No mês das Mulheres, resolvi fazer algumas postagens especiais retomando
o tema que deu origem a este blog: a vida de Mulher Cristã. Foi por isso que
este blog foi criado, para tratarmos de assuntos relacionados a essa temática,
então é fácil de imaginar o quanto eu gosto desse assunto. E gosto dele por um
motivo bem específico: sou mulher. E sou cristã. Portanto, PRECISO descobrir
como ser uma Mulher Cristã, segundo a Palavra do meu Deus, e compreender tudo
aquilo que Deus deseja ensinar a respeito disso nas Sagradas Escrituras.
Semana passada, fui convidada para ir a uma igreja conduzir um estudo
sobre o Panorama da Mulher no Antigo Testamento, iniciando as comemorações
deles do mês da mulher. E foi muito bom. Porém, o estudo está estruturado em
tópicos, em forma de pregação, por isso ainda será necessário transforma-lo em
texto para compartilhar aqui no MV. Contudo, hoje eu gostaria de falar sobre a
segunda etapa do assunto: As Mulheres no Novo Testamento, exatamente porque
minha meditação foi interrompida, na semana passada e nesta, no contexto do
Antigo Testamento. Então, senti o desejo de continuar refletindo sobre o que o
Novo Testamento nos ensina sobre a figura da mulher e fazer esse registro
acerca das reflexões, antes que elas se percam (rs). E eu quero dividir essa
reflexão, esse estudo, em duas partes: as mulheres nos Evangelhos e as mulheres
nas cartas apostólicas. Hoje focaremos na primeira parte.
1) As mulheres nos evangelhos
Nessa parte, quero abordar três tópicos: combate ao preconceito;
anonimato e liderança masculina (porque, sinto muito, mas não dá pra falar de
mulher sem falar do homem, na Bíblia!).
a) Combate ao preconceito: no estudo sobre as mulheres no Antigo
Testamento, fiz questão de ressaltar (descreverei aqui em breve) que Deus
mostra o valor da mulher no Antigo Testamento sim! Muitos ainda têm reproduzido
a falsa verdade de que o Antigo Testamento denigre as mulheres, as menospreza,
as desvaloriza, que elas não tinham valor nenhum nos escritos do A.T. Mas isso
não é verdade. Ainda que vejamos muitas histórias difíceis de compreender em
relação à forma como as mulheres eram tratadas naquela cultura, também vemos
Deus protegendo as mulheres de muitas maneiras: colocando homens para cuidarem
delas e as protegerem do perigo e de outros homens mal intencionados (e aí
vemos pais – homens, e irmãos – homens defendendo a honra das mulheres a ponto
de matar pessoas; vemos muitas leis voltadas para a proteção da honra da
mulher, de sua pureza; vemos Deus mesmo cuidando de muitas mulheres); além de
colocar, como parte dos Sagrados Livros Judaicos, livros como os de Rute e
Ester, histórias cujos personagens centrais são mulheres, mesmo numa sociedade
patriarcal e considerada por muitos, hoje, como machista. Deus defendeu as
mulheres e deu espaço a elas sim. Porém, a liderança havia sido dada aos homens
e a lei, muitas vezes, dava brechas para más interpretações e conclusões
erradas a respeito das mulheres. E o pecado do ser humano se aproveitou disso
e, com o passar do tempo, tornou o chamado para liderança dos homens em um
ensino da superioridade do homem, e o chamado para auxiliadora da mulher em um
ensino da inferioridade da mulher. Então, na época de Jesus, como em muitas
outras épocas, como no próprio A.T., o pecado aproveitou-se da lei e das normas
sociais para excluir a mulher. E era assim na época de Jesus. Homens não
falavam com mulheres. Elas não podiam se dirigir aos homens em geral. Não
podiam ficar no mesmo lugar dos homens na sinagoga. Eram separadas, por serem
consideradas inferiores.
