"Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua" (Lucas 22.42)
Talvez as palavras que mais revelam a humanidade de Jesus. E que bonito ver que Deus, ao nos deixar Sua Palavra registrada, deseja expressar a perfeita humanidade de Jesus nesse momento tão primordial que é a véspera do cumprimento da Sua missão na terra - e do pagamento do preço a ela estipulado. Jesus não se faz de forte. Sim, desde o princípio Ele sabia que precisaria sofrer e morrer. Mas, quando o momento chega, o Jesus Homem sofre, tem medo, gostaria de ser poupado. E pede a ajuda do Pai. Pede pra não precisar passar por tanto sofrimento.
E isso é tão importante para nós, seres humanos chamados para imitar o Mestre. Porque nós também sabemos, por Sua Palavra deixada a nós, que sofrimentos e perseguições nos esperam. Sabemos que o caminho de Cristo é nosso caminho. Que a cruz que O esperava também nos espera. Contudo, muitas vezes, nos esquecemos que Ele, mesmo também sabendo que tudo isso O esperava, teve medo e quis ter outra opção. E aqui Ele nos ensina que não precisamos deixar de ser humanos para O seguir. Que Ele sabe como é duro passar pelas dores dessa vida, que dá medo, que é ruim. Ele sabe. E por isso não nos diz que é nosso dever "desejar" essas coisas. Não nos diz para pedir sofrimento e morte. Assim como Ele, o próprio Deus, pediu para ser poupado, tamanho o peso do que O esperava, Ele compreende quando também sentimos medo e queremos ser poupados.
E tudo isso me faz lembrar tanto de nossos irmãos perseguidos fisicamente pela fé. Quando vejo Jesus sendo açoitado, crucificado e morto, lembro de meus irmãos perseguidos pelo Estado Islâmico e tantos outros extremistas religiosos. E, podemos ter certeza: mesmo sabendo de todas as promessas que acompanham o sofrimento do salvo, viver o sofrimento é muito duro. Numa intensidade que a maioria de nós sequer imagina. A ponto de Jesus pedir que Seus discípulos orassem com Ele naquele momento de dor. E assim é com nossos irmãos. Dói. Muito. E pesa em nosso coração e espírito. E gostaríamos de ser poupados. Eles certamente gostariam. E Jesus sabe como é isso. E não nos condena.
Porém, Ele termina nos ensinando a fazer a maior oração de nossas vidas: "contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua". E esse é o grande ponto. Mesmo que tenhamos vontade de fugir, como Jesus parece ter tido, precisamos seguir o exemplo deste Jesus que também foi homem, como nós, e pedir a vontade de Deus ao invés da nossa. Por fé. Por confiança em nosso Pai. Por obediência. Não uma obediência oriunda do medo. Mas uma obediência oriunda de uma fidelidade baseada em confiança e Amor. Jesus conhecia o Seu Pai perfeitamente. E sabia que os planos e vontades dEle eram perfeitos. Por isso pediu por eles. E é isso o que nós precisamos lembrar também. Algumas vezes essas vontades irão doer muito, irão nos levar a uma cruz muito pesada - mas eles continuam sendo mais elevados que os nossos, e perfeitos.
Que possamos aprender com o exemplo do Jesus Homem. Que sofreu. Que teve medo. Mas que permaneceu fiel. Que confiou. Que teve fé. Porque o Seu Pai é o nosso Pai. E porque já conhecemos o fim da história - como Jesus já conhecia. E o verdadeiro amor lança fora todo medo. Vamos sofrer, vai doer, vai ser difícil - Jesus já predisse isso. Mas a conclusão será muito mais maravilhosa do que possamos imaginar. Nosso Pai é fiel e perfeito. Ele não nos abandonará. Podemos confiar nEle - e seguir os passos de Jesus, até o fim. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário