sexta-feira, 11 de março de 2016

Quaresma – Dia 28 – Reagindo à repreensão



“Saindo Jesus dali, passaram os escribas e fariseus a argui-lo com veemência, procurando confundi-lo a respeito de muitos assuntos, com o intuito de tirar das suas próprias palavras motivos para o acusar” (Lucas 11.53-54)

Como você reage quando é repreendido por alguém, quando alguém chama a sua atenção? Jesus estava fazendo isso com os fariseus e os escribas nos versos de Lucas 11. 37 a 52. Ele censurou os fariseus e os intérpretes da Lei, expondo seus pecados, sua falsa religiosidade, sua hipocrisia. Jesus lhes tirou as máscaras. E é interessante que Jesus nem fez isso diante da multidão. O texto diz que Ele estava à mesa com um fariseu que O havia convidado para comer com ele. Dá a ideia de que eles estavam na casa do fariseu. Mas, mesmo fazendo estas exortações tão sérias e pesadas àqueles líderes religiosos, eles não se arrependeram. Após ouvir todas aquelas revelações a respeito da condição errada e falsa de seus corações e de suas ações religiosas, aqueles homens, que poderiam ter assumido a sua culpa, o seu pecado, e se arrependido, e pedido o perdão de Jesus, não o fizeram. Ao contrário, ao invés de assumirem-se pecadores e pedir perdão, eles decidem encontrar desculpas para matar o Cristo.

E essas são as duas opções que temos. Ou nos humilhamos, assumindo nossa fraqueza e pedindo ajuda; ou nos vestimos de presunção e vaidade e tentamos reverter o quadro, transformando em acusado aquele que nos acusa. Humildade ou orgulho. São as duas opções. Ou tirar as máscaras, ou reforça-las, tirando de nós o foco do julgamento e colocando-o sobre a vida daquele que nos estava revelando. E é exatamente uma dessas duas coisas que nós fazemos quando somos acusados, quando somos repreendidos. Ou reconhecemos ou também nos tornamos acusadores – e ainda mais ferrenhos do que aquele que nos exortou. Se não assumimos nosso papel de “vilões”, para defender nossa falsa fama de “mocinhos”, então nossa saída é transformar todos os que “ameaçam nossa fama” também em vilões. Jesus era Santo – O Messias. Mas aqueles homens precisavam transformá-Lo no vilão, para defender o seu orgulho, para não precisarem reconhecer quão maus eram. Então, mais fácil era transformar Jesus em alguém mau do que reconhecer que Ele estava certo.

E é assim com a gente. Não só quando Deus nos repreende (diretamente, pelo Espírito Santo em nossa consciência). Mas, principalmente, quando as pessoas nos repreendem. Quando Deus nos repreende por meio das pessoas. Quando elas expõem nossos erros e pecados. É tão difícil ser exortado. É duro, dói. A repreensão nunca é algo fácil. Porque é um confronto ao nosso ego, ao nosso orgulho, à nossa vaidade, à nossa necessidade de aceitação, ao nosso desejo de ser deus. A verdade é que o maior pecado de todo ser humano é o desejo de usurpar o lugar de Deus. Ser iguais a Ele, tomando-Lhe o centro. E quando somos censurados e expostos, todos descobrem que não somos “deus” coisa nenhuma. Somos pecadores. E quanto lutamos para esconder essa verdade dos outros – e de nós mesmos.

Mas esse caminho não é um caminho possível para nós, cristãos. Porque só há lugar ao lado de Deus quando há arrependimento. Porque só há lugar para UM DEUS na vida do cristão. E não somos nós. Porque o caminho de Cristo é o caminho da cruz, da humilhação, da diminuição, para que o Pai seja quem cresça. E isso começa nas pequenas coisas. Começa em reconhecermos o orgulho que há em nós – e que se manifesta, ou tenta se manifestar, cada vez que alguém nos chama a atenção. Todas as vezes em que não podemos simplesmente responder “É verdade. Eu fiz isso. Me perdoe”, mas precisamos nos justificar eternamente, para convencer de que estamos sempre certos. Começa em aprender a ficar calados. Aprender a pedir perdão. Aprender a tirar as máscaras e mostrar seu pior lado. É assim que se aprende a ser cristão. É assim que se cresce na fé. Não há lugar para nosso ego, nosso orgulho, nossa vaidade.

Que não sejamos como estes escribas e fariseus que, para se defender, procuram motivos para acusar quem lhes exorta. Que não sejamos assim. Que reconheçamos o pecado em nossa vida, que nos arrependamos, que procuremos mudar – e que nos lembremos que aqueles que nos exortam com sinceridade são verdadeiros amigos e instrumentos de Deus. São voz do Espírito Santo, que é quem nos convence do pecado, da justiça e do juízo. E precisamos dar ouvidos à essa voz. Porque precisamos dela para mudar e para crescer. Que nunca calemos essa voz em função de nossa necessidade de defender nossa “reputação”. Que aprendamos a ser humildes – com o mais humilde dos homens que viveu sobre esta terra: Aquele que deixou o Seu reino celestial e humilhou-se, fazendo-se como um de nós, pecadores, por amor ao Pai e ao próximo. Ele é nosso maior exemplo. E é exatamente com a simplicidade e a humildade dEle que devemos reagir à repreensão. Para que Seu Nome seja glorificado. E que Ele nos ajude. Amém.


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