Hoje tive a maravilhosa oportunidade de sentar à mesa com minha vó e ouvi-la contando histórias e histórias dela com meu avô e dos meus pais, e as tantas coisas que eles passaram para que estejamos hoje vivendo as coisas que estamos. E fiquei aqui pensando nos casamentos de antigamente e nos casamentos de hoje, e como antes os casamentos duravam tanto tempo e hoje se desfazem tão rapidamente. E refletindo sobre essa nossa geração que foi (é) tão protegida dos conflitos, tão poupada, tão mimada, tão acostumada a ter tudo com facilidade e a não precisar pagar o preço e sofrer pra conseguir seus objetivos... e na gerações passadas, que conseguiram tudo com tanta luta, batalhas e verdadeiras histórias de superação.
Como hoje, nessa teoria do "o que importa é ser feliz", todos dizem aos jovens que só devem casar quando a vida estiver totalmente estabilizada, quando não houver risco nenhum, quando já houver uma linda casa com 6 cômodos preparada para recebe-los, quando ambos já tiverem empregos estáveis e que paguem muito bem, enfim, quando todas as possibilidades de dificuldades houverem sido sanadas, os jovens se casam nessas condições mas, por nunca terem precisado construir nada juntos, sofrer pagando o preço juntos, dar o suor juntos, conquistar o sofrido pão de cada dia juntos, não aprenderam a ser uma equipe e, ao segundo ou terceiro sinal de dificuldade, pulam fora do barco.
Aí escuto histórias de casais que enfrentaram tantas dificuldades para construir sua primeira casinha, de madeira, num terreno afastado de tudo e sem nem ter vizinhos; que precisaram correr atrás de empregos, que primeiro foram temporários e depois foram estabilizando; que deram duro para criar os seus filhos, levando-os por longos períodos na garupa de uma bicicleta pra poderem estudar, costurando algumas folhas para que eles tivessem cadernos, reformando as roupas para que elas durassem mais um pouco, e precisando se privar de tantas coisas para que eles tivessem oportunidades... e ainda assim os filhos aprenderam a valorizar o pouco, a não reclamar, a correr atrás; e os pais aprenderam a enfrentar os temporais e descobriram esse jeito de relacionar-se por fidelidade e companheirismo. Descobriram-se uma equipe. E continuam até hoje.
E eu fico aqui, pensando e pensando, tentando entender essa época em que minha própria história está sendo construída, e como construi-la, no desejo de que ela possa se parecer mais com as que escuto meus pais e meus avós contarem do que com as que vejo ao meu redor. E tentando assimilar tantas lições quantas forem possíveis, pois um dia meus filhos estarão enfrentando seus próprios tempos, e como eu temo por como estes tempos hão de ser. Mas tenho esperanças. E espero poder estar preparada para vive-los e ajuda-los a viver. Que Deus me ajude. Que Deus nos ajude.
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