quinta-feira, 7 de maio de 2020

Fé e Ciência em tempos de Pandemia



Neemias volta para Jerusalém com a missão pessoal de reconstruir os muros da cidade. Mobiliza o povo, que morava nas redondezas, e começam os trabalhos. Inimigos dos judeus, vendo aquele projeto, zombam e criticam e desacreditam do feito, mas dias depois o muro já estava na metade. Então, os inimigos tramam invadir a cidade e causar confusão, para impedi-los de terminar aquela obra. Mas Neemias descobre, e o que ele faz diante da ameaça é que merece nossa atenção. Neemias diz:

"Mas nós oramos ao nosso Deus e colocamos guardas de dia e de noite para proteger-nos deles. Por isso posicionei alguns do povo atrás dos pontos mais baixos do muro, nos lugares abertos, divididos por famílias, armados de espadas, lanças e arcos. (...) disse aos nobres, aos oficiais e ao restante do povo: "Não tenham medo deles. Lembrem-se de que o Senhor é grande e temível, e lutem por seus irmãos, por seus filhos e por suas filhas, por suas mulheres e por suas casas". Daquele dia em diante, enquanto a metade dos meus homens fazia o trabalho, a outra metade permanecia armada de lanças, escudos, arcos e couraças. (...) Aqueles que transportavam material faziam o trabalho com uma mão e com a outra seguravam uma arma, e cada um dos construtores trazia na cintura uma espada enquanto trabalhava; e comigo ficava um homem pronto para tocar a trombeta." (Neemias 4: 9,13-14; 16-18)

Homem de Deus que era, Neemias fez várias coisas: mandou o povo orar e confiar em Deus, mas também mandou o povo pegar armas, colocou guardas em lugares estratégicos dos muros, um homem prestes a tocar a trombeta, e o trabalho continuar - com cada trabalhador construindo o muro com uma mão e segurando a sua espada com a outra. Que lição para este tempo de pandemia!

Como relacionar fé e ciência nesse tempo de tamanha ameaça? Há quem diga que não precisamos da ciência - nem de remédios, nem de vacina, nem de prevenção, nem de isolamento social - porque temos fé em Deus e Ele nos protegerá, basta orarmos e jejuarmos. Há quem diga que não precisamos de Deus - porque temos a ciência, a medicina, a inteligência humana e seus remédios e estratégias e eles nos protegerão - então quem precisa de oração e jejum?

Neemias nos ensina a ser sábios. Ele chamou o povo para orar e lembrar dos grandes feitos de Deus, confiando e descansando o coração nEle. Mas não parou aí. Ao mesmo tempo, mandou o povo pegar as armas e se organizar estrategicamente.

Oração e fé, armas espirituais. Espadas, lanças, escudos, arcos e couraças, guardas e tocadores de trombetas: estratégias humanas. Precisamos de ambos! Entregar a Deus nossa vida para que Sua vontade seja feita, mas também usar a inteligência que Ele nos deu. Porque, ao criar o homem, Deus o fez à Sua imagem e semelhança, compartilhando com o ser humano inteligência e capacidade criativa. E isso vale para todos os seres humanos, redimidos por Cristo ou não. E, assim, em cada fruto da inteligência e criatividade humana há uma expressão da Glória do Deus que é a inteligência e o poder criativo supremo. Ele não tem ciúmes ou se sente insultado quando usamos a capacidade humana para lutar contra as ameaças: Ele é louvado, pois é Ele mesmo a fonte da sabedoria de todo e qualquer homem.

Que nossa fé não seja tola, ingênua ou simplista. Leiamos a Bíblia. Compreendamos o que Deus quer ensinar através dela. E aprendamos a adorar a Ele em todas as coisas, porque "dEle, por meio dEle e para Ele são todas as coisas" (Rm 11:36). Entregue sua vida em fé e oração nas mãos de Deus, mas não se esqueça de fazer a sua parte. Assim, você estará amando a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.

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