Aí aparece Jesus, e se achega a tantas mulheres. A samaritana, a
endemoninhada Maria Madalena, a mulher do fluxo de sangue, a pecadora que lhe
lavou os pés, as irmãs Marta e Maria que se tornaram Suas amigas, Joana, Suzana
e muitas outras. Jesus, homem, aproxima-se delas – e choca aquela sociedade. E
choca mais ainda quando muitas dessas mulheres, além de serem consideradas
indignas por aquela sociedade por serem mulheres, eram também pecadoras –
endemoninhadas, adúlteras, prostitutas, impuras. E Jesus mostra Sua missão de
quebrar paradigmas, de chocar aquela sociedade (e, muitas vezes, seus próprios
discípulos) e mostrar que o que eles achavam que a Lei estava ensinando estava
totalmente equivocado. Não era isso que o A.T. ensinava. E Jesus vem revelar o
verdadeiro significado da Lei. Ele vem cumprir a Lei. E a Lei também tinha o
propósito de mostrar quanto Deus valorizava a mulher, e por isso a queria
proteger – e não menosprezar. Porém, precisamos entender que Jesus não fez
isso, não se colocou como quebra de paradigmas, simplesmente porque eram
mulheres. Jesus fez isso com as crianças, fez isso com os gentios, com os
publicanos, com os cobradores de impostos, com leprosos, com pecadores de uma
forma geral... o ensino dessa aproximação de Jesus em direção às mulheres não
deve ser motivo para querermos “super-exaltar” a mulher, coloca-la numa posição
de superioridade. Não! Porque, diante de Deus, somos todos IGUAIS, como diz
Paulo em sua carta aos Gálatas: “Todos vocês
são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos
são um em Cristo Jesus.” (Gl. 3.26-28).
Portanto, o ensino que exalta o homem está errado, mas o ensino que exalta a
mulher também está errado! Diante de Deus, somos todos iguais. Não há homem nem
mulher. E foi isso o que Jesus veio ensinar. Ele vê a todos da mesma forma e é
assim que devemos ver.
b) Anonimato: Ah, eu confesso que adoro os relatos bíblicos mostrando como as
mulheres realizavam seus ministérios no anonimato, durante toda a Bíblia.
Porque eu acho o ministério anônimo, escondido, sem holofotes uma das maiores
provas de fé e de fidelidade a Deus. Porque é tão fácil dar nosso melhor quando
todos estão nos olhando, quando todos nos elogiam e admiram. Mas quando ninguém
está vendo nosso serviço sendo realizado, ou quando os seus frutos nunca serão
contemplados por grandes multidões, somente fé e total rendição a Deus podem
nos manter fiéis. E eu olho para os evangelhos e vejo as mulheres assim. A
Bíblia nos diz que havia muitas mulheres que seguiam a Jesus (Lucas 8.2-3;
Marcos 15:40-41; Mateus 27.55-56) e cita vários nomes. Só que, raramente, dá
mais informações a respeito delas do que seus nomes e algumas poucas
características, como com quem eram casadas ou que problemas haviam enfrentado
antes de conhecer Jesus. Não sabemos as suas histórias. Sabemos muito pouco
sobre como participavam do ministério de Jesus, exceto alguns exemplos, como
“Suzana e muitas outras, que o serviam com seus bens” (Lc.8.3).
Até mesmo Maria, a própria mãe de Jesus! Pare e procure o que se fala a
respeito de Maria, mãe de Jesus, após o início do ministério de Jesus, em toda
a Bíblia. Pouquíssima coisa se fala. E ela era A MÃE DO MESSIAS. Se havia uma
mulher, em toda a Bíblia, que poderia ter sido exaltada e colocada sobre destaque,
esta era Maria – como os católicos romanos procuraram fazer. Mas não é o que a
Palavra de Deus faz. Nem nos evangelhos, nem nas cartas apostólicas, Maria
aparece fazendo grandes coisas. Ela também estava contribuindo com o ministério
de Jesus nas sombras, no anonimato, como coadjuvante – e não protagonista – da
história.
c) Liderança masculina: outro ensino que perpassa toda a
Bíblia, iniciando na criação e no Éden, antes da queda. Deus chamou os homens
para serem os líderes, e as mulheres para serem suas auxiliadoras. E esse
ensino fica claro na vida de uma mulher mencionada nos Evangelhos – a mulher
cuja história mais conhecemos: Maria, a mãe de Jesus. Novamente, se havia uma
que poderia ter sido levantada por Deus para desconstruir a ideia de que a liderança
não foi dada aos homens, mas tanto a homens quanto a mulheres, a pessoa ideal
era Maria. Porque ela teve uma experiência sobrenatural incrível com Deus,
ficou grávida DO ESPÍRITO SANTO mesmo sendo virgem, e seu próprio cântico disse
que “todas as gerações a considerariam bem-aventurada” (Lc. 1.48). Era a
mulher ideal. Porém, Deus não fez isso. Havia um homem na vida de Maria, José.
