quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Quaresma – Dia 16: Chamados para ser agricultores



"O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram.
Parte dela caiu sobre pedras e, quando germinou, as plantas secaram, porque não havia umidade.
Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram com ela e sufocaram as plantas.
Outra ainda caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, a cem por um". Tendo dito isso, exclamou: "Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça! ".

"Este é o significado da parábola: A semente é a palavra de Deus.
As que caíram à beira do caminho são os que ouvem, e então vem o diabo e tira a palavra dos seus corações, para que não creiam e não sejam salvos.
As que caíram sobre as pedras são os que recebem a palavra com alegria quando a ouvem, mas não têm raiz. Crêem durante algum tempo, mas desistem na hora da provação.
As que caíram entre espinhos são os que ouvem, mas, ao seguirem seu caminho, são sufocados pelas preocupações, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não amadurecem.
Mas as que caíram em boa terra são os que, com coração bom e generoso, ouvem a palavra, a retêm e dão fruto, com perseverança".

(Lucas 8: 5-8, 11-15)

E se nós estivéssemos lá no caminho, e ajudássemos aquela semente que caiu à sua beirada a alcançar a terra profunda, onde as aves não a pudessem alcançar? E se estivéssemos lá ao lado daquele em cuja vida a semente foi lançada, intercedendo e colocando-nos na brecha para que o diabo não roubasse dele as Palavras de vida e salvação?

E se nós retirássemos as pedras e fôssemos os regadores que umedecem a terra, para que aquela semente não morresse pela sua secura? E se déssemos àquela terra as condições adequadas para possibilitar que a semente ali lançada criasse raízes? E se, na hora da provação, fossemos o braço e o abraço, o sustento, a palavra consoladora para aqueles em cuja vida as Palavras de vida e salvação foram lançadas, ajudando-os a crescer mesmo durante as provações?

E se arrancássemos os espinhos antes mesmo que aquela semente começasse a crescer, para que eles não a sufocassem? E se fôssemos aqueles que estariam ajudando aquele em cujo coração as Palavras de vida e salvação foram semeadas a compreender as vãs filosofias deste mundo e suas falsas promessas de felicidade, ensinando-lhe o caminho da verdadeira felicidade, caminhando com ele neste caminho, para que os cuidados, riquezas e prazeres deste mundo não lhe soassem tão atraentes assim?

O crescimento vem de Deus, é verdade (1 Coríntios 3.6). Mas nós podemos cuidar da terra e prepara-la para receber a semente. Podemos ser, como Paulo e Apolo, aqueles que plantam e regam. Os agricultores, que dão seu melhor para ajudar a terra a estar preparada para que as sementes lançadas sobre elas dêem muitos frutos. Ajudar a terra a chegar no nível de ser chamada de “boa terra”. Não, isso não garante que as sementes frutificarão. O frutificar é com Deus. Mas, ainda assim, somos chamados a cuidar da terra.

Cada um de nós já passou pelo momento em que o diabo veio roubar de nós as palavras enviadas por Deus aos nossos corações; em que as provações foram tão duras que o coração tornou-se seco e carente de água; em que os espinhos cresceram junto com nossa semente e os prazeres deste mundo atraíram nossos olhos, colocando em risco a vida das promessas de Deus para nós... e nós sabemos o quanto é duro enfrentar tudo isso sozinho. Como a solidão na caminhada cristã é dolorosa. Pela graça e misericórdia de Deus, nossas sementes não morreram, porque Ele intercedeu por nós. Porém, ainda assim, como desejamos ter tido o auxílio de irmãos na fé cuidadosos e amorosos ao nosso lado. Ou, quando os tivemos, como percebemos o valor de ter um verdadeiro irmão em Cristo combatendo esses combates conosco.

E nós também somos chamados a esta missão. Ser estas respostas aos nossos irmãos que sofrem, que estão fracos, que estão atraídos pelo brilho deste mundo, que estão passando por provações, que estão sendo atacados pelo inimigo... e nós somos aqueles que podem oferecer o ombro, os ouvidos, os conselhos, os consolos – mãos, pés, voz de Deus neste mundo. Talvez, mesmo sendo tudo isso, a semente não permaneça viva. Talvez não dê os resultados que gostaríamos que desse. O crescimento vem de Deus. Mas, ainda assim, devemos plantar e regar. Fazer nossa parte. Cuidar da terra – em amor.

Há tantos de nossos irmãos, ao redor deste mundo, lutando tão duras batalhas sozinhos. Irmãos e irmãs que conheceram verdadeiramente o Senhor Jesus, e que fazem parte da Igreja Perseguida de nossos dias – que desejam ter um companheiro de fé ao lado, que desejam aprender mais das Sagradas Escrituras, que desejam crescer na fé e no conhecimento do Filho de Deus. Homens e mulheres que tem sido abandonados por suas famílias, excluídos de suas comunidades, discriminados, perseguidos, maltratados, assassinados... pessoas que têm passado pelas mais intensas dores, por amor a Cristo – coisas que sequer podemos imaginar. E, sim, eles permanecerão fiéis, porque o Senhor que eles amam os sustentará. Mas, ainda assim, como lhes teria sido menos duro enfrentar isso ao lado de algum irmão na fé. Como teria sido menos duro NOS TER por perto. Saber que não estão sós. Ter a quem dar as mãos. Ter com quem compartilhar as lágrimas e os risos. Ter com quem andar. Sentir-se amado.

E se nós fôssemos essa resposta?


Chamados para ser agricultores. No mundo todo. Onde houver terra precisando de cuidados. Onde houver batalhas sendo enfrentadas. Onde houver dor. Onde houver solidão. Aonde o Senhor da Seara quiser nos enviar. E que Ele nos envie. Para a glória do Seu Nome e a salvação dos perdidos. Amém. Amém.


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