quarta-feira, 9 de março de 2016

Quaresma – Dia 26 – Uma oração que reflete uma vida



“Então, ele [Jesus] os ensinou: Quando orardes, dizei:
Pai
Santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino;
O pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia;
Perdoa-nos os nossos pecados,
Pois também nós perdoamos a todo o que nos deve;
E não nos deixes cair em tentação”
(Lucas 11.2-4)

Jesus ensina Seus discípulos a orarem. Mas, se olharmos mais de perto, Seu ensino não é apenas sobre o momento da oração. É sobre nossa vida. É sobre como cada um de Seus discípulos e seguidores, o que inclui a nós, deve viver. Porque a oração deve ser um reflexo de tudo aquilo em que cremos e em que baseamos a nossa vida diária. Portanto, assim nos ensina Jesus a viver:

- Reconhecendo em Deus o nosso Pai: relacionando-nos com Ele como filhos, que respeitam o seu pai, porém que também possuem por ele afeição, amor, carinho, sentimentos. E que são repreendidos e exortados por ele, mas também cuidados e abraçados. Uma relação íntima, duradoura, indestrutível. Uma relação muito superior a de um amigo ou de um servo com seu senhor. A relação entre um filho e o seu pai. O seu “papai”. Aquela relação de confiança que faz com que uma criança pule das alturas para os braços de seu pai quando ele chama. Aquela relação que faz com que uma criança corra para os braços do seu pai quando algum perigo a ameaça. Aquela relação que faz com que uma criança diga para aquele menino malvado que a está ameaçando: “Vou contar pro meu pai!”. Essa é a relação que somos chamados a ter com Deus. Intimidade. Proximidade. Afetividade. Confiança. Entrega. Amor.

- Revelando a Santidade de Deus: reconhecendo, constantemente, que Ele é Santo. Totalmente Santo. Não deixando que isso nos fuja à mente. Mas, principalmente, revelando, com as nossas vidas, a Santidade de nosso Pai. Que nosso viver diário possa mostrar ao mundo que somos filhos de um Deus que é Santo – e, por isso, também lutamos para nos tornar santos, para sermos como nosso Pai é. Que nossa luta por santidade possa revelar ao mundo que seguimos a um Deus completamente Santo. Que ela seja o maior ensino sobre a Santidade de Deus. E o maior motivo para que o mundo que nos cerca santifique o Nome do nosso Deus.

- Estabelecendo o reino de Deus nesta vida: que o reino dEle venha – através de nós. Que nosso andar neste mundo reflita o reino de Deus. Os valores do reino de Deus. As verdades do reino de Deus. Que, por onde quer que formos, o jeito de DEUS REINAR possa tornar-se real, vivo, palpável, por meio de nós. Que sejamos a imagem de como é viver no reino de Deus. Que mostremos ao mundo como o reino dEle é e há de ser. E que inauguremos o reino dEle hoje, aqui, todos os dias. Com nossas vidas. Com nossas decisões, motivações, ações, sentimentos, planos, sonhos, enfim. Que tudo o que somos possa ser reflexo de um reino que já se iniciou. Um novo jeito da vida funcionar. Controlado por um Santo, Maravilhoso, Gracioso, Amoroso, Justo Rei. E que, mesmo que ainda não esteja completo, já possui embaixadores espalhados pelo mundo inteiro, responsáveis por levar Seu jeito de funcionar para os quatro cantos desta terra. Nós. Estabelecedores do reino de Deus – aqui e agora.

- Vivendo de dia em dia: o pão nosso cotidiano, dado de dia em dia. A confiança na provisão diária de Deus. Confiança de que nosso Deus não nos abandonará. Ele nos suprirá as necessidades. Não todas de uma vez – mas de dia em dia. Assim, não ansiosos por saber como acontecerão todos os capítulos desta novela. Mas descansados em provar do cuidado diário de Deus. Satisfeitos em ver o Seu agir e provisão a cada dia. Não olhando para ontem, nem cheios de preocupação com o fim dos nossos dias. Mas vivendo um dia de cada vez. Pois confiamos em Quem cuida de nós. E que nossa vida possa refletir isso ao mundo. A confiança em um Deus que não esquece dos Seus e não os abandona – mas supre as suas necessidades, dia a dia.

- Reconhecendo-nos pecadores: todos os dias. Lembrar quem somos. Lembrar de nossas fraquezas, de nossos pecados, da maldade que habita em nós e do quanto somos necessitados da graça de Deus que perdoa os nossos pecados. Reconhecer que somos pecadores e que somos dependentes do favor dEle para viver. Que nossos méritos nunca serão suficientes. Que nossa bondade nunca será tão grande quanto deveria. Que não somos tão bons assim. Que não somos merecedores. Que tudo o que temos e somos de bom é fruto de graça – e não de conquista. E, assim, poderemos ser livres deste orgulho que tanto nos assedia. Humilhados, para que o Senhor possa nos exaltar, em Sua graça. Diminuindo, para que Ele cresça. Que nunca nos esqueçamos disso.

- Perdoando a todos os que nos devem: porque sabemos que nós não merecemos, mas nosso Pai nos trata com graça. Então, assim também nós trataremos os outros. Lembrando a forma como nosso Deus trata com nossos pecados, nós também trataremos aqueles que pecam contra nós. Porque nossa justiça não pode ser maior do que a de Deus. E se somos seus filhos, é como Ele vive que nós devemos viver. E se somos tão dependentes e tão devedores de Sua graça, Seus favores imerecidos dados a nós, não podemos tratar os que nos devem de forma diferente. Perdoamos porque fomos perdoados. Amamos porque fomos amados. E que nossa reação aos que nos devem, aos que pecam contra nós também possa refletir Quem é o nosso Deus.

- Lembrando das tentações que nos cercam: e que elas virão. Que elas nos acompanharão por todo o caminho. E que nós precisaremos de ajuda. A ajuda de nosso Pai. Não nos enganar, achando que porque tudo parece estar tão bem, podemos descansar e deixar de vigiar. Não. Permanecer atentos e vigilantes, porque seremos tentados. Várias e várias vezes. Cotidianamente. E podemos cair em nossas tentações. E precisamos da ajuda de Deus para que isso não aconteça. Precisamos estar próximos a Ele. Precisamos manter nossos olhos fixos nEle, nossos ouvidos atentos à Sua voz que nos alerta quando a tentação vem, prontos a enxergar Sua mão sendo estendida a nós e segurá-la. Mas, para tudo isso, precisamos estar perto dEle. Na hora da tentação, é a presença e a companhia de nosso Pai que poderá nos salvar. Mantenhamos-nos próximos a Ele.


E que nossa oração possa ser apenas um reflexo de nossa vida. Nunca duas coisas opostas. Nunca diferentes. Mas concordantes. Uma imagem da outra. Que nossas orações não sejam apenas palavras. Que nossa fé não seja apenas palavras. Que nossa fé e nossas orações sejam acompanhadas por nossa vida. Para que o mundo possa reconhecer – por meio do que falamos e por meio do que vivemos – Quem é o Deus a quem seguimos e pertencemos. E O glorifique. Assim possa ser. Amém.

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