“Ao que replicou Simão: Mestre,
tendo trabalhado durante a noite toda, não pegamos nada...” (Lucas 5.5)
Eu gostei muitíssimo do vídeo
devocional do Dia 8, desse tempo de Quaresma da Cidade Viva Pb, sobre esse
texto da experiência da “pesca maravilhosa” de Simão com Jesus. “Diante de Deus
não há especialistas”. Eu me identifiquei tanto com ele. E me identifico muito
com Simão nessa história. O Simão pescador experiente que havia se esforçado
tanto para cumprir sua missão, sem êxito, e tudo o que Jesus faz a partir
disso. Eu sou tão assim. Me acho tão esperta, sempre bolando os planos
perfeitos para resolver todos os problemas e chegar em todas as soluções. Digo
que é minha personalidade “Cebolinha”. Mas, repetidamente, tenho visto todos os
meus “planos infalíveis” falindo. Tenho feito tudo “tão certinho”, tenho me
preparado, tenho me esforçado, tenho seguido todos os passos... mas não tem
dado certo. Tenho buscado me tornar uma mulher virtuosa, alguém que vá ser uma
boa esposa e mãe, uma boa administradora do lar, uma boa auxiliadora, tenho
estado nos ambientes certos, nas companhias de bons jovens cristãos, tentando
aproveitar as oportunidades para conhecer rapazes do coração de Deus, mas
continuo solteira. Tenho estado envolvida em tudo que é coisa que diz respeito
ao chamado ministerial transcultural, participado de conferências, recebido
convites para capacitação, lido coisas, ajudado em tudo que posso, procurado
fechar os ciclos abertos para estar disponível para o “ide” de Deus, mas
continuo aqui na minha Jerusalém. Tenho feito tudo que se deveria fazer para
que desse certo. Mas os peixes desapareceram. Foi o que aconteceu com Pedro. A
Nova Versão Internacional da Bíblia diz: “Mestre,
esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada”. Esse era Pedro. Essa sou
eu. A frustração de ver seus maiores esforços sem nenhum resultado.
E aí, a história continua, como
sabemos. Jesus havia falado para Pedro fazer o que ele tinha passado a noite
toda tentando fazer. E Pedro pode ter pensado: não vai adiantar, Mestre! Eu já
passei a noite inteira jogando essa rede aí e não veio nada! Fico imaginando
quão cansado e quão frustrado Pedro estaria naquele momento, depois de uma
noite inteira tentando pescar, sem resultado nenhum. E, no meio de seu cansaço
e de sua frustração, depois de Jesus ficar segurando o seu barco por um tempão,
para ficar conversando com a multidão que havia se aglomerado ali (v.3), Jesus
diz pra Pedro e seus companheiros jogarem a rede novamente. E é quando Pedro
fala a Ele sobre sua noite frustrante. Mas ele conclui: “Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”
(v.5b). Que coisa linda! Isso é fé. A fé que falávamos ontem. Provavelmente,
Pedro nem entendia porque Jesus estava dando aquela ordem. Não fazia nenhum
sentido. Talvez, ele nem acreditasse que aquilo daria certo. Mas, ele
acreditava em Jesus. Ele confiava no Mestre. E, por causa disso, por causa
dAquele que havia dado a ordem, ele obedeceria. Fé. E Pedro viveu o milagre da
pesca maravilhosa.
E haveria tanta coisa pra falar a
partir dessa história, além do que já foi falado. Contudo, é sobre os tempos de
frustração que eu gostaria de falar hoje. Quando Deus nos frustra. E foi Deus
quem frustrou a pesca de Pedro naquele dia. Pedro era pescador experiente, ele
sabia como e onde deveria pescar. Ele provavelmente fez as coisas certas, como
deveriam ser feitas para que a pesca desse certo. Foi Deus quem fez dar errado
naquela noite. E sabemos que foi porque não cai uma folha de uma árvore sem o
controle do Poderoso Deus, não é? Naquele dia, Deus escolheu frustrar os planos
de Pedro. E a parte bonita disso é que, por mais mau que pudesse parecer um
Deus escolhendo frustrar os planos de um filho Seu, havia um grande propósito
por trás daquela frustração. Deus queria que Pedro vivenciasse aquele milagre.
Jesus queria revelar-se a Pedro naquela noite. Mas, para isso, era necessário
que os planos de Pedro tivessem dado errado. Foi necessário que Pedro estivesse
cansado e frustrado naquele dia. Sem isso, não teria sido escrito que “à vista da pesca que fizeram, a admiração se
apoderou dele e de todos os seus companheiros” (v.9). E esta pesca
maravilhosa era apenas uma preparação para uma pesca ainda maior e melhor para
a qual Jesus convidaria Simão, logo após: “Então
Jesus disse a Simão: "Não tenha medo; de agora em diante você será
pescador de homens”” (v.10). E tudo isso só foi possível em função da
experiência frustrante de pesca daquele discípulo.
E nós precisamos lembrar disso.
