Vou falar para os rapazes. A
situação é essa: você conhece alguém legal, se aproxima, descobre semelhanças e
se tornam amigos. Se tornam amigos de verdade. Passam muito tempo juntos,
compartilham coisas, gostam da companhia um do outro. Você (rapaz) tem a
certeza de que ela está interessada em você (afinal, por quê ela investiria
tanto tempo e atenção em você se não estivesse, não é?) e você,
definitivamente, está totalmente envolvido. Tem convicção de que encontrou a
pessoa certa. Finalmente, se declara. E ela...
Ela toma um choque. “Nunca havia
pensado nisso”. Mas promete parar pra pensar. E ela pensa... E pensa em muitas
coisas: o quanto gosta da sua companhia, de conversar com você, quanto admira
suas qualidades, sua maneira de pensar e agir, o quanto gosta da atenção que
você dispensa a ela, até mesmo que poderia ser legal estar junto de você pelo
resto da vida. Mas... em sua declaração havia uma convicção quanto a um futuro
juntos, algo tão intenso e definido, que ela não sente. Não há tanta certeza
assim quanto a querer um futuro juntos no coração dela.
Ela entra em crise! Não quer
perder a sua amizade, da qual tanto gosta, mas não tem certeza se quer ir além
disso. A verdade? Ela quer ser apenas sua amiga. Gosta de verdade de sua
amizade, isso é precioso pra ela. Mas não pensa, de fato, em ir além disso e
investir em algo “para sempre”. Você quer saber o porquê disso acontecer? Esqueça!
Ela também não sabe. Só sabe que, apesar de gostar sinceramente de você como
pessoa, não é a pessoa com quem “se vê” passando o resto da vida.
Porém, se lhe disser um não
definitivo, acabará com suas expectativas, ferirá você e, assim, acabará perdendo
sua amizade que tanto valoriza. Ela não quer lhe magoar, de verdade. Então, ela
tenta “salvar as coisas”: não lhe dirá um “definitivo não”, ao invés disso,
tentará demonstrar isso paulatinamente, “lhe fazer entender”, mas continuando a
ser “sua amiga” como sempre.
Talvez ela até tenha lhe falado
que não tinha certeza, que “naquele momento, ela não via o relacionamento de
vocês assim” ou que “precisavam deixar o tempo passar” ou mesmo que você não
era o cara que ela estava esperando. Mas, apesar disso, ela continua lá – do
mesmo jeitinho de sempre. Ela falou que “não sabia” ou que “não queria”, mas
continuou ligando, querendo conversar e compartilhar de sua vida com você,
pedindo seus conselhos e querendo sua companhia, sendo meiga, atenciosa,
carinhosa... Sua conclusão parece óbvia (para você): “Ela está insegura, mas
gosta sim de mim!”. Mas, para ela, a conclusão não é assim tão óbvia: “Eu já
disse que não tenho certeza. Ele vai perceber que não sinto o que ele sente,
mas podemos continuar sendo amigos...”.
Para você, estão investindo em um
relacionamento romântico. Para ela, você deve ter entendido ou estar entendendo
que ela gosta muito de sua amizade, mas não está preparada pra ir além disso. E
ambos vão seguindo assim, se encontrando, curtindo a presença um do outro,
dividindo sonhos, projetos, percepções... mas, sem perceber – ou sem querer
perceber – que estão investindo em coisas diferentes.
[...]
Talvez a questão seja exatamente
essa. Ele não quer lidar com o fato de que ela não sente o mesmo que ele, pois
isso irá doer e ele não quer perder as esperanças de que seu sonho de ficar com
ela se realize. Ela não quer lidar com o fato de que ele realmente gosta dela e
de que ela precisa ser sincera e que isso, sim, o magoará e abalará a amizade,
que ela perderá a atenção que ele tanto lhe dispensa e que isso fará muita
falta, mas que não é justo permitir que ele continue alimentando uma esperança
que ela mesma não alimenta. É mais fácil, para ambos, fingir que não estão
vendo o que acontece.