Que nem era o pai “verdadeiro” de Jesus. Mas foi a ELE, e não a Maria, que Deus
deu a responsabilidade de cuidar daquela família. E vemos em todos os relatos
desde a saída de José e Maria de Nazaré para Belém da Judéia, a fuga para o
Egito, até o retorno do Egito, era com José que Deus falava e a Ele que Deus
dava as ordens a respeito do que aquela família deveria fazer. Era a José que
Deus falava em sonhos, dizendo que direção tomar. E Deus lhe dizia: “Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge
para o Egito” (Mt. 2.13), e “Dispõe-te,
toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel” (Lc.2.20). E José,
como líder daquela família, tomava sua mulher e seu filho e seguia as ordens de
Deus. Ele era o protetor daquela família – daquela mulher e daquela criança –
instituído por Deus.
E esse ensino também é visto quando Jesus, já crucificado, olhando para
sua mãe, viúva, e pensando em como ela ficaria após a sua morte, olha para
João, seu “discípulo amado” e diz: “Mulher,
eis aí o teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe” (João
19.26-27). Porque nenhuma mulher deveria ficar desamparada, sem o cuidado e a
proteção de um homem. Quem cuidaria de Maria depois da morte dele? Então Jesus
escolhe Seu discípulo amado, aquele que lhe era como um irmão, e lhe entrega os
cuidados de Sua mãe. Ele deveria, a partir daquele momento, cuidar de Maria
como se fosse a sua mãe. E, por outro lado, João também não ficaria
desamparado, mas contaria com os cuidados da mãe do Cristo como se ele mesmo
fosse filho dela. O chamado de Deus aos homens para cuidarem e protegerem as
mulheres, como líderes instituídos por Deus.
Outra questão interessante, agora já em Atos dos Apóstolos, mas ainda
usando o exemplo de Maria como mulher mais notável dos Evangelhos, é o fato de
que, quando o lugar de Judas entre os 12 apóstolos ficou vago, ao considerarem
sobre quem assumiria o cargo – aquele cargo de liderança diante dos muitos
discípulos que já seguiam a Jesus àquela altura (a Igreja de Cristo já formada
pelos que iam sendo salvos) – Pedro falou: “É necessário, pois, que, dos
homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós,
começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às
alturas, um destes se torne testemunha conosco de sua ressurreição” (Atos
1.21-22). Dentre os HOMENS que nos acompanharam todo o tempo. E não é que não
houvesse mulheres que tinham vivido todas essas coisas. Acabamos de ver que
havia muitas mulheres seguindo Jesus e testemunhando de todas as coisas que os
apóstolos testemunharam. Inclusive, quem primeiro viu Jesus ressurreto foram
mulheres. Elas não estavam em nada atrás das experiências vividas por aqueles
homens. Contudo, elas não foram cotadas para assumir o lugar de Judas. Se
usássemos a lógica, Maria seria a pessoa mais indicada, se não importasse para
Deus o fato da liderança da Igreja ser exercida por homens ou por mulheres. De
todos, ela era quem mais conhecia Jesus, afinal, O havia acompanhado durante
toda a vida. Mas nem mesmo ela foi cotada para o cargo. Porque Deus chamou para
exercer a liderança, também de Sua Igreja, aos homens.
No próximo texto, destacarei o que as cartas apostólicas nos ensinam a
respeito das Mulheres – o que reforçará ainda mais todos estes ensinos do Novo
Testamento sobre nós, mulheres.
E, não podendo deixar de aproveitar a oportunidade (quase atrasada):
Feliz Dia das Mulheres a todas nós! E que o Espírito Santo possa nos ensinar
como viver toda a plenitude e a alegria de nossa identidade feminina dada por
Deus! Que nossa feminilidade cristã seja compreendida e vivida com tanta
profundidade, gozo e fé que o mundo possa, por causa de nossas vidas, conhecer
mais ao Deus a Quem amamos e servimos e render GLÓRIAS A ELE ETERNAMENTE! Que
assim seja. Amém.
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