Quantas vezes nossos esforços tem sido frustrados. Quantas vezes estamos
fazendo tudo certo, mas não alcançamos os resultados que gostaríamos. Damos
nosso melhor para ser os filhos perfeitos, mas nossos pais nunca estão
satisfeitos. Nos esforçamos para honrar nossos líderes e ajudar em nossas
igrejas, mas eles nunca estão satisfeitos conosco. Estudamos para alcançar um
sonho que Deus tem colocado em nosso coração, mas não passamos. Enfim. Temos
dado nosso melhor, mas não tem dado certo. E isso é tão cansativo. Isso é tão
duro, é tão decepcionante, é tão cheio de sofrimentos. Ficamos cansados, como
Pedro estava depois daquela noite inteira tentando fazer aquela pesca dar
certo. E é quando chegamos nesse estágio, em que não temos mais nada pra fazer
a não ser sentar na areia daquela praia onde estávamos jogando as nossas redes,
e parar, que Deus quer revelar-se a nós. Nossos recursos acabaram. Nossa
esperteza, nossa inteligência, nosso carisma, nossa força, nosso tudo. Não
temos mais o que fazer. E é nessa hora que Jesus se aproxima pra nos mostrar
Quem Ele é e nos permitir viver Seus milagres.
Eu tenho uma dificuldade muito
grande de parar. Simplesmente parar. Ficar sem fazer coisas. Quando não estou
fazendo planos e estipulando metas e traçando mapas e me esforçando para fazer cada
meta dar certo no tempo estipulado, me sinto perdida. Quase fracassando. Me
agonia. É tão estranho. Porque sinto minhas mãos vazias. Como eu posso
simplesmente não fazer nada? Mas tenho aprendido, pela força dessas frustrações
que Deus tem me concedido, que há “tempo
de estar calado e tempo de falar” (Eclesiastes 3.7b). Tempo de trabalhar e
tempo de deixar Deus trabalhar. Que, enquanto
todos os meus planos dão certo, sou convencida de que o sucesso dependeu de
minhas capacidades. Mas quando, apesar da minha falta de capacidades, vejo o
sucesso acontecer, então me lembro que é Deus quem faz a semente dar frutos. Marta
e Maria. Minha eterna batalha para aquietar essa Marta que há em mim. Sempre
tão atarefada, cheia de coisas para fazer para agradar ao Mestre. Enquanto há
momentos em que só o que devemos é sentar aos Seus pés para escutá-Lo. E é
interessante pensar que, antes de Jesus operar o milagre da pesca maravilhosa,
Ele entrou no barco de Pedro e falou à multidão. E Pedro precisou ficar ali,
parado, escutando-O. E só então, depois disso, o milagre aconteceu.
Haverá tempos de frustração em
nossas vidas. Frustrações enviadas por Deus. E glórias a Ele por elas! Porque
elas são manifestação de Sua graça e misericórdia, de Sua bondade para conosco.
Dos esforços de um Pai que quer revelar-Se a Seus filhos e, para isso, muitas
vezes precisa dizer Não. Mas seus “nãos” são cheios de amor. E, se tivermos os
olhos e corações atentos à voz do Seu Espírito, perceberemos que, por mais que
doa ouvir esses “nãos”, eles sempre vêm acompanhados das revelações do nosso
Pai. Que é nessas horas, quando fomos humilhados e forçados a perceber que não
somos suficientemente capazes, não somos suficientemente bons, não temos
qualidades suficientes e que não temos as condições necessárias para fazer o
plano dar certo, que o milagre pode ser experimentado por nós. Não há espaço
para dois comandantes em nossas vidas. Ou somos nós no controle, ou é nosso
Senhor. E que seja Ele. Que seja Ele! Que Ele nos tire do trono quando
quisermos toma-lo para nós. Que Ele nos humilhe quando começarmos a achar que
somos mais do que somos. Que Ele nos diga “Não”. Que Ele nos frustre. Mas que
Ele cresça e nós diminuamos. Porque somente assim poderemos viver a plenitude
de vida que Jesus veio nos oferecer. A partir daquela pesca desastrosa –
comandada por Pedro, Jesus o fez viver a pesca maravilhosa – comandada por
Jesus, e depois convidou aquele pobre homem pecador para tornar-se PESCADOR DE
VIDAS. Aleluia! Eu desejo todas as frustrações oriundas de Deus, se este for o
caminho para tornar-me aquilo que Ele deseja que eu seja. E que seja para a Sua
glória – e não a minha! Que Ele cresça. Para sempre. Amém.
3 comentários:
Gloria a Deus por essa publicação. Eu precisava ouvir isso!
Cada palavra. Obrigada. Que Deus viva e Reine em sua vida aline :)
Texto fantástico. Precisamos entender as quedas como fonte de santificação. Que cada vez mais possamos sentir a dor de Cristo. Que Deus te inunde de milagres e manifestações do Seu amor.Salve Maria!
Glória a Deus! Como fico feliz por saber que suas vidas puderam ser edificadas, Giselle e Ilca! Que o bom Deus continue a Sua obra em nossas vidas, até que ela esteja completa, para a glória do Seu Nome! O Espírito Santo de Cristo cuide de vocês, as guie e console em todo tempo! Estamos juntas! <3
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