“E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam, e a glória do Senhor
brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor. O anjo, porém, lhes
disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será
para todo o povo.” (Lucas 2.9-10)
Nosso texto de reflexão de hoje
está em Lucas 2, versos 8 a 20, mas foram os versos 9 e 10 que começaram a despertar minha reflexão. Aqueles homens estavam recebendo A GRANDE BOA-NOVA, mas sua
primeira reação foi ficar “tomados de grande temor”. A versão King James diz
que eles “ficaram apavorados”. E isso me pegou de jeito. Quantas vezes, em
nossas vidas, também não é assim? Deus vem falar conosco, vem nos trazer Suas
boas-notícias grandiosas, mas, à primeira vista, o que fazemos é nos apavorar.
Ficamos cheios de medo.
Fico imaginando como foi para
aqueles pastores ver aquela cena: “um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam,
e a glória do Senhor brilhou ao redor deles”. E ainda era de noite! Estavam
eles ali, na vida pacata de tomar conta de suas ovelhas, durante a noite, e, de
repente, simplesmente aparece um anjo e A GLÓRIA DO SENHOR brilha ao redor
deles? Como assim? Eu, provavelmente, teria me apavorado também! Sei lá,
somos tão pequenos diante da grandeza de Deus, que presenciar Sua revelação
pode parecer motivo para nos enchermos de medo mesmo. Porém, basta uma segunda
olhada para percebermos que não há porque temer.
Lembro do texto que fala de
quando os discípulos estavam em alto mar, numa certa noite em que Jesus havia
ficado para trás para orar, e de repente Jesus vem encontra-los, andando sobre as águas.
E eles ficam apavorados, exatamente como nossos pastores, pois pensavam que era
um fantasma. E eles eram os discípulos que andavam com Jesus! Porém, passado
pouco tempo, eles olham de novo e percebem que eram o Seu Mestre, e percebem que
estavam presenciando uma revelação preciosa de Deus.
Às vezes, receber as revelações
de Deus, contempla-Lo, ser por Ele visitado em nossos dias pacatos, é algo que
pode gerar medo em nós. Ele é tão grande – e nós somos tão pequenos! Seus
sonhos são tão grandes, para pessoas tão pouco capazes como nós! Como poderia
ser que Ele estivesse se revelando a mim? Poderia ser que o Deus de Israel
quisesse se revelar ali, no meio do nada, a simples pastores que cuidavam de
suas ovelhas? Seria mesmo Ele? E, então, tememos. Porém, o que precisamos é apenas
dar mais uma olhada – e lembrar que esse Grandioso Deus é tão bom, tão cheio de
graça e de misericórdia que Ele ESCOLHE amar e se revelar a seres humanos como
nós. Não precisamos temer! Que coisa linda o que os anjos disseram aos
pastores: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria”! É uma
boa notícia o que Ele tem para nós – que trará grande alegria para todo o povo. Aleluia!
E o anjo continua: “é que hoje
vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos
servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada numa
manjedoura” (v. 11 e 12). E, para nós que já conhecemos a história, pode
parecer algo muito simples ouvir isso. Porém, nos coloquemos no lugar daqueles
pastores. Todo israelita era ensinado sobre a promessa que Deus fizera do Salvador
de Israel, o Messias. Foram séculos e séculos, geração após geração aguardando
aquela promessa se cumprir. É como hoje aguardamos o retorno do nosso Cristo.
Porém, segundo os teólogos cristãos costumam ensinar, o Messias que os judeus
esperavam era o Messias Rei, Poderoso, Revolucionário-Salvador. Então, o anjo
diz àqueles pastores que “o sinal” de que o Messias havia chegado era “uma
criança envolta em faixas e deitada em manjedoura”. Fico pensando em como isso
soou àqueles pastores. Como assim? Numa manjedoura? Ali, naquele fim de mundo,
uma criança deitada no local onde os animais comem? Esse era o Messias tão
esperado? Será que essa mensagem não pareceu tão louca
aos ouvidos daqueles homens, tão contrária às suas próprias expectativas e
crenças?
No entanto, eles creram. Contra
tudo que eles poderiam ter aprendido e esperado durante toda a sua vida,
aqueles pastores creram. E acredito que eles creram porque quando a voz de Deus
soa, não há como não reconhece-la. Ela é inconfundível. Aquele anjo, o brilho
da glória do Senhor, a multidão de anjos glorificando a Deus... era o Deus de Israel que estava falando! Não sei quanto tempo eles levaram pensando em tudo aquilo, para então crer. Mas, no fim,
eles sabiam. E acredito que é assim com a gente também. Tantas vezes, Deus nos
fala coisas que nos parecem tão loucas, tão contrárias a tudo o que esperávamos
ouvir, tão sem sentido, tão diferente do que achamos saber... e elas até podem gerar dúvida e medo em nossos
corações por um tempo, porém, no fim, nós sabemos quando é a voz do nosso
Pastor. Suas ovelhas conhecem a Sua voz. Ela é inconfundível. E é isso que nos
leva a crer. É nosso Pai falando, podemos confiar.
E, por fim, aqueles homem não
pararam simplesmente no “crer”. O crer exige uma resposta. “E, ausentando-se
deles os anjos para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos até Belém e
vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer. Foram apressadamente
e acharam Maria e José e a criança deitada na manjedoura” (v. 15 e 16). Eles
agiram conforme a sua fé. Eles foram atrás da promessa feita por Deus. E é o
que nós também precisamos fazer. Não apenas acreditar nas promessas que Deus
tem nos feito, mas nos mover em direção a elas. Às vezes, esse movimento
acontece em nossas mentes e corações – mudanças internas que Deus deseja gerar
em nós, em nossos sentimentos, em nossas motivações, em nossas fontes de
segurança, em nosso caráter, no mais íntimo de nós. Passos que não
necessariamente nos levarão a mudanças físicas, geográficas, palpáveis. Porém,
algumas vezes, o movimento que precisamos fazer é mesmo com nossos pés – para longe
de algo, para outro lugar, para uma nova missão, para o lugar que Ele nos
mostrará. Contudo, em qualquer que seja a situação, quando nosso Senhor falar
conosco e nos revelar Seus planos, caminhos, sonhos, precisamos CRER e também
IR. Partir na direção do que nosso Pai falar. E, então, há de cumprir-se em nós
o que se cumpriu nas vidas daqueles pastores: “Voltaram, então, os pastores
glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes
fora anunciado” (v.20). Que assim seja também em nossas vidas. Para a glória de
nosso Deus fiel, eternamente. Amém.
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