quinta-feira, 24 de março de 2016

Quaresma - Dia 37 - Nossas pequenas moedinhas


"Viu também certa viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas; e disse: Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos" (Lucas 21.2-3)

E acho que nós sempre precisaremos lembrar desse ensino da Palavra. Achamos que Deus está interessado em nossa produtividade, nossa utilidade, quantas coisas temos em nossas mãos para oferecer a Ele, o tamanho de nossas ofertas, o tamanho de nossos dons, nossas capacidades, nosso trabalho, nosso tempo em atividades religiosas... E aí as Escrituras nos falam desta viúva pobre. Lá estavam os ricos lançando suas enormes ofertas e achando-se tão importantes por isso, mas é à viúva que Jesus elogia - com suas duas ínfimas moedinhas. Porque não é com a quantidade da oferta que Ele se preocupa, é com o tamanho da entrega. Não com nossas capacidades à serviço dele, mas com nossas vidas entregues a Ele. Aquela viúva se entregou, integralmente, a ponto de entregar sua sobrevivência - ainda que isso significasse apenas duas moedinhas no fundo do gazofilácio.

E nós precisamos aprender isso com ela e com aqueles ricos. Os grandes montantes entregues por aqueles homens ricos não impressionaram Jesus. Porque Ele olha para dentro, e não para fora. Foi o coração daquela mulher, provavelmente desprezada por aqueles homens ricos, provavelmente se sentindo tão pequena e sem utilidade, provavelmente envergonhada por entregar tão pouco... mas foi o coração dela que despertou a admiração do Mestre. E é assim conosco.

Quanto tempo e energias temos gastado tentando conquistar a admiração do Mestre por meio de nossas muitas ofertas - nosso muito trabalho, nossas muitas atividades, nossa muita inteligência, nossos muitos dons e capacidades... e quantas vezes temos vivido sobrecarregados e infelizes por nunca nos sentir bons o suficiente para agradar ao nosso Senhor, sempre sentindo precisar de mais, sempre nos cobrando uma oferta maior... quando nos esquecemos que não é nada disso o que Ele está procurando em nós. E não é por nenhuma dessas coisas que Ele nos ama. Não é com essas coisas que Ele está preocupado e interessado. E vamos perdendo nossas vidas investindo nas coisas erradas - nas coisas que agradam e conquistam a admiração dos homens, mas não a de Deus.

É nossa vida o que Ele deseja. Nosso coração o que Ele quer. Uma entrega total, amor total, confiança total... é uma condição interna, não externa. É a mudança e o compromisso que nenhum homem pode ver, só Ele pode. E é com isso que Ele se importa. Não interessa qual será o resultado da conversão disso em bens quantificáveis e observáveis. Não importa se serão apenas duas moedinhas. É nossa vida - toda ela - o que Ele quer. Nosso amor. Só. Não precisamos convencê-Lo que somos bons ou dignos de ser amados. Nós não somos. Mas Ele nos ama mesmo assim. Porque escolheu nos amar. Não precisamos ficar nos esforçando para conquistar o Seu amor e aprovação.  Não temos essa capacidade. Ele já nos ama INTEGRALMENTE. Numa medida que não pode ser aumentada ou diminuída. E nada vai mudar esse amor (Rm. 8). Não precisamos nos cansar tanto, sobrecarregar tanto, e nem mesmo nos culpar tanto por não termos mais do que nossas duas moedinhas para entregar. Ele nos ama independente disso. E o que Ele está realmente olhando é se o que entregamos reflete a condição de entrega do nosso coração. Se ela é total, não importa que sejam apenas nossas pequenas moedinhas... é a oferta perfeita e suficiente para Aquele que, dia a dia, escolhe nos amar.

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