo no meu coração!”. Aí o problema é de Deus, né? Vê como é igualzinho a Adão? “Senhor, foi a mulher que TU me deste! O Senhor não tinha uma melhor não?”. Era isso que ele tava dizendo! “Tá vendo! Eu tava bem, quem resolveu fazer foi o Senhor! Aí agora eu to aqui!”. Aí Deus vai pra mulher: “Foi a serpente! O Senhor não tinha uma cobrinha mais jeitosa não? Não tinha outra não?”. Foge da responsabilidade, quer transferir o problema! Mas Deus diz assim: “Eu não disse que Eu queria obediência? Eu sei que você tem sentimento, mas o que me glorifica é quando você nega os seus sentimentos e me obedece!”. Essa que é a chave da questão, não é se eu to “sentindo”. Por isso John Newton diz que nós damos o indevido respeito aos nossos próprios sentimentos.

Gênesis, capítulo 6, versículo 5, Deus disse que Ele olhou do céu e viu que a maldade do homem se havia multiplicado sobre a face da terra e que era continuamente mau todas as intenções e desígnios do seu coração. Deus olhou e não viu nada que vem do coração do homem que seja bom! O meu coração, pessoal, é ruim! [...] Mas a gente fala: “Não, isso aqui é sentimento, foi Deus que colocou aí, então eu tenho que correr atrás dele!”. Cuidado. Deus não tem nada a ver com isso. Deus quer obediência, e que você passe por cima dos seus próprios sentimentos. Foi isso que o pecado fez, ele afetou a estrutura do homem. O homem que deveria ser regido pela razão passou a ser regido pelo sentimento. Esse que tem sido, então, o padrão do mundo. O objetivo do homem é satisfazer o seu próprio sentimento. Porém, o sentimento é egoísta. [...] Quando vem o pecado, o homem se torna egoísta, ele não ama mais a Deus, e ele não ama mais ninguém – ele só ama ele mesmo. Tanto o homem como a mulher. Por isso que, na primeira chance que ele teve, ele falou “Oh, foi essa mulher!”, na primeira chance que ela teve, ela falou “Foi a serpente!”. Ninguém mais reconhece, ninguém mais serve, nós somos servidos. E assim é o ser humano.

Agora, você vê quando o rapaz encontra a moça. Pelo quê ele tem interesse? “Escuta, eu acabei de te conhecer, mas, então, eu queria saber do que você gosta, porque eu to tão interessado em satisfazer os seus sentimentos, as suas necessidades! Você poderia passar pra mim uma lista do que você deseja?”. Não é assim! Ele fala: “Essa pessoa vai ser jóia pra mim! Bonita, rica (oh louco hein!), uma pessoa inteligente...”, ele vai pensando em tudo aquilo que é bom pra ele! E ela também. O camarada com... – nenhuma ofensa aqui às moças – mas, “o camarada com um carrão desse aí, imagina a hora que eu descer lá na igreja!”. Vai pensando naquilo que lhe é agradável. Pessoal, isso é sentimento. Por isso que ele tem que ser regido, ele não pode ser regente! Ele tem que ser regido pelo que? Pelo amor ágape. O amor racional.

“Não seja escravo dessas coisas”.

[Continua...]
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Foi a parte que mais falou comigo...
Como fala em Pv. 16 "O nosso coração faz planos, mas a resposta certa vem do Senhor...". Nós e os nossos sentimentos contrários à vontade de Deus. Imagino que, em algumas vezes, esses sentimentos até estão em conformidade com a perfeita vontade do Senhor, mas o nosso imediatismo, nossa impaciência acabam com o tempo de Deus para nossa vida.....
Busquemos discernimento e sensibilidade........
Edimar.