Não sei dizer se ele realmente
não vê que ela não corresponde aos seus sentimentos, que o que ela sente é
diferente do que ele sente, afinal, ela continua sendo tão atenciosa e
carinhosa. Não sei, meninos. Mas, a esse respeito, posso falar para as meninas:
nós somos muito egoístas quando permitimos que um rapaz que já declarou
abertamente alimentar expectativas futuras e sérias a nosso respeito continue
alimentando-as, quando nós não compartilhamos dessas expectativas! Se não temos
a convicção que eles têm, precisamos deixar isso CLARO para eles! E deixar isso
CLARO, de certo, não inclui querer continuar estando todo tempo perto,
estimulando a atenção deles para conosco e investindo muitas das nossas
atenções neles. Sim, nós não queremos perder a amizade daquele cara de quem
tanto gostamos, e por isso fazemos isso, mas está errado! Ele está envolvido,
de verdade, e nossa aproximação constante só passará a mensagem de que também
queremos esse mesmo envolvimento e, por isso, o estimulamos.
Menina, se você não pode sentir a
convicção que ele sente a respeito de um futuro juntos, você precisa ser
sincera e clara. E, atenção, você precisa ser sincera e clara com VOCÊ mesma,
em primeiro lugar: ainda que vá doer o não poder corresponder ao sentimento
dele, você precisa ser honesta com você mesma sobre se o que você quer é apenas
a amizade e companhia dele, ou um compromisso romântico sério e definitivo. Não
podemos fugir dessa resposta, em função do medo de magoá-lo. Com absoluta
certeza, ele sairá muito mais ferido quanto maior for o tempo que as suas
expectativas e sonhos forem alimentados enganosamente. Não é fácil, mas é
egoísmo colocar nossa necessidade de continuar com aquela amizade acima dos
sentimentos que ele está desenvolvendo e que serão frustrados. Se realmente você
gosta dele, pense nele em primeiro lugar e deixe as coisas claras.
[...]
Então, (rapaz), ela finalmente
resolveu colocar um “ponto final”. Resolveu assumir que não acompanhava suas
expectativas quanto ao futuro e lhe dizer isso. E o seu mundo desaba! Aquilo
que você estava se esforçando tanto para não ver, de repente, parece ser jogado
bruscamente em seu peito, dilacerando cada um dos seus sonhos mais profundos!
Você realmente queria passar o resto de sua vida do lado daquela moça! E você
se sente traído, enganado. O que vai fazer com todo esse sentimento, agora? O
que vai fazer com todos os seus sonhos, todos os planos de passar o resto da
vida juntos? Parece que tudo de mais importante que você estava construindo nos
últimos tempos de sua vida desabou.
Agora, você precisa se
distanciar. Você precisa ficar só, pra tentar entender o que fazer com tudo
isso e como sobreviver a essa perda. E esse é EXATAMENTE o maior medo DELA!
Você simplesmente some – e, agora, é ela quem se desespera! Ela tem consciência
de que seu mundo deve ter se destroçado e dois sentimentos se misturam dentro
da mente e coração dela: a culpa por fazê-lo se sentir assim (justamente você,
uma pessoa de quem ela tanto gosta!) e o medo de perder a sua amizade, que é
tão especial na vida dela. O resultado: ela tentará, de toda maneira, impedir o
seu distanciamento!
Com uma sinceridade dolorosa até
para mim mesma, enquanto mulher, cheguei a uma conclusão bem difícil em relação
à essa necessidade de reaproximação que nós, meninas, costumamos desenvolver:
egoísmo. Sim, por mais difícil que seja assumir isso, há muito de egoísmo em
nossa postura, talvez essa seja a nossa maior motivação intrínseca. A verdade é
que estamos pensando em nós mesmas em primeiro lugar e acima das necessidades
do outro: queremos nos livrar do sentimento de culpa por tê-lo magoado e,
assim, nos sentir menos mal por ter dito um “não”; temos medo (e não queremos)
perder aquela atenção tão dedicada que recebíamos antes; até pensamos em quanto
seria doloroso vê-lo dedicando a atenção que antes era nossa à outra menina. E
por isso é tão difícil aceitar a distância. Isso não quer dizer que não
gostávamos de fato da amizade dele ou que não tenha doído mesmo em nós o não
corresponder aos seus sentimentos. Porém, na hora de decidirmos como nos
comportar nesse momento de término, na hora que decidimos insistir em uma
reaproximação, é em nós e nossas necessidades que pensamos – e não na dor que
ele está sentindo e em sua necessidade. E isso é egoísmo. E precisamos refletir
muito honestamente acerca de nossos próprios corações e motivações nesse
momento.
