terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Quaresma – Dia 14: Autoanálise



“Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão” (Lucas 6.42)

Poxa, fiquei muito feliz hoje, após fazer minha leitura bíblica e a reflexão dessa noite, por descobrir que o vídeo da Cidade Viva Pb estava falando exatamente sobre o mesmo assunto: a necessidade da autoanálise. Glórias a Deus!

O trecho bíblico sobre o qual eu gostaria de refletir hoje está em Lucas 6.39-49. É interessante que eu pensei, quando terminou o tópico “O juízo temerário é proibido”, de Lucas 6.37-38, que havia terminada a exposição de Jesus a respeito dos padrões dos fariseus e escribas, e a Sua oposição a eles, porque no versículo 39 Jesus começa a contar uma parábola, sobre o cego que guia outro cego. Porém, ao começar a ler, vi que Jesus continua falando sobre a mesma coisa: agora por meio de parábolas (do guia cego, da árvore e seus frutos e dos dois fundamentos), Jesus continua falando sobre os erros cometidos pelos fariseus e escribas, e tentando ensinar Seus discípulos a não os cometerem também. E o principal pecado que Jesus combate aqui é a HIPOCRISIA: um cego que, achando-se superior aos outros, guia outros cegos; uma árvore que não dá frutos; um homem que ouve os ensinos de Cristo mas não os pratica – e, seja o cego, a árvore sem frutos ou o conhecedor que não pratica, sentem-se no direito ou na posição de criticar os outros. E Jesus nos mostra que nosso caminho deve ser muito diferente: nosso esforço deve ser, primeiro, para criticar A NÓS MESMOS.

O texto começa falando sobre um homem que, mesmo tendo uma trave em seus olhos, está preocupado em tirar o argueiro do olho do outro. A versão King James coloca assim: “Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão e não percebes o tronco que está no teu próprio olho?” (v.41). Que diferença existe entre um CISCO e um TRONCO! Um grão de POEIRA e o TRONCO DE UMA ÁRVORE! Como é possível que alguém possa enxergar um cisco mas não enxergar um tronco? Não foi à toa que Jesus usou essa comparação. Ele queria falar de alguém que estava tão focado em olhar pra vida alheia, procurando os defeitos dos outros com tanto afinco, que foi capaz de enxergar o menor desvio do irmão; mas, tendo perdido tão completamente o hábito ou a capacidade de olhar e analisar sua própria vida, era capaz de ter um tronco inteiro em seus olhos sem percebê-lo. E esses eram os fariseus e escribas. Eles eram os guias cegos e os homens com o tronco nos olhos. Tão dedicados a julgar o cumprimento da lei pelos outros, que tornaram-se insensíveis ao pecado em suas próprias vidas, incapazes de se autoanalisar. E Jesus os chama de HIPÓCRITAS! Homens tão cheios de pecados, muito maiores do que os pecados do irmão, mas ainda assim incapazes de se autoavaliar e autocondenar, mas tão apressados em condenar o mínimo pecado do outro. E quantas vezes NÓS não temos sido assim? Como o Sérgio Queiroz diz no vídeo: tão apressados em julgar o outro e tão lentos em julgar a nós mesmos. Achamos inaceitável o pecado do nosso irmão, mas aceitamos com tanta facilidade nossos próprios pecados. Identificamos com tanta facilidade a área em que o outro está fraco e caindo, mas temos tanta dificuldade em identificar a área em que NÓS estamos fracos e caindo. E a ordem de Jesus é: SE AUTOANALISE! OLHE PARA SUA VIDA PRIMEIRO! JULGUE A SI MESMO ANTES DE JULGAR O OUTRO! E isso coloca um peso, uma responsabilidade enorme no fato de julgarmos alguém. Porque o que Jesus está dizendo é: antes de julgar o erro do seu irmão, CORRIJA O SEU! TIRE A TRAVE DO SEU PRÓPRIO OLHO ANTES DE QUERER TIRAR O CISCO DO OLHO DO SEU IRMÃO! “Retira, antes de tudo, a trave do teu olho e, só assim, verás com nitidez para tirar o cisco que está no olho de teu irmão” (v. 42b – BKJ). É muito interessante perceber que Jesus não estava condenando a tentativa do homem de tirar o cisco do olho do irmão. Não! Tanto que o texto termina dizendo “verás com nitidez para tirar o cisco que está no olho do teu irmão”. O cisco é para ser tirado. Esse esforço não é errado. O que Jesus está condenando aqui é o fato de que aquele que queria tirar o cisco do olho do outro não tinha cuidado NEM MESMO DO SEU PRÓPRIO OLHO! É a HIPOCRISIA de julgar o outro, enquanto você tem problemas muito maiores em sua própria vida que você ainda não se dedicou a resolver. E isso é muito sério! Jesus chama essas pessoas de HIPÓCRITAS – como os fariseus e escribas!

