“Quando por alguém fores
convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar [...]. Pelo
contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar...” (Lucas 14.8a,
10a)
Totalmente diferente do que
fazemos. Nós queremos os primeiros lugares. O local de destaque. Queremos
aparecer na foto. Queremos ser vistos. Queremos que todos saibam que estamos
ali. Queremos ser os mais bonitos. Queremos elogios. Queremos privilégios.
Queremos ser o centro das atenções. Queremos o protagonismo...
O problema é que essa é a
matemática do mundo: para ser o primeiro, é preciso crescer; para ser o
primeiro, é preciso ultrapassar todo mundo; para ser o primeiro, é preciso
aparecer; pois, quanto mais você for visto, mais será reconhecido. Porém, a
matemática de Deus é diferente. É exatamente o oposto: quer ser o primeiro? Seja
o último; quer ser servido? Sirva; quer viver? Morra; quer ser salvo?
Entregue-se... Só que, entre estes dois raciocínios, facilmente somos
convencidos da lógica do primeiro e da falta de lógica do segundo – e escolhemos
errado. E isso acontece por causa de um pecado bem particular dentro de nós: o
orgulho. Eu realmente acho que ele é o pior pecado – porque tem tudo a ver com
nos acharmos deuses, e tomar o lugar do Único Deus.
Por isso é tão difícil falar da
submissão feminina em nossos dias. Porque aprendemos (e acreditamos) que só
somos valorizados à medida em que aparecemos, crescemos, estamos à frente dos
outros, protagonizamos, lideramos. Se não somos a figura central, então estamos
sendo desvalorizados – perdendo o nosso valor. Nós aprendemos isso, e
acreditamos nisso. Aprendemos que, se queremos viver, devemos lutar pela vida.
Mas Jesus ensina que precisamos morrer. Se queremos ser os primeiros, devemos
ir pro fim da fila – e só sair de lá se Aquele que nos convidou nos chamar. Se
queremos ser líderes, devemos atar a toalha à cintura e lavar os pés dos
demais, como Jesus fez. Servir ao invés de procurar ser servidos. Porém, dizer
pra alguém ser o último, ser servo, lavar pés, diminuir, nestes dias em que
vivemos, é tirar-lhe o valor, é chamar-lhe de inferior, é menospreza-lo. Porque
“se alguém tem valor, ele não estará servindo e sim sendo servido”. Mas essa
não é a lógica de Deus. Pois a lógica do mundo é egoísta e individualista. Mas
a lógica de Deus é altruísta – focada no amor genuíno. E o que ama serve, sem
perder, em nada, seu senso de identidade e de valor perante Deus. Porque Deus
diminuiu-se e serviu – e continuou sendo inteiramente Deus. Porque, perante
Deus, nosso valor não é determinado pelo papel que desempenhamos, e sim pelo
que somos – o que Ele diz que somos.
Mas assumir verdades como estas
para nossas vidas exige renúncia. Renunciar ao nosso orgulho, ao nosso ego, à
nossa vaidade, ao nosso desejo de ser o centro, à idolatria de nós mesmos. E
isso dói. Porque é tão bom ser reconhecido, enxergado, elogiado. É tão bom
estar à frente e ter seu nome mencionado. E é tão ruim quando trabalhamos tanto
mas ninguém nos vê. Ninguém sabe que fomos nós. Ninguém nos reconhece. É tão
ruim. Porque não é o que nossa carne quer. Lá no fundo, não é com a aprovação
de Deus que estamos realmente preocupados – é com a aprovação dos homens.
Contudo, Jesus termina esta história
dizendo àquelas pessoas: “Quando deres um jantar ou uma ceia, não
convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos
ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas
recompensado. Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os
coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que
recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos
justos” (Lc. 14.12-14). Ele estava nos ensinando: “Quando fizeres o que
quer que seja, não busque a aprovação e as recompensas das mãos dos homens.
Busque a aprovação e a recompensa das mãos de Deus. Pois somente uma tu poderás
receber. Se tua recompensa vem de homens, Deus não poderá recompensar-te. E
mais valiosas – muito mais valiosas – são as recompensas que tens para receber
na ressurreição dos justos do que todas as que podes receber aqui nesta vida”.
É isso. Que queiramos o primeiro
lugar diante de Deus, e não dos homens. Que queiramos crescer diante de Deus, e
não dos homens. Que queiramos viver diante de Deus, e não dos homens. E que
entendamos que, se assim desejamos, os caminhos a tomar serão opostos àqueles
que os homens nos propõem. É o último lugar que devemos buscar. É diminuir. É
morrer. Porque, somente assim, quando tivermos coração de servos, quando o
Senhor tiver nos limpado de nosso orgulho e nossa vaidade e presunção, Ele
poderá nos exaltar. Só assim poderemos ser os primeiros. Antes, somos chamados
a diminuir. E que este chamado não seja rejeitado por nós. Ele é o único
caminho para o verdadeiro crescimento.
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