sábado, 9 de maio de 2020

A humanidade, Deus e a Morte




Não fomos criados para a morte. Fomos criados para uma vida eterna. Adão e Eva, os primeiros seres humanos, foram colocados pra viver num jardim que tinha, em seu centro, a Árvore da Vida, cujos frutos lhes concediam vida sem fim. A morte entra na história da humanidade como castigo, como consequência da decisão do ser humano em viver uma vida do seu jeito, independente de Deus. Mas não era pra ela estar lá. Então, ela tornou-se nosso maior inimigo. O pagamento pelo nosso pecado (Rm 6:23). O último inimigo a ser vencido (1 Co 15:26). Criados para a eternidade e abruptamente expulsos dela, nosso coração rejeita essa realidade, a realidade da morte, da forma mais intensa possível. Deus colocou no coração de cada ser  humano o anseio pela eternidade (Ec 3:11). Por isso, essa morte que é inimiga, que é castigo e memória de nossa queda, que é a quebra da eternidade que nosso coração tanto anseia nos dói tanto, nos assusta tanto, nos dilacera, nos desespera, nos quebra em tantos pedaços! Queremos viver e queremos que todos aqueles a quem amamos possam viver para sempre ao nosso lado!

Contudo, quando a história parecia ter acabado, escravos que éramos desse juiz implacável que tanto nos apavora, o Criador da Vida e Senhor da história vem mostrar que essa morte era também a Sua última inimiga! O Eterno torna-se carne para tomar sobre si o preço que toda carne da face da terra terá que pagar: o preço da morte. Ele paga o preço. Ele deixa que o inimigo o destrua. A Vida vencida pela Morte. Mas a história não termina assim. É deixando-se morrer, como a semente ao chão, que a Vida vence a Morte. O último inimigo é, finalmente, destruído. Hoje, nesta nossa vida terrena, experimentamos o "JÁ" dessa vitória, experimentando a vida da alma como nunca antes imaginaríamos. Mas também vivemos o "AINDA NÃO" dessa vitória: a vitória final, em que nem mesmo nossa carne poderá mais ser ferida pela morte. O Apóstolo Paulo nos diz, em 1 Co 15:54 que chegará o dia em que tudo aquilo que é corruptível se revestirá de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestirá de imortalidade e então poderemos dizer sobre a morte que tanto nos assusta: "A morte foi destruída pela vitória"!

Sim, ela ainda nos assusta, ela ainda tem o poder de nos ferir de maneiras tão profundas. Contudo, confiantes na obra do próprio Deus, em Seu Filho Jesus Cristo, chegará o dia em que poderemos olhar nos olhos da morte e dizer “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu poder de ferir?”. (1 Co 15:55)

Vivemos, hoje, essa realidade tão opaca, corrompida, seca, cinzenta, sedenta da vida. Tão cheia de dores e lágrimas. Mas ela não é toda a realidade. Ela não é a parte mais importante da realidade. Ela é apenas uma parte, uma introdução, um trailer para a verdadeira vida, a esplêndida, luminosa, colorida e plena vida que aguarda a todos aqueles que voltaram para Eterno Deus. E, por isso, a morte não terá a palavra final. Ainda que ela nos fira tanto agora, a palavra final já foi dada. E ela é palavra de vida eterna, para todo aquele que nessa Palavra construir a sua vida aqui.

"O pecado é o aguilhão da morte que nos fere, e a lei é o que torna o pecado mais forte. Mas graças a Deus, que nos dá vitória sobre o pecado e sobre a morte por meio de nosso Senhor Jesus Cristo! (1 Coríntios 15: 56-57)

"Apenas pense por um instante (e que isso seja só o começo do seu tormento) no que ele sentiu naquele momento; como se a casca de uma velha ferida tivesse caído, como se ele se despisse de uma horrível doença de pele, como se tivesse se livrado para sempre de um traje imundo. (...) O que dizer, então, dessa limpeza final, desse despir definitivo?" (A morte de um filho de Deus aos olhos de um diabo, em "Cartas de um diabo a seu aprendiz" - C.S. Lewis)

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