quinta-feira, 7 de maio de 2020

Reflexões sobre a Pandemia




Ontem, orando sobre esse tempo de Coronavirus e pedindo a Deus que nos ajude a entender o que Ele está querendo falar à humanidade mediante tudo isso, fui às Escrituras e me deparei com o capítulo 25 do livro de Levítico: o Ano Sabático e o Ano do Jubileu. 

De forma resumida, Deus havia instituído o sábado como o dia em que todo o seu povo deveria parar todo o seu trabalho para descansar e voltar-se para Ele. O Ano Sabático e o Ano do Jubileu seriam o descanso instituído para a Terra e para a corrida pelo crescimento financeiro que não se preocupa com os necessitados. A cada 6 anos, 1 ano de descanso deveria ser dado a terra, sem arar, sem plantar, sem aparar, apenas colher do que a terra desse (Lv 25. 1-7). A cada 49 anos, deveria-se viver o ano da libertação de propriedades adquiridas: a propriedade comprada de alguém, deveria ser devolvida ao seu dono original e, quando vendida, o preço de venda de uma propriedade deveria depender de quantos anos ela ainda permaneceria sob posse do novo proprietário antes do ano do Jubileu: sem exploração do irmão! (Lv 25. 9 em diante).

E como isso me fez pensar no que está acontecendo agora. Quão facilmente achamos que somos o centro do universo: não apenas nós enquanto "humanidade", mas EU enquanto indivíduo. Quão fácil achamos que tudo é sobre "MIM". 

Não podemos parar o trabalho para ficar com a família, para criar os filhos, para cuidar da saúde, para cuidar do espírito, porque precisamos crescer, ser reconhecidos, ter mais, produzir. 

Parar a terra? Dar uma pausa na exploração da criação? Diminuir a emissão de gases tóxicos? Efeito estufa? Poluição dos rios? Desmatamento? Impossível! Precisamos produzir! O mundo não pode parar!

Parar essa nossa luta maluca por ter cada vez mais, independente se isso está deixando outros com cada vez menos? Não mesmo! Cada um precisa cuidar do que é seu e não posso ser o responsável pelos problemas dos outros! Preciso garantir o meu!

Deus estava ensinando aquele povo que, para a vida funcionar, precisamos entender que é nossa obrigação, é nossa necessidade parar de olhar apenas para nós mesmos e essa escravidão idólatra que o dinheiro gera, e olhar para a vida ao nosso redor, para as pessoas que nos cercam, para a criação de Deus e para os mais necessitados. Mas a humanidade não aprendeu isso. 

E minha pergunta é se Deus não está nos dando um sábado, um "Ano Sabático" e um "Ano do Jubileu" obrigados, impostos, como descanso que Ele sabe que cada ser humano, cada família, cada terra, floresta, rio, geleiras, atmosfera e cada indivíduo esquecido e explorado dessa terra precisa para continuar tendo vida. Lembrei das imagens mostrando o descanso da natureza. Pensei em há quanto tempo muitas das famílias que hj estão "obrigadas a ficar juntas em casa" não se encontravam para 1 semana sequer juntos. Pensei em há quanto tempo não paravamos pra pensar nas necessidades, nas dificuldades, nas lutas que os moradores das favelas, das ruas, dos campos de refugiados, da Índia, das aldeias africanas, do norte e nordeste do Brasil, do sertão e dos interiores, das periferias de nossas próprias cidades enfrentam todos os dias pra viver. Há quanto tempo não paravamos pra pensar em todas essas coisas? Há quanto tempo não as enxergavamos? Há quanto tempo não abriamos mão de um privilégio pessoal, individual pelo bem da coletividade, daqueles que nem conhecemos, que nem fazem parte de nossos guetos? Há quanto tempo não nos esforçavamos tanto para tentar ajudar outros a lembrar como é viver humanidade?

Que nossos ouvidos estejam abertos para ouvir, porque Deus está falando. 

"A terra não poderá ser vendida definitivamente, PORQUE ELA É MINHA, e vocês são apenas estrangeiros e imigrantes" (Lv 25.23)

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