“Ele, porém, se retirava para
lugares solitários e orava” (Lucas 5.16)
Eis uma coisa que eu tenho
dificuldade. Retirar-me. Parar. Como falei no post passado, eu realmente tenho
dificuldade de parar, desligar tudo e estar só. Estou sempre envolvida com tantas
coisas, tantos projetos, tantos planos e sonhos e atividades, sempre inventando
algo novo pra fazer, sempre me comprometendo com mais coisas do que dou conta.
E essa sou eu. E aí, leio este versículo. Jesus, o Messias, com a SUA missão,
retirando-se para a solidão.
O interessante desse trecho é
que, imediatamente antes dele, temos a descrição de como era a vida de Jesus: “Porém o que se dizia a seu respeito cada vez
mais se divulgava, e grandes multidões afluíam para o ouvirem e serem curadas
de suas enfermidades” (v.15). Imagino como era: multidões vindas de todas
as partes, todo tempo O cercando para que Ele também as curasse, ou para ouvir
o que Ele tinha a falar, ou para conseguir pão ou algum outro benefício. Mas o
fato é que, tendo ouvido falar de tudo o que Jesus andava fazendo, multidões
estavam todo tempo procurando pelo Mestre. E cuidar daquelas pessoas que
estavam perdidas como ovelhas sem pastor fazia parte de Sua missão. Uma missão
tão grande e tão pesada a cumprir. E Ele havia sido enviado “para evangelizar os pobres [...] proclamar
libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade
os oprimidos e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc. 4.18-19). Quanto
trabalho havia para ser feito, quantas coisas a realizar, quanta demanda,
interminável. Mas, no meio de todo aquele alvoroço e de toda aquela multidão
esperando para ser atendida pelo Mestre, Ele simplesmente “retirava-se para lugares solitários e orava”. Ah, como precisamos
aprender com Ele!
Como mencionei, rapidamente, no
primeiro post desse tempo de Quaresma, no primeiro dia de quaresma, li alguns
textos publicados por amigos a respeito do sentido desse período e de como
temos, enquanto evangélicos, negligenciado seu valor – tempo de contrição, de
reservar-se, de solidão, de silêncio e cinzas, tempo de reflexão no significado
da Páscoa, o sacrifício de Cristo para libertação de Seu povo, que está
chegando. E, depois de lê-los, minha linda Priscila Teixeira publicou um vídeo
convidando para devocionais diárias, por meio de vídeos, para estudar o livro
de Lucas durante esse período da Quaresma. E Deus falou comigo. Era exatamente
do que eu precisava. Poucos dias antes disso, eu conversava com uma amiga sobre
a dificuldade que eu tenho de reservar um tempo diariamente para minha vida
devocional – para meditar na Palavra, para orar, para estar com Deus. Essa, com
certeza, é minha maior dificuldade em minha vida espiritual. Eu estou sempre “ligada”,
e “desligar” das coisas desse mundo, da sua correria, para saber aproveitar o
valor da Palavra e da oração eram coisas tão difíceis. E isso sempre me doeu
tanto, sempre me frustrou tanto, porque eu sabia que não deveria ser assim e
que essa prática espiritual, do tempo a sós com Deus, era necessária para minha
saúde espiritual. Mas, mesmo assim, eu não conseguia. Cansaço, preguiça,
dificuldade de concentração, um amigo puxando assunto no bate-papo até de
madrugada, uma coisa pra resolver para o outro dia... e sempre ficava pra “amanhã”.
Então, esse convite para as devocionais de Quaresma eram exatamente o que eu
precisava. E resolvi aceitar.
Mas eu sabia que precisaria de estímulos,
de mais do que “vontade” para ser transformada e passar a VIVER meu tempo
devocional do jeito certo. E foi então que entendi que precisaria de duas
coisas mais nesse período especial de consagração: jejuar e escrever. Eu nem
sei a última vez que eu havia jejuado. Não tenho nem ideia. Mas, foram
pouquíssimas vezes em que jejuei. Até pedi ajuda a um pastor amigo meu para
tentar entender como devemos viver essa disciplina espiritual. Ele não me
respondeu, mas tô aqui tentando viver. E, no início, meu desejo de jejuar era
realmente por reconhecer que eu precisava (e preciso) de ajuda para me manter
fiel nesse propósito, para me consagrar de forma mais intensa e para tornar
esse tempo devocional uma prioridade em minha vida. Mas eu não tinha ideia
quantas outras coisas eu enxergaria como benefício do meu tempo de jejum. Acabei
descobrindo que um dos grandes problemas, ou uma das grandes desculpas, para eu
não ter meu tempo devocional (no período da noite, como gosto de fazer), era
chegar do trabalho “morta de fome e de cansaço”, ir direto atrás da janta, que
virava uma desculpa (juntamente com o cansaço) para sentar na frente da TV,
começar a assistir um filme que se prolongava até altas horas e, finalmente,
quando eu chegava no quarto, não havia energia para mais nada. As energias que
haviam sobrado, depois de um dia de trabalho, haviam sido gastas comendo e
vendo TV e, depois, só dormir. Então, além de jejuar (nesse período da noite),
resolvi também dar um tempo da TV (sem falar em desligar as redes sociais –
outro enorme problema – é claro!). E como isso tem dado certo! Nossa! Como tem
ficado cada vez mais claro pra mim quanto essas coisas eram impedimentos pra eu
investir em minha vida com Deus, pois eram prioridades no lugar do meu tempo
devocional.