Agora, algumas
reflexões/sugestões para cada caso:
MENINAS: Nós precisamos entender
que eles NECESSITAM desse distanciamento. Eles precisam ficar sozinhos, afinal,
sonhos e expectativas que eles construíram de maneira muito intensa precisarão
ser desfeitos e não é nada fácil lidar com isso! Sei que sabemos disso, que
ficamos preocupadas, que não gostaríamos de ter sido instrumentos pra que isso
acontecesse nas vidas deles, que não queremos que as coisas terminem dessa
maneira, com o fim da amizade e de tudo de bom que foi construído, e é por
esses motivos que não aceitamos o distanciamento deles e que não conseguimos
ficar muito tempo sem algum contato. Mas, PRECISAMOS compreender que esse é um
tempo que eles precisam – LONGE DE NÓS. Que nossas tentativas repetitivas de
reaproximação encherão o coração deles de confusão, de falsas esperanças
novamente, e isso dificultará ainda mais o processo de superação que eles
precisam passar. Infelizmente, talvez nada volte a ser como era antes.
Provavelmente. Talvez o tempo permita que algum contato seja retomado, mas esse
tempo não será duas semanas ou dois meses. Vai demorar pra que eles se refaçam
depois de algo assim, e nós precisamos respeitar esse tempo. É um desafio para
nós – tanto se alguma de nós passar por essa situação, quanto se alguma de
nossas amigas passarem. Devemos lembrar que eles precisarão de um tempo
totalmente longe.
MENINOS: Só o que as meninas
querem saber é que vocês não as ODEIAM e não as consideram as PIORES CRIATURAS
DA FACE DA TERRA! É assim que elas estão se sentindo e é isso o que elas acham
que vocês estão pensando a respeito delas. Parece dramático? Nós somos
dramáticas mesmo! Elas se sentem mesmo culpadas por fazerem vocês passarem por
uma decepção assim. Elas realmente gostavam da amizade de vocês – não era “uma
farsa”. E é mesmo MUITO doloroso pra uma mulher magoar alguém de quem se gosta,
especialmente se essa pessoa gosta dela de uma maneira especial. Nenhuma moça
de verdade gostaria de passar pela situação de ter que frustrar os sonhos de um
rapaz. Isso é horrível para nós também! Não quero, com isso, justificar
qualquer coisa ou defender o “meu sexo”, pois, tentando (pelo menos) me colocar
no lugar de vocês, já imagino o tamanho da dor que vocês passam, quão maior ela
deve ser “na real”. Mas gostaria que vocês soubessem que, pelo menos nos casos
das meninas sérias, elas não estavam brincando propositadamente com os
sentimentos de vocês. Então, se posso pedir algo a vocês, pediria que vocês
pudessem dizer a elas que não as ODEIAM (espero que não odeiem!), que a questão
não é que vocês não querem mais vê-las “nem pintadas de ouro” porque passaram a
“abominá-las”, mas que vocês precisam de um tempo sozinhos para tratar seus
próprios corações. Deixem claro que vocês precisam desse tempo sozinhos para se
refazer. Só queremos saber que aquele que um dia foi um amigo especial em nossa
vida não passou a nos achar as piores pessoas da terra. Se puderem, se
realmente não acharem isso, digam isso, e talvez as coisas caminhem de uma
forma melhor para ambos.
Não estou escrevendo isso por ter
passado por algo assim recentemente (apesar de já ter passado, em algum momento
da minha vida), mas porque tenho visto pessoas sofrendo por conta dessa
situação. E por perceber que muito desse sofrimento decorre da falta de
entendimento que temos do outro lado – ou da falta de tentarmos ver que existe
um outro lado também. Que as meninas se coloquem no lugar dos rapazes e, assim,
percebam que a dor deles precisa de distância para ser tratada. E que os
rapazes (se é que se pode pedir algo a eles, nessa circunstância) tentem se
colocar um pouquinho no lugar dessas moças que feriram seus corações (mas que
não gostariam de tê-lo feito), para perdoar ou, pelo menos, saber explicar um
pouco suas necessidades a elas, ou alguma coisa assim.
No final, que Deus nos ajude a
crescer através de todas essas coisas e que toda dor que Ele nos permite passar
seja para que sejamos moldados cada vez mais à semelhança de Cristo. Que tudo,
no final, redunde em glória Àquele cujos caminhos e vontades são sempre
perfeitos. Ele sempre está no controle, afinal.
Ele ajude-os a se reerguer e
voltar a caminhar.