E o texto continua nos explicando COMO FAZER MINHA AUTOANÁLISE. Como eu devo me avaliar? E a resposta está nos versos 43 e 44a: “Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto”. E depois: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração” (v.45). E finalmente: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica [...] é semelhante a um homem que, edificando uma casa [...] lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente [...] não a pôde abalar, por ter sido bem construída. Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou...” (v.46-49)

Como nós devemos nos autoavaliar? Observando nossos FRUTOS! Não a beleza das folhas ou das flores. Não quão belos nós parecemos. Não o que aparentamos aos outros. Mas nossos FRUTOS! Qual tem sido o RESULTADO de nossas vidas? Qual tem sido o tesouro que temos tirado de nosso baú e oferecido às pessoas em nossa vida? O que tem saído de nossas bocas? Porque os frutos revelam a identidade da árvore; os tesouros que oferecemos revelam a condição do nosso baú; as palavras que saem de nossas bocas revelam a condição do nosso coração! É pelo que FAZEMOS que devemos nos autoanalisar – NÃO PELO QUE FALAMOS! De nada adianta chamar Jesus de Senhor, fazer lindas orações, como faziam os fariseus e os escribas, ter as palavras certas, se não FAZEMOS aquilo que falamos, se não VIVEMOS! De nada adianta OUVIR as palavras de Jesus, CONHECER Seus ensinos, ter a maior gama possível de conhecimento e estudos, se não PRATICAMOS tudo isso! De nada vale! Seremos considerados como o homem que construiu uma casa na areia, sem construir o alicerce, enganando-se a si mesmo, com uma linda casa, mas que será destruída pela enchente! Mas Jesus nos chama para o AUTOCONHECIMENTO, para uma vida consciente de que precisa de um alicerce firme, que resiste à enchente  - o JULGAMENTO DE DEUS – e esse alicerce é a PRÁTICA da Palavra, e não apenas o seu conhecimento.

Isso é tão sério! Que responsabilidade! Porque nós podemos enganar aos homens com nossas boas aparências e nossas palavras certinhas. Homens se satisfazem com aparências. Aliás, normalmente é somente com isso que eles estão preocupados. Nosso exterior. Mas, como Deus diz a Samuel em 1 Samuel 16.7: “Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque eu o rejeitei; porque o SENHOR não vê como o homem vê. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração”. Nós nos contentamos com a aparência. Nos deixamos convencer por ela. Olhamos para um pregador cheio de conhecimento da Palavra e com uma pregação maravilhosa e isso é o suficiente para o considerarmos um grande homem de Deus. Olhamos para alguém que realiza muitas atividades religiosas e exerce muitos cargos de confiança na igreja, e rapidamente nos convencemos do quanto aquela pessoa é espiritual. Mas Deus não julga assim, tão superficialmente. Ele olha além. Ele olha nosso coração – e o que provém dele para as nossas vidas. Não só as nossas vidas “eclesiásticas”, mas nossas 24 horas de vida. 7 dias na semana. Todos os dias do ano. A cada minuto. Que frutos temos dado em TODA A NOSSA VIDA? Que tesouros temos tirado de nosso baú? Quanto daquilo que ouvimos e falamos tem se tornado prática em nossas vidas? É muito mais profundo. É muito mais sério. É uma análise vital para qualquer seguidor do Cristo.


Que o Senhor nos dê o discernimento e a sabedoria espirituais para realizarmos nossa autoanálise. Que o Espírito Santo nos ajude a ser mais rígidos com nosso próprio pecado, a trata-lo como tratamos o pecado alheio, com o mesmo nível de julgamento. Que sejamos lentos em julgar aos outros e rápidos em julgar a nós mesmos. Porque, conforme fala o texto de ontem, de Lucas 6.38: “porque a medida que usares para medir o teu próximo, essa mesma será usada para vos medir” (BKJ). Deus nos ajude a enxergar o que há em nossos olhos – sejam troncos ou ciscos. Ele nos ajude a ver. A reconhecer que frutos temos dado em nossas vidas; que tesouros existem em nossos baús; o que está guardado em nossos corações. E, tendo identificado o fruto mau, o tesouro mau e as palavras más, Ele gere em nos verdadeiro arrependimento e nos conduza à transformação. Que Ele nos ensine a ser mais misericordiosos com os outros, e mais realistas em relação a nós mesmos. Menos orgulhosos. Ele nos quebrante. Ele nos humilhe. Para que Ele mesmo possa crescer em nós. Para que nossa vida seja aroma agradável às Suas narinas – e testemunho fiel de Sua Santidade a este mundo. Ele nos ajude. Amém.

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