E, além disso, escrever. Ah! Eu
acho que voltar a escrever foi uma das melhores coisas que me aconteceu
ultimamente. Todo esse tempo de Quaresma, com suas muitas experiências
devocionais, na verdade. Mas é um tempo que está MUITO atrelado ao meu retorno
ao MV. Fiz um compromisso com Deus, para esse tempo de Quaresma, de, todos os
dias, escrever alguma reflexão a respeito do meu tempo de leitura da Palavra. E
que diferença isso tem feito! Porque é uma cobrança de mim para mim mesma.
Preciso escrever e, se eu não escrever, eu não tenho como fingir que escrevi.
Se eu pular um dia, vai ficar faltando um texto, não vai dar pra esconder. Se
eu não ler a Bíblia, só eu vou saber. Mas, se eu não escrever, todo mundo que
acompanha o blog vai saber! Aí, nem que seja pelo meu orgulho, eu me cobro. E
como essa prática tem me abençoado! Eu não lembro há quanto tempo eu não tenho recebido
iluminação da Palavra e sido edificada por ela da forma que tem sido nesses 11
dias! Há quanto tempo eu não conseguia ouvir os ensinos de Deus em Sua Palavra.
Como se ela estivesse encoberta, calada. Eu tentava e tentava, mas não fluía. E
agora, aqui estou eu, aprendendo tantas coisas nas Sagradas Escrituras que nem
consigo mais acompanhar os vídeos-devocionais, porque eles têm pulado vários
trechos do evangelho de Lucas e eu quero poder analisar cada trecho e ver o que
Deus quer me ensinar ou lembrar em cada pedacinho. E tô começando a achar que,
do jeito que as coisas andam, 40 dias não serão suficientes para estudar todo o
livro de Lucas – ou eu vou precisar começar a escolher as ideias para
registrar! rs.
Que dias maravilhosos têm sido!
Que alegria em meu coração por ver Deus revivendo esse espaço, meu querido
Mulheres Virtuosas, meu cantinho onde Deus já me permitiu registrar tantas
coisas que Ele já fez em minha vida, e que eu achava que nunca mais voltaria a
ter vida novamente. E aqui estamos. Há tanto tempo eu não tinha inspiração – ou
qualquer outra coisa – para sentar e escrever. E que alegria meu coração sente,
todas as noites, quando pego meu computador para registrar esses pensamentos e
aprendizados que o Senhor tem colocado aqui. Que paz e consolo Ele tem me
trazido por meio de tudo isso. Num período de minha vida em que eu já estava quase
acostumada com nuvens e lutas que insistiam em permanecer e nublar minha
estrada, Deus, finalmente, tem me dado a Sua paz. E é aqui, na solidão do meu
quarto, apenas eu e Ele, no silêncio, na pausa, na calmaria que tudo isso tem
acontecido. Solidão necessária. Como eu precisava dela! Como eu precisava
reconhecer que preciso dela! Meus dias têm sido diferentes. Minha mente, meu
coração, meu espírito têm sentido isso. Quantas vezes tenho ouvido pregadores
falando sobre a importância desse tempo a sós com Deus, mas eu achava que dava
pra viver sem ele. E, quem sabe, todas as nuvens e lutas que Deus mandou nestes
últimos tempos, não tinham como propósito me encaminhar até aqui. Nesse exato
ponto da história. Me fazer perceber a insondável diferença que faz ter esse
tempo precioso de estar só com Ele em
cada dia da minha vida. E eu quero continuar aprendendo. Sei que ainda tô longe
demais do alvo. Apenas começando a engatinhar. E já está sendo tão bom. Mas
quero mais. Quero ser como Jesus. E, como Ele, saber retirar-me das multidões,
todos os dias, para meu lugar de solidão. Essa necessária solidão que me leva
pra mais perto do meu Pai. E que ela possa existir nas vidas de cada um de
vocês. E que sejamos cada dia mais parecidos com o nosso Mestre. Para glória de
nosso Senhor e o bem de nossas almas. Que seja assim. Amém e